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Bruno Wendel
Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 18:23
- Atualizado há 2 anos
No Conjunto Residencial Coração de Maria, na Estrada das Pedreiras, amigos bebiam num bar quando bandidos iniciaram um arrastão na madrugada desta sexta-feira (22). Entre os moradores que tomavam uma cervejinha estava o ajudante de pedreiro Joveny Alves dos Santos, 50 anos. Ao contrário das demais vítimas, ele não teve nenhum pertence roubado, mas teve o seu maior bem levado embora: a vida. Ele foi assassinado com um tiro no peito ao tentar dominar um dos bandidos. "Ele reagiu porque todos que estavam ali com ele são pais de família, como ele era, todo mundo trabalhador. Ele foi para ajudar as pessoas. Foi para impedir o assalto e acabou morrendo", declarou a cunhada de Joveny, a autônoma Estefane Almeida de Souza, 25 anos, pouco antes de acompanhar a esposa do ajudante de pedreiro ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), na manhã desta sexta-feira (22). Elas foram levadas por policiais civis para dar mais informações sobre a vítima. Ajudante de pedreiro foi morto durante um assalto em um bar (Foto: Divulgação) A família de Joveny e os moradores da região contaram que os bandidos chegaram em um carro e uma moto, e que eles promoveram um arrastão nas localidades de Cetel e Casinhas antes de chegar ao Conjunto Residencial Coração de Maria, situado nas proximidades da Barragem de Ipitanga. Apesar dos relatos colhidos pelo CORREIO no local do crime, a Polícia Civil informou que a autoria e a motivação não estão definidas. Crime Mineiro da cidade da cidade de Paracatu, Joany chegou à Bahia ainda pequeno e morava no Conjunto Residencial Coração de Maria desde quando foi fundado, há quatro anos, pelo Governo Federal, através do programa Minha Casa Minha Vida. Como de costume, sempre que terminava o serviço, Joveny ia para o bar que fica dentro do conjunto para resenhar com os amigos. Na quinta-feira, ele chegou ao local por volta das 23h. “Ele adorava ficar lá. Trabalhava muito, o dia todo, e sempre dizia que a única distração dele era o bar, onde podia rir com os amigos”, disse Estefane. Pouco depois da meia noite, um motoqueiro passou em frente ao bar e depois deu a volta e foi até o final da rua. Pouco depois, retornou acompanhado de um carro de vidros escuros. Os dois veículos param logos após o bar.
“As pessoas que estavam lá na hora disseram que ninguém achou que eles iam assaltar. Acreditaram que eram policiais civis que costumam passar por aqui com carros de vidro fumê. Tanto que ninguém saiu para ver nada, pois todos eram trabalhadores e não tinham a temer, caso eles fossem policiais”, contou Estefane. A cunhada de Joveny disse que não sabe precisar quantos bandidos entraram no bar, mas que um deles ordenou que Joveny entregasse o celular. “Ele disse que não. Foi quando o ladrão deu uma coronhada e Joveny caiu no chão”, contou ela. Em seguida, o ladrão começou a recolher os celulares dos demais clientes do bar, ocasião em que o ajudante de pedreiro tentou tomar arma, pulando sobre o bandido. Os dois entram em luta corporal. “Aí o cara conseguiu se afastar e atirou bem perto dele, na direção do peito e fugiu com os demais”, lamentou ela. O ajudante de pedreiro chegou a ser socorrido até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Simões Filho, mas não resistiu. Segundo a Polícia Militar, policiais foram até a UPA, onde tomaram conhecimento do óbito. “Em seguida as guarnições da 22ª CIPM e 49ª CIPM (São Cristóvão), que também compareceu a UPA, colheram informações da testemunha a respeito dos supostos autores do crime e intensificaram rondas e buscas, mas ninguém foi preso”, diz nota da PM.Bar Na manhã desta sexta, agentes do DHPP estivaram no conjunto residencial por volta das 11h. No local, eles conversaram com moradores e parentes de Joveny, entre eles a esposa. Ela estava muito abalada e, por isso, não teve condições emocionais para falar sobre o assunto. Os agentes foram até o bar, mas o local está fechado desde o ocorrido e a proprietária não foi localizada. Joveny deixa oito filhos, frutos de três relacionamentos. Ele era conhecido por todos como uma pessoa prestativa. “Sempre que alguém precisava de alguma coisa, ele estava para ajudar. Dificilmente ele dizia não. Era para fazer um serviço sem cobrar, ajudar levar alguém ao médico, dar socorro, era uma pessoa que ninguém reclamava. Ontem (quinta) mais cedo, passei o dia todo rindo das histórias dele”, lembrou Estefane emocionada. Até o fechamento desta edição não havia informações sobre o sepultamento do ajudante de pedreiro.