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Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2021 às 12:02
- Atualizado há 2 anos
O cantor sertanejo John Lima liberou, no final da manhã desta segunda-feira (20), a ex-mulher, a técnica de enfermagem Flávia Souza Santos, 30 anos, que era mantida refém em uma casa no bairro de Sussuarana, em Salvador. Depois de quase quatro horas de negociação com a polícia, ele se rendeu. John usava uma faca para manter Flávia na casa e exigia R$ 8 mil para a liberação. O valor acabou não sendo pago: um pastor evangélico da confiança do músico o convenceu a liberar a refém. >
Por volta das 11h45, John e Flávia saíram de rostos cobertos e foram atendidos no local pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A multidão que acompanhava a negociação vaiou John e pediu que a polícia o entregasse aos populares. Os dois foram levados para a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), em Brotas.>
"Foi conflito em relacionamento que evoluiu para essa situação de cárcere. Desde o início eles brigaram durante a madrugada, então houve agressões mútuas, a casa está lá desarrumada, resultado justamente desse conflito entre os dois", disse o major Luciano Jorge, comandante da 48ª Companhia Independente (CIPM/Sussuarana). "Os dois estão abalados, mentalmente perturbados. Mas graças a Deus concluímos, estamos muito felizes em ter atingido esse objetivo, manter a integridade de todos", acrescentou.>
A polícia foi para o local após a mãe da vítima se dirigir até a sede da 48ª CIPM, que fica a poucos metros do local, e informar sobre a agressão que a filha sofria de um ex-companheiro. Imediatamente a casa foi isolada e os militares iniciaram a negociação. Maria Hilda foi quem chamou a polícia para ajudar a libertar a filha (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) De acordo com familiares, o cantor sertanejo já estava separado há cerca de 6 meses de Flávia. "Ele é um covarde, porque homem que bate em mulher é covarde. Ele já furou ela. Neste dia ela foi socorrida pelo padrinho ao HGE. E eles não estavam juntos", diz o pai de Flávia, Gerson Pereira Santos, 64.>
Por volta das 7h, Flávia ligou para a mãe, Maria Hilda de Souza, 65, pedindo socorro. Maria Hilda, que mora perto, foi até a casa. Ao chegar lá, já encontrou John mantendo Flávia como refém. Ele dizia que só sairia dali se recebesse R$ 8 mil - ele enviou, de São Paulo, R$ 10 mil para a ex, que comprou móveis e eletrodomésticos para a casa.>
Histórico de brigas Familiares contam que eles mantiveram uma relação de quase 10 anos, com várias idas e vindas, porque John era agressivo - a mãe de Flávia diz que ela chegou a registrar queixa contra ele na Deam. Há seis meses, o término definitivo aconteceu. John viajou para São Paulo para fazer shows. Flávia continuou em Salvador com os filhos.>
"Eles vivem brigando. Ele era muito ciumento. Ele também me ameaçava. Sempre exigia dinheiro e eu dava para ver a minha filha livre dele. Cheguei a comprar uma moto e antes mesmo de resolver a documentação, ele vendeu. Eu não sei a quem ele deve tanto assim. Pra ver a minha filha numa situação melhor, cheguei a pegar dinheiro com agiota pra dar pra ele", diz Maria Hilda.>
“Eles namoravam. Ele vinha aqui, ela ia para a casa dele. Ela ficava numa paixão cega por ele”, completou a mãe da vítima. (Foto: Reprodução) Aos parentes, John diz que chegou de madrugada e quis ir embora 1h, mas Flávia não deixou. Depois disso, ele descobriu no celular de Flávia conversas que ela teria com outro homem. Ele ligou para a pessoa das mensagens, que confirmou a relação com Flávia.>
A partir daí, ele começou a exigir o dinheiro de volta. Depois disso, passaram a noite brigando, inclusive com agressões físicas. Pela manhã, ele a impediu de sair de casa.>
"Eles brigavam constantemente. Eu mesmo já separei as brigas e uma delas já levei um murro dele. Ele me considera mais que os irmãos dele de sangue e foi por isso que, durante a negociação, ele pediu para eu descer, para falar com ele, mas a polícia não deixou", contou Hermes Agostinho, marido da prima de Flávia e irmão de consideração do cantor.>
O casal se conheceu durante os shows que John Lima fazia em Salvador. Flávia virou fã do artista e, com o tempo, os dois se aproximaram até virarem um casal. “Ela o conheceu em um dos shows que ele fez no Abaeté. Ele ia ver ele tocar todos os dias, era fã. Depois saiam juntos”, comentou a prima de Flávia, que prefere não dizer o nome.>
Ela lembra que as situações mais graves começaram quando o primeiro filho do casal nasceu. "Quando eles tiverem o primeiro filho, as brigas eram intensas, mas não passavam das ofensas. Mas depois da segunda criança, ele começou a agredi-la fisicamente várias vezes ao dia", contou a prima de Flávia.>
De dentro da casa, John manteve contato com parentes através de mensagens de celular. Ele pediu água e também solicitou a presença de um advogado, que chegou por volta das 11h15. >
"O advogado está aqui para garantir não só as garantias constitucionais do chamado sequestrador, mas também para garantir a integridade física da vítima", disse o defensor, Marcos Matos. "Devemos priorizar a integridade da vítima. Tanto de quem está causando a agressão, quanto de quem está sofrendo", destacou.>
Pastor negociador A decisão de John Lima se entregar, e deixar de lado a ideia de receber os R$ 8 mil, veio de um pastor evangélico que é próximo do artista. “O pastor estava lá desde cedo. A conversa com o pastor foi essencial para o fim de tudo. Ele (cantor) o admira, tem um respeito muito grande por ele. O pastor foi quem o convenceu que não havia mais jeito, e foi aí que ele exigiu um advogado para se entregar”, relatou o irmão de consideração Hermes Agostinho.>