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Amigos e autoridades lamentam a morte de Jaime Sodré: 'Ícone cultural nacional'

Historiador, uma das principais referências no Brasil em História da Cultura Negra e Estudos das Religiões de Matriz Africana, morreu nesta quinta (6)

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  • Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 17:15

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Divulgação/Arquivo GOVBA

A morte do historiador e professor Jaime Sodré nesta, aos 73 anos, em Salvador, movimentou as redes sociais nesta quinta-feira (6). Referência nos estudos da História da Cultura Negra e Estudos das Religiões de Matriz Africana, Sodré ficou conhecido também por fazer denúncias na prática da intolerância religiosa.

Amigos e autoridades lamentaram a partida do intelectual baiano e destacaram a importância da sua contribuição para a cultura nacional. 

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), destacou o legado de Sodré. "Uma das principais referências no Brasil em História da Cultura Negra, o professor e historiador Jaime Sodré deixa uma obra muito importante para a compreensão de nossa identidade. Lamento muito a sua morte e desejo que Deus dê muita força a seus familiares e amigos", lamentou Neto nas redes sociais.Uma das principais referências no Brasil em História da Cultura Negra, o professor e historiador Jaime Sodré deixa uma obra muito importante para a compreensão de nossa identidade. Lamento muito a sua morte e desejo que Deus dê muita força a seus familiares e amigos.

— ACM Neto (@acmneto_) August 6, 2020O presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), Fernando Guerreiro, disse que o professor Jaime "sempre deu aulas de vida". "Com um conhecimento ancestral, levava tudo com uma leveza e generosidade que encantava. Não tenho mais palavras, só emoção de perder um grande amigo e conselheiro, gênio da raça", afirmou, em nota.

A deputada estadual Olívia Santana também comentou. "Acabo de receber a noticia da morte do professor e historiador, Jaime Sodré, meu amigo e ex-vizinho. Mais uma terrível perda para a luta antirracista e para todo o povo baiano. Momento de muita dor. Que ano difícil", escreveu ela, nas redes sociais.

Muito emocionada, a jornalista e doutora em antropologia Cleidiana Ramos contou ao CORREIO que considerava Sodré um pai. "O professor Jaime Sodré foi um dos grandes intelectuais que eu conheci. A nossa relação de fonte e repórter virou para uma grande amizade passei a considerá-lo um padrinho. Gentil, com uma sensibilidade inigualável para a arte, pois era compositor, artista plástico, escritor. Era xicarangoma, sacerdote músico, do Tanuri. Junsara e oloê, uma espécie de conselheiro do Bogum. Tinha um verdadeiro amor pela sua religião, o candomblé, e um ativista contra o racismo e a intolerância religiosa pela via da educação. É uma perda inigulável", lamentou.

Doutor em Sociologia (USP) e professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o professor Fábio Nogueira publicou uma homenagem ao educador: "Lamento a perda desse ícone cultural nacional, um verdadeiro acervo intelectual para nós. Meus sentimentos aos familiares e amigos".

Instituições A Universidade Federal da Bahia (Ufba), na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba) publicaram notas de pesar. Confira:Ufba A Universidade Federal da Bahia lamenta o falecimento do historiador, escritor, artista plástico e músico Jaime Sodré.

Graduado em desenho e plástica e mestre em teoria e história da arte pela Escola de Belas Artes da UFBA, Jaime Santana Sodré Pereira era professor do Instituto Federal da Bahia (Ifba, antigo Cefet-BA) e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).  

Pesquisador da herança rítmica, religiosa e cultural de matriz africana na sociedade brasileira, Jaime Sodré publicou diversos livros sobre a temática, dois dos quais pela Edufba: "Da diabolização à divinização: a criação do senso comum" (2010) e "A influência da religião afro-brasileira na obra escultórica de Mestre Didi" (2006), fruto de sua dissertação de mestrado. Foi ainda membro do comitê de ética da UFBA e colaborador de primeira hora do Centro de Estudos Afro-orientais (CEAO) e de diversos pesquisadores de nossa Universidade. 

Ligado à Comunidade Tradicional de Terreiro do Zoogodô Bogum Malê Rundô - o famoso Terreiro do Bogum -, Jaime Sodré foi um destacado defensor dos direitos dos terreiros de candomblé. Em sua obra, destacam-se o comprometimento e o engajamento pela afirmação das narrativas e trajetórias negras recorrentemente negligenciadas - razão pela qual Sodré foi agraciado com prêmios, como o troféu Caboclo da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (2005), e homenagens, como a medalha Zumbi dos Palmares, da Câmara Municipal de Salvador.

Enlutada, a Universidade Federal da Bahia solidariza-se aos familiares e amigos do grande intelectual e cidadão Jaime Sodré.Uneb A Reitoria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) expressa o seu profundo pesar pelo falecimento, na tarde de hoje (6), do professor Jaime Sodré, docente desta casa há 34 anos. O sepultamento será realizado amanhã (7), às 9h, no Cemitério Campo Santo, em cerimônia restrita aos familiares.

Também poeta, percussionista, escritor e artista plástico, Jaime Santana Sodré Pereira foi admitido pela UNEB em 1º de março de 1986. Na instituição, era vinculado ao Colegiado do Curso de Design, graduação com a qual contribuiu com muita dedicação para a construção e efetiva consolidação.

Graduado em Desenho e Plástica, pela Escola de Belas Artes da Ufba, era mestre em Teoria e História da Arte, pela mesma instituição, e possuidor do título de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEduC) da UNEB.

Dedicado às conexões entre design, arte, história e cultura, desenvolveu importantes estudos sobre a herança de matriz africana na sociedade brasileira e baiana. É autor dos livros “Da diabolização à divinização: a criação do senso comum” (2010); “A influência da religião afro-brasileira na obra escultórica do Mestre Didi” (2006); “Manuel Querino: herói da raça e classe” (2001); e “As histórias de Lokoirokotempo: o candomblé” (1995).

O docente foi também destacado ativista no combate ao racismo e à intolerância religiosa, tendo recebido prêmios e homenagens como o Troféu Caboclo, da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu, e a medalha Zumbi dos Palmares, da Câmara Municipal de Salvador.

Seu profissionalismo, inteligência e simpatia sempre foram destaque em sua atuação, assim como o cuidado com colegas e estudantes. A comunidade acadêmica desta instituição, consternada, deseja conforto aos familiares neste momento de dor.

Reitoria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)Ifba Com profundo pesar, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia comunica o falecimento do professor e historiador Jaime Santana Sodré nesta quinta-feira (6). Doutor em História da Cultura Negra, Jaime Sodré foi professor do IFBA (no antigo Cefet) e integrou o quadro docente da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). A perda do professor Jaime Sodré é uma página triste na história da Bahia e que consterna a todos(as) do IFBA. Enlutada, a comunidade do Instituto manifesta sua solidariedade a familiares e amigos do professor Jaime, que será sempre lembrado com a mesma deferência e admiração que inspirou ao longo de sua vida e trajetória como educador e pesquisador. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da BahiaAmigos e alunos Amiga de Jaime Sodré, a diretora baiana Fabiola Aquino publicou uma homenagem. "São dias tristes por sucessivas e dolorosas perdas de nossos importantíssimos griôs, intelectuais e pensadores negros que nos deram lastro e norte para melhor compreender o mundo repleto de contradições e coisas belas. Exemplos de uma luta que esta longe de cessar. Hoje partiu para o Orun Mestre Jaime Sodré, fonte de grande inspiração na tessitura da montagem de "Àkàrà no fogo da intolerância", um dos cantos digitais onde o nosso amigo Jaime viverá para sempre, entre nossos corações e os frames do documentário. Que sejamos capazes de honrar todo extenso e valoroso legado que construiu e avançarmos, JUNTOS, na luta pela cultura da paz promovendo o diálogo inter-religioso. Descanse em paz bom amigo", escreveu.

Jaime Sodré foi personagem no documentário “Àkàrà no fogo da intolerância”, lançado em junho/2020, que teve produção executiva de Fabiola.

Ex-repórter do CORREIO, a diretora e roteirista Julia Ferreira escreveu uma homenagem ao professor. "Conheci o querido Jaime Sodré há uns 15 anos, como repórter do jornal Correio*. Eu estava descobrindo a força do candomblé, e ficamos horas conversando sobre isso. Nos tornamos amigos imediatamente. Jaime tinha um lado místico muito forte, era um leitor de almas. Enxergava as pessoas por dentro. Com ele, aprendi a desenvolver e confiar na minha intuição. Acabei indo morar fora, mas seus ensinamentos permaneceram. Essa é uma perda inestimável para mim, para a Bahia, pois Jaime era um pensador brilhante. Triste! Mas certeza que onde ele está, está num bom lugar. Era uma alma linda", publicou nas redes sociais.

O governador Rui Costa (PT) também lamentou a grande perda e fez uma homenagem nas redes sociais. Confira.

Confira outras homenagens: