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Como o espírito festivo de Salvador e Ivete Sangalo fizeram o Brasil ser pentacampeão

Colunista André Uzêda relembra essa tradição

  • Foto do(a) author(a) André Uzeda
  • André Uzeda

Publicado em 30 de março de 2025 às 07:00

Olodum sempre manda boas energias para a Seleção Brasileira
Olodum sempre manda boas energias para a Seleção Brasileira Crédito: Arisson marinho/Arquivo Correio

Depois da goleada de 4x1 que a Seleção Brasileira sofreu para a Argentina, em Buenos Aires, só o espírito festivo de Salvador pode garantir a conquista da Copa do Mundo, ano que vem. É preciso admitir, de antemão, que não temos a melhor safra de atletas, muito menos um treinador experiente e, para completar, patinamos com uma CBF desorganizada e mal-gerida.

Ou seja, o jeito é apelar para nossos excelentes compositores, únicos capazes de produzir um hit que contagie o vestiário na caminhada rumo ao Hexa. Em 2002, ano da nossa última conquista mundial, a Família Scolari foi embalada pela música ‘Festa’, lançada por Ivete Sangalo sete meses antes da Copa, em novembro de 2001.

Composta por Anderson Cunha e com arranjos do genial Letieres Leite (1959-2021), a canção foi um sucesso arrasa-quarteirão, quebrando recorde de vendas de DVD e catapultando Ivete para uma carreira nacional consolidada.

Em inúmeras entrevistas anos após a vitória na final sobre a Alemanha, por 2x0, tanto o técnico Luiz Felipe Scolari quanto os jogadores admitiram que ‘Festa’ foi um dos hinos daquela jornada, disputada em gramados japoneses e sul-coreanos.

Antes das partidas – e mesmo após as vitórias – ela era tocada nos vestiários às alturas, seguida por ‘Deixa a vida me levar’, de Zeca Pagodinho.

Vale lembrar que aquela Seleção, mesmo com o trio Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, iniciou o Mundial completamente desacreditada, após uma fraca campanha nas Eliminatórias (classificou no último jogo, contra a Venezuela) e a pífia eliminação na Copa América (perdeu para Honduras), em 2001.

Foi somente durante a própria Copa que o time embalou, terminando por vencer os sete jogos que fez, além de contar com o artilheiro da competição (Ronaldo Fenômeno, com 8 gols).

Curiosamente, naquele elenco do penta havia quatro baianos, que ajudaram na disseminação do hit ‘Festa’ entre os demais: Vampeta (de Nazaré das Farinhas), Edílson (do bairro da Federação, em Salvador), Júnior Nagata (de Santo Antônio de Jesus) e Dida (de Irará).

A campanha da quinta estrela também seria marcada pelas apresentações que o Olodum faria no Pelourinho, antes dos jogos. Supersticioso, Galvão Bueno, então narrador da TV Globo, passou a chamar a banda percussiva antes de cada confronto para dar sorte, consolidando uma tradição que perdura até hoje, a cada nova Copa do Mundo.

Espírito festivo de Salvador

A música ‘Festa’ é acompanhada por sopros e percussão, mas com uma forte batida de funk dos anos 2000 – provando a capacidade da Axé Music de beber em diferentes fontes artísticas.

A letra celebra o espírito festivo de Salvador, com especial menção às culturas afro-brasileiras, tão acostumadas à exaltação e comemorações em ocasiões especiais. Em várias estrofes há menções ao “gueto”, ao “candomblé” e à “mãe preta”.

O arranjo de ‘Festa’ ainda guarda um outro segredo, que soa familiar para muitos ouvintes, embora não consigam explicar exatamente a razão disso. A sequência harmônica é exatamente a mesma de ‘Twist And Shout’, música cantada pelos Beatles em seu primeiro álbum lançado no Reino Unido, o ‘Please, Please Me’, de 1963.

Vinte e três anos depois de ser cantada pelos garotos de Liverpool, a canção ‘Twist and Shout’ alcançou novas gerações, ao figurar na trilha sonora de um clássico da Sessão da Tarde, dos anos 1980 — o filme adolescente ‘Curtindo a Vida Adoidado’, estrelado por Matthew Broderick.

“Não se trata de um plágio. Mas, sim, de uma homenagem, a partir de uma referência direta. A música ‘Festa’ consegue reproduzir a mesma sequência harmônica de ‘Twist And Shout’, de forma propositada”, explicou-me, há alguns anos, o compositor e pesquisador mineiro Tom Tavares.

Tavares também citou que a própria ‘Twist And Shout’ copia a sequência harmônica de ‘La Bamba’, canção mexicana que era executada por Ritchie Valens, músico que morreu em um trágico acidente aéreo, em 1959.

Faltando pouco mais de um ano para a Copa de 2026, é muito difícil que a Seleção Brasileira encontre um padrão tático capaz de vencer franceses, espanhóis, ingleses e argentinos, nossos principais concorrentes.

A saída emergencial é apostar em novas composições que embalem atletas e torcedores, aproveitando a ginga soteropolitana como combustível para o possível Hexa.

Avisou, avisou, avisou…

Esta coluna é dedicada a meu pai, Jorge, com quem assisti aquela Copa de 2002, muitas vezes varando a madrugada.

O projeto Aniversário de Salvador é uma realização do Jornal CORREIO, com patrocínio da Drogaria São Paulo, do Salvador Bahia Airport, apoio do Salvador Shopping e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.