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Wendel de Novais
Publicado em 8 de agosto de 2022 às 14:23
- Atualizado há 2 anos
Nesta segunda-feira (8), as ruas da região do Centro de Salvador voltaram a se encher de pessoas em um ato por Cristal Pacheco, 15 anos, adolescente morta na semana passada, e por segurança para a região. Diferente do primeiro protesto pelas mesmas demandas na última quarta-feira (3), quando dezenas familiares e pessoas próximas a adolescente se manifestaram, não só conhecidos da jovem compareceram. Centenas de pessoas encheram a caminhada que saiu da Avenida Sete, passou pela Carlos Gomes e terminou no Campo Grande.
Entre elas, moradores e trabalhadores da região, estudantes de dezenas escolas públicas e particulares da capital baiana e soteropolitanos que perderam entes queridos de forma parecida. Janete Santana, 54, perdeu o filho há quatro anos, também em um latrocínio. Ela quis afirma ter se compadecido da dor que os pais e a irmã de Cristal sentem no momento. Irmã, mãe e pai de Cristal ainda estão muito abalados (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) "Sei o que é ter um filho tirado dos braços assim. O meu foi cortar o cabelo, pegaram ele, levaram a moto e ainda o mataram com tiro. É uma dor que só a mãe pode saber, difícil de assimilar. Sei o que Sandra está passando e queria poder apoiar porque foi tudo o que precisei na época e fizeram por mim", afirma Janete.
Sérgio e Sandra, pais de Cristal, e a irmã, Fernanda, também estiveram no ato, mas não conversaram com a imprensa e optaram por não se pronunciar em público. Mãe e filha, que viram Cristal ser morta, estavam ainda muito abaladas e choraram diversas vezes durante a missa de sétimo dia realizada na capela do Colégio das Mercês, onde a adolescente estudava.
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Mais do que apoiar, quem perdeu pessoas próximas para a violência foi à caminhada também para pedir segurança e justiça, por Cristal e por todos. Erival Santana, 52, padrinho de Rodrigo Castro, 24, morto a tiros enquanto pedalava no Dique do Tororó, endossou o pedido por resoluções concreta para a área de segurança pública.
"A segurança está horrível e não deveria ser assim porque se trata de um direito de todo cidadão. É também um. dever do Estado, que cruzou os braços para nós. Estamos aqui representando todos que morrem dessa forma, como Cristal, Rodrigo e dona Maria de Lourdes", fala ele, citando também a idosa morta a tiro na semana passada enquanto fazia uma caminhada.
Mobilização estudantil
Para além dos moradores e trabalhadores da área, estudantes de colégios, públicos e particulares, da região foram ao ato pedir por ações de segurança que reduzam a sensação de medo na área. Dentro do protesto, foi possível identificar estudantes dos colégios estaduais Senhor do Bonfim, Central, Severino, Ipiranga e Teixeira de Freitas, como também alunos das seguintes escolas particulares: Sacramentinas, São Bento, Dois de Julho, Sartre COC e Colégio das Mercês.
Estudante do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, dos Barris, Raphael Barbosa, 18, disse que a presença de diversas escolas ali se deu pelo fato da insegurança na região afetar a todos. "Queremos justiça por Cristal e também respostas. A gente quer saber porque não tem policiamento nas ruas quando estamos indo e voltando da escola. É uma demanda geral de segurança para todos. Infelizmente, é muito normal saber de colegas assaltados e com medo de ir para aparecer nas aulas pela situação em que estamos", fala ele, que também é diretor dos grêmkos estudantis da área.
Fabrício Reis, 18, é estudante do Colégio Estadual Teixeira de Freitas, localizado próximo a Avenida Joana Angélica. Ele corrobora com a fala de Raphael sobre a sensação de insegurança e também pede soluções. "Eu já fui vítima de assalto com cinco caras de faca na mão. Conheço várias pessoas que passaram pelo mesmo. Por isso, não aguentamos mais e queremos segurança. Queremos nosso direito que é poder ir e vir, sem medo de ser assaltado e até morto, como aconteceu com ela. Que, pelo menos, essa tragédia sirva para a mudança nessa situação que é horrível para nós", completa.
A reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) para questionar a pasta sobre possíveis ações para reforçar a segurança no centro da cidade. No entanto, não recebeu uma resposta até o fechamento desta matéria.