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Quanto custa o mercado da alegria? Festas e eventos movimentam bilhões na economia de Salvador

Os eventos de entretenimento substituem a indústria numa cidade sem chaminés

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 29 de março de 2025 às 16:00

As festas - sejam públicas ou privadas - criam uma estrutura de geração de renda, de forma direta ou indireta
As festas - sejam públicas ou privadas - criam uma estrutura de geração de renda, de forma direta ou indireta Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

“Ain, mas tem festa todo dia em Salvador”, dizem aqueles desprovidos do privilégio de viver naquela que é, reconhecidamente, a Cidade da Música e cujo sucesso econômico tem relação direta com os mais diversos festejos. A realidade é que os negócios incentivados pela alegria são capazes de movimentar bilhões de reais e gerar oportunidades, sejam elas diretas ou indiretas, para algumas centenas de milhares de pessoas.

Foi assim no último Carnaval, quando a Bahia atraiu 3,5 milhões de visitantes, que movimentaram cerca de R$ 7 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Turismo. É verdade que são números relacionados a todo o estado, mas é razoável acreditar que a cidade que possui a maior festa de trios do planeta abocanhou parte significativa destes números. No período da festa, a ocupação hoteleira na capital chegou bem perto de 100%.

Ainda que a Cidade da Bahia seja reconhecida mundialmente pelo seu Carnaval, a verdade é que cada vez mais festas ganham relevância no seu calendário, abrindo novas oportunidades para quem vive de fazer festas. Um exemplo claro disso é o Festival Virada Salvador, criado para a celebração do Ano Novo e que transformou em sucesso de público um período do ano que, há menos de 20 anos, era completamente apagado.

A última virada movimentou cerca de R$ 400 milhões, que impactaram positivamente mais de 30 setores econômicos. Entre os dias 27 e 31 de dezembro do ano passado, mais de 758 mil pessoas passaram pelo festival para assistirem mais de 50 shows na Arena O Canto da Cidade.

Calendário impulsionador

Uma das figurinhas mais carimbadas nas mais diversas festividades de Salvador é a promoter Lícia Fábio, que destaca a importância do calendário festivo que a cidade possui. Assim como outros grandes nomes na área, Lícia promove uma festa de Réveillon e, para ela, o calendário público é mais um impulsionador do que um concorrente. “Nós, que vivemos de eventos, comemoramos esse calendário da cidade porque acaba nos ajudando na promoção também de eventos fechados. Muita gente vem para as nossas festas e decide ir alguns dias para a festa pública e o contrário também acontece”, explica.

Com quase 40 anos de CNPJ, Lícia Fábio se orgulha de fazer todos os tipos de festas, desde casamentos, 15 anos, aniversários, batizados e até festas corporativas ou mesmo eventos criados pela própria empresa dela, sem contar os eventos relacionados ao Verão e ao calendário de festas populares.

“São coisas que as pessoas não entendem às vezes, quando se faz uma festa, ganha o motorista do táxi, quem vende água, hotéis, restaurantes e lojas, além de todos aqueles que trabalham diretamente no evento”, destaca a promoter. “Eu nunca tinha visto tantos estrangeiros em Salvador quanto no último Réveillon, tudo isso fortifica a nossa economia. A nossa grande indústria é o entretenimento”, ressalta.

Segundo ela, em períodos mais quentes, como o Carnaval, a empresa chega a gerar oportunidades direta ou indiretamente para até 200 pessoas.

Para ela, além de adensar mais o calendário, é importante investir para que as atrações se tornem cada vez mais conhecidas lá fora. Ela cita como exemplos de eventos em que ainda há espaço para crescimento, a exemplo da celebração da Páscoa e dos festejos juninos. “O São João desperta uma enorme curiosidade lá fora”, afirma.

Artesanais

Há 15 anos no mercado de entretenimento, Bruno Boscolo se especializou na produção de eventos, operação de bares e espaços de lazer, além de oferecer serviços de operação de bar para eventos. “O mercado de entretenimento de Salvador é significativo e tem um grande potencial, mas ainda acredito que está longe de ser consolidado”, avalia. Para ele, há lacunas importantes, como a falta de espaços adequados para eventos de médio porte e a necessidade de um diálogo mais eficaz entre a iniciativa pública e privada.

O Biergarten, um dos eventos mais tradicionais e aguardados de Salvador, está entre os trabalhos realizados por Bruno Boscolo. Mais do que uma simples festa, o evento se tornou uma verdadeira instituição no calendário cultural da cidade, atraindo milhares de pessoas, anualmente, para um encontro repleto de diversão, música de qualidade e, é claro, cerveja artesanal. Segundo ele, levando-se em conta projetos pontuais e contínuos, a operação da empresa chega a envolver até 200 pessoas direta e indiretamente, em etapas de produção, operação ou apoio logístico.

Laldênia Lemos é diretora de eventos do Grupo Onda, que já realizou, em Salvador, eventos como os Ensaios da Anitta, Churrasquinho Menos é Mais e Sorriso Maroto – As Antigas no último Verão. Em abril, ela traz o show de Henrique & Juliano, depois de dois anos. “Vivo o entretenimento há mais de 20 anos”, conta. O grupo atua com o conceito de “360°”: criação e produção de eventos, gerenciamento de carreiras, representação artística, marketing e social media. “O entretenimento movimenta a economia de forma ampla e profunda. Geramos empregos diretos e indiretos, impulsionamos setores como turismo, hotelaria, transporte e gastronomia, além de fortalecermos pequenos empreendedores e fornecedores locais”, enumera.

Colhendo frutos

Isaac Edington, presidente da Saltur, explica que, desde 2005, o município vem investindo numa robusta plataforma de eventos com a finalidade de fomentar o desenvolvimento econômico da cidade.

“A nossa intenção, ao montar um calendário pujante durante todo o ano, não apenas no Verão e Carnaval, é econômica. A indústria criativa é a que mais emprega”, lembra.

Um exemplo do trabalho desenvolvido é o mês de março, que sempre foi uma espécie de ressaca do Carnaval. Como os festejos pelo aniversário de Salvador, o período se transformou em mais uma oportunidade de renda para todos os que dependem das festas para viver. “Março deixou de ser o mês dos boletos e da volta às aulas. Hoje, temos uma série de atividades, de arte, música, gastronomia, com todos os equipamentos funcionando”, ressalta.

O projeto Aniversário de Salvador é uma realização do jornal Correio, com patrocínio da Drogaria São Paulo, do Salvador Bahia Airport, apoio do Salvador Shopping e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.