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Após dois meses, idoso que matou homem no 2 de Julho segue solto

Família lamenta a impunidade e tenta lutar por justiça ao mesmo tempo que briga contra a dor

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 21 de outubro de 2021 às 21:01

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Já faz dois meses que o eletrotécnico Welbert Lopes, 33, se sente sozinho. E não consegue encontrar um novo refúgio. Viver se tornou uma obrigação, talvez até uma questão de honra: ele precisa apoiar sua família e lutar pelo legado deixado por seu melhor amigo e irmão, Welton Lopes Costa, 34, assassinado a tiros por um idoso de 98 anos identificado como Tzeu, que efetuou três disparos contra a vítima após uma discussão.

Welton era o segundo de três filhos criados por uma cabelereira que suou sangue para dar, sozinha, dignidade aos seus três rapazes. Com o fruto do seu trabalho, comprou um prédio no bairro do 2 De Julho, onde o crime aconteceu no dia 22 de Agosto. Por muito tempo, alugou algumas das casas que, depois que os filhos cresceram e criaram família, foram dadas a eles. Welbert relata que a família é muito unida e os irmãos costumavam fazer tudo juntos.

"Eu me sinto muito sozinho porque pra tudo era só eu e ele. Era um amigo pra hora toda, pro tempo todo. Meu irmão era meu parceiro pra tudo aqui. Ele que colava comigo pra tudo, a gente morava no mesmo prédio. Qualquer coisa que ele precisasse eu era o primeiro da lista. Tudo que eu precisava, era a primeira pessoa que ligava. Hoje, se eu precisar, ligo pra quem? Ele me faz uma grande falta", disse Welbert.  Welton era conhecido e muito querido no bairro do 2 de Julho (Foto: Divulgação) O assassinato do empresário Welton Lopes Costa, 34 anos, não foi a primeira vez que o autor dos disparos, um PM aposentado, apertou o gatilho contra moradores no Largo Dois de Julho. Apontado como um idoso violento, ele já atirou contra um policial que residia no bairro, pedintes e até ameaçou de morte crianças da região. A conduta reprovada por moradores e comerciantes lhe rendeu o apelido de Bin Laden, em referência a Osama bin Laden, fundador do grupo terrorista Al-Qaeda.

Procurada, a Polícia Civil afirmou que 3ª DH / BTS segue com as investigações. Cerca de 10 pessoas já prestaram depoimentos e outras diligências já foram realizadas. Os desdobramentos não estão sendo divulgados, considerando o sigilo necessário para a conclusão do inquérito policial.

Com o avanço das investigações, a família da vítima se une pelo sentimento de justiça, esperando que ele seja condenado e preso. “Ele destruiu nossa família, ele pegou o melhor de nós e tirou, matou sem nenhuma justificativa. Não tem como explicar o que ele fez, espero realmente que ele seja condenado e preso”, desabafa. “Tudo o que a gente faz no dia a dia lembra meu irmão, ele faz uma falta grande para todos nós.”

Moradores e comerciantes relataram que Tzeu agia com violência com quem mexia nas plantas e árvores da Praça Inocêncio Galvão, que fica em frente ao Edifício Isaura, onde mora com a família. “Da janela, ele atirou em pessoas para que não tocasse nas plantas. Outro dia, uma pessoa em situação de rua quase morreu porque tentou levar uma muda”, relatou um morador.

Segundo Welton, os filhos de Tzeu mandaram tirar o arame farpado que ficava em torno de uma mangueira. A proteção era para impedir que crianças não brincassem no local. Ele voltou a reclamar que a família do suposto assassino era conivente com as condutas, criando uma tragédia anunciada."Tudo isso era anunciado. Aconteceu por causa da irresponsabilidade dos filhos em deixar um pai sociopata andar armado. Agora ele destruiu sonhos, famílias. Eu não vou conseguir me recuperar. Por dentro eu estou destruído, uma parte de mim foi enterrada no Campo Santo. Só vou viver porque minha família precisa de mim vivo. Mas eu não tenho mais motivo", disse Welbert.Além da mulher, dois irmãos e a mãe, Welton deixou dois filhos órfãos - uma menina de 8 e um menino de 14, que não moram mais no Dois de Julho desde o episódio. O garoto presenciou o crime. Até hoje, sente falta de ar e não consegue frequentar o bairro onde cresceu porque se lembra de toda a tragédia que presenciou. O assassino de seu pai, segue solto. O CORREIO não conseguiu contato com a família, tampouco com a defesa de Tzeu até o fechamento da reportagem.