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Do Bonfim à Ladeira da Fonte: tricolores fazem a festa como ninguém nas ruas de Salvador

Torcida do Bahia comemora em todos os cantos da cidade

Publicado em 29 de março de 2025 às 07:00

Torcida tricolor faz a festa com muita música em dias de jogos
Torcida tricolor faz a festa com muita música em dias de jogos Crédito: Catarina Brandão/ EC Bahia

Américo Simas, filho ilustre do Recôncavo, engenheiro de escol nascido em São Félix, dá nome ao túnel invadido pelos jogadores, diretores, funcionários e torcedores do Bahia após a conquista de mais um campeonato baiano dos anos 1970, façanha com registro à altura em “Década de Ouro”, livro do jornalista Elton Serra.

Objetivo da patota era descer para o nível do mar e sair em disparada, baía adentro, até à Colina Sagrada. Mais: talvez de forma inconsciente, a corrida tinha mesmo o propósito de festejar com a cidade, distribuindo e participando da alegria geral.

A correria começava um pouco antes, na Fonte Nova, depois do apito final do árbitro. Luiz Antônio Vieira, goleiro em cinco dos sete títulos seguidos daquela hegemonia, lembra bem: “A gente chegava no vestiário só de sunga porque todo o uniforme ficava no gramado, o torcedor queria camisa, meião, tudo. Não tinha volta olímpica, não tinha como”.

Então era só mesmo o tempo de colocar tênis, short, camisa para alguns e sair no trote leve, mesmo na sequência das decisões noturnas.

Vencido o túnel, cruzavam com o Moinho da Bahia e, no passo devido, logo atingiam o Forte da Lagartixa na região de Água de Meninos, onde se estendia exuberante a maior feira livre da Bahia, até ser consumida pelo fogo em setembro de 1964.

Tradicional comemoração em caso de título ou outros tipos de glórias levam inúmeros torcedores à Igreja do Bonfim
Tradicional comemoração em caso de título ou outros tipos de glórias levam inúmeros torcedores à Igreja do Bonfim Crédito: Antonio Saturnino/ Arquivo Correio

Àquela altura dos acontecimentos, a turba já seguia devagar e sempre. “O pessoal sabia e ficava aguardando nas portas das casas. A gente parava, bebia uma cervejinha e seguia em frente”, diz Luiz Antônio, técnico campeão baiano pelo tricolor em 1991.

Moradores da Lapinha, Soledade, Estrada da Rainha, Baixa de Quintas, Caixa D’água, do Barbalho, Lanat e do Santo Antônio desciam a Canto da Cruz e a Água Brusca para ver passar o cortejo cada vez maior, e ébrio.

Vida moderna, naquele tempo já contavam com a Calçada para o Bonfim, responsável por aterrar todo o charco da região que evitava a passagem de pedestres e conservava a devoção por procissão marítima.

Calçada se tornou nome de bairro e aproximou a velha cidade da igreja, Mansão da misericórdia, o destino e ápice das celebrações. “Todo mundo entrava nas casinhas brancas que hoje são lojas de produtos para turistas, tinha cerveja, uísque, salgadinho, uma recepção de ouro”, vai relembrando o ex-goleiro.

Depois da farra, o ônibus do clube, estrategicamente estacionado nas imediações, recebia os campeões para levá-los de volta ao estádio Octávio Mangabeira.

Mas sempre é preciso contemplar toda a Salvador. Aí, voltamos para o futuro quando o trecho de mar aberto da cidade abre caminhos para uma multidão e a passagem do trio elétrico com o time campeão brasileiro, do Aeroporto Dois de Julho ao Farol da Barra, no inesquecível fevereiro de 1989.

Primeira e segunda rótulas, Sereia de Itapuã, Casquinha de Siri, um Paes Mendonça, Sede Praia da Boca do Rio, Jardim de Alah, outro supermercado Paes Mendonça, Caneco e Travessia na Pituba. O povo atrás, cantando o hino, e festejando a segunda estrela.

E enquanto a terceira não chega, o torcedor vai comemorando mais timidamente, nos restaurantes, nos bares do Imbuí, nas casas de amigos, no isopor e churrasquinho da Ladeira da Fonte, na lambreta da Mouraria, na asinha de frango da Saúde, no treiler do VQT, nas embaixadas espalhadas pelo mundo, de Ilhéus a Montreal, ou simplesmente nas redes sociais, criando memes e inventando histórias com a inteligência artificial.

Mas espera-se mesmo um novo encontro com ela, a acolhedora e festeira senhora, aniversariante do dia, 476 anos, também ansiosa para ver de novo a torcida do Bahia tomar ruas e avenidas, colorindo tudo de azul, vermelho e branco.

O projeto Aniversário de Salvador é uma realização do Jornal CORREIO, com patrocínio da Drogaria São Paulo, do Salvador Bahia Airport, apoio do Salvador Shopping e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.