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Conheça a rua de Salvador que é um verdadeiro paraíso para os festeiros

Se existe um lugar onde a festa começa antes mesmo de acontecer, é na Rua do Paraíso, em Nazaré

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 30 de março de 2025 às 06:00

Rua do Paraíso
Rua do Paraíso é dedicada  a artigos de celebração Crédito: Marina Silva/CORREIO

Se existe um lugar onde a festa começa antes mesmo de acontecer, é na Rua do Paraíso, em Nazaré. Com dezenas de metros dedicados exclusivamente a artigos de celebração, esse é o endereço certo para quem busca balões, fantasias, adereços e tudo o que uma festa precisa para ser inesquecível. Mas, afinal, como essa rua se tornou o epicentro do comércio festivo em Salvador? O consenso entre os comerciantes aponta que tudo começou com Valter Elsuffi, fundador do Bazar do Valter, situado na descida para a Barroquinha.

Valter morava na Rua do Paraíso, no final da década de 1980, quando decidiu abrir um estabelecimento comercial perto de casa. Inicialmente, o local funcionou como bomboniere e levava o nome de Bomboniere do Valter. Além dos bombons, o comerciante vendia cigarros e cartões telefônicos para orelhões. Anos depois, começou a vender bacias, baldes e outras utilidades domésticas. Daí, o nome Bazar do Valter, que nomeia a loja até hoje. O comerciante começou a implementar artigos de de festas após a chegada da Le Biscuit (hoje desativada), em 1994. Quem conta a história é o filho de Valter, Alex Elsuffi, 51 anos, que administra a loja do pai há 15.

“Juntou o Bazar do Valter, com a bomboniere e as utilidades domésticas, e a Le Biscuit, com utilidades domésticas também e aviamentos. A Le Biscuit, no entanto, era mais voltada para armarinho”, conta. Com o tempo, outras lojas foram inauguradas na rua. “Seu Valter começou a entender que os mercados estavam vendendo os baldes e as banheiras. Quando começou a perder clientela, pensou em abrir para festas”, complementa. Em 1996, Valter transformou o local em um estabelecimento comercial exclusivo de itens festivos.

A partir de então, a rua, que antes era mais residencial, foi ganhando as caras de um centro comercial para festas, com a força do antigo Terminal da Barroquinha, que atraía clientes ao local. Outra coisa que ajudava a expansão do comércio na rua era o número de colégios da região, segundo Alex. O Colégio Central da Bahia, situado na Rua Francisco Ferraro, era um deles. A unidade escolar ainda está funcionamento, mas com um número reduzido de alunos. “Hoje já não tem tanto aluno, parece”, diz Alex.

Para Alexnaldo Ramos, 49 anos, gerente do Supermercado da Festa, que funciona no antigo prédio da Le Biscuit, a quantidade de artigos à disposição do cliente garantiu o título de Rua das Festas, incluindo especificidades, tais como ‘bolos fakes’ (feitos apenas para decorar, que não são comestíveis). “Todas as lojas têm foco em artigos de aniversário. Então, é capaz de encontrar itens parecidos, mas tem coisas específicas de algumas lojas”, conta. No Supermercado da Festa, aliás, o setor de floricultura artificial tem se destacado nos últimos meses.

A Rua do Paraíso é tão famosa que atrai clientes de outras cidades. Caso da nail designer Janaína da Silva, 35, que saiu do município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS) para fazer compras na Rua do Paraíso. “A gente pesquisou na internet e achou que seria mais em conta vir para cá. Sem contar com o fato de pegar (o produto), ver a qualidade. E realmente é mais em conta. Na internet é ok, mas ainda tem a questão do frete”, diz. Observar as diversas possibilidades é outro ponto destacado por Janaína. “O fato de pesquisar conta muito. A gente começou lá embaixo e subiu pesquisando”, conta.

A confeiteira Débora Nery, 34, diz que ir à Rua do Paraíso é viver realmente a essência de fazer a festa. "A gente vê, toca, consegue ter milhões de opções. Apesar de que a internet facilita muita coisa, mas você vendo, você amplia seus horizontes, você amplia sua percepção”, relata. A tradição de comprar os artigos festivos no centro é de família. “Desde que eu comecei a fazer essa coisa de fazer festinha mesmo em casa de família, com 17, 18 anos, eu já frequentava. Eu acho que herdei muito essa questão de criatividade, de decoração, essas coisas, das minhas tias”, diz.

Crise

Com a pandemia da covid-19, o comércio festivo da Rua do Paraíso enfraqueceu. Alex Elsuffi conta que o faturamento mensal caiu 30% em comparação ao período que antecede a emergência sanitária. Para ele, a crise antecipou a extensão do comércio digital. “Com a pandemia, as vendas digitais foram adiantadas. Sofremos muito com isso”, diz. A disputa com o mercado digital, aliás, é um dos principais desafios do comércio de rua do centro.

“Quando eu compro pelo celular, o controle é maior. Eu vou comprar aquilo que eu realmente necessito”, pontua Elsuffi. Ir à loja física, segundo o comerciante, abre o leque de possibilidades para o consumidor. Por isso, os clientes tendem a pensar que é mais econômico realizar as compras online. “Na loja física, a pessoa compra mais do que imaginava comprar porque o que você vê, você deseja”, diz.

Por outro lado, há quem prefira fugir à regra. “Eu vim com uma lista pronta do que eu iria comprar e, quando chego aqui, acabo vendo outras coisas, mudando um pouco o contexto do que eu iria fazer, porque eu acabo vendo mais opções, coisas mais bonitas que muitas vezes a gente nem encontra na internet também”, pontua.

Proprietário da Quatro Estações, situada em uma das transversais, Carlos Brito diz que metade do faturamento caiu com a pandemia. “Antes da pandemia, você chegava aqui e estava parecendo Carnaval todo dia. Há datas, inclusive, que vendíamos muito, como o Dia das Mães. Hoje já é mais assim”, diz Carlos. Agora, o comércio sobrevive por causa dos picos de vendas em quatro momentos específicos do ano: Carnaval, Halloween, São João e final de ano (Natal e Réveillon).

Neide Oliveira, que é vendedora na Alicia Festa há seis, conta que as vendas nesses períodos crescem 80% em comparação aos meses comuns, como abril e maio. “Se a gente vende em um dia R$ 1 mil por dia, esse valor para R$ 1,8 mil. Para quem trabalha com fantasia, vende muito”, relata. A vendedora ressalta que a dona da loja já pensou em deixar o ponto devido à crise. “A gente vive de época. Não temos mais aquela demanda de vendas”, disse. Pelo menos duas lojas da Rua do Paraíso estão com placas de ‘Passo o Ponto’. Comerciantes garantem que é devido à crise.

Alternativas

Para sobreviver às mudanças causadas pela pandemia, os comerciantes adotam estratégias que variam entre a ‘pechincha’ com os fornecedores e apelo ao poder público. No segundo caso, uma ideia surgiu entre os comerciantes do local: renomear oficialmente a Rua do Paraíso como Rua das Festas. “A partir disso, é um convencimento para a transformação. Queremos levantar o número de lojas e funcionários que temos para justamente cair na mídia e começar a falar mais sobre a Rua das Festas”, conta.

O projeto, segundo Elsuffi, será apresentado a um vereador da cidade. Para mudar o nome de uma rua, a ideia deve ser protocolada como um projeto de lei na Câmara Municipal de Salvador para ser votada entre os vereadores e sancionada pelo prefeito.

O projeto Aniversário de Salvador é uma realização do jornal Correio, com patrocínio da Drogaria São Paulo, do Salvador Bahia Airport, apoio do Salvador Shopping e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.