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Bloco de prédio, trio elétrico de pátio: o Carnaval da Bahia vai muito além do Campo Grande e Barra-Ondina

A história da festa que cria foliões em segurança em áreas residenciais

  • Foto do(a) author(a) Marina Branco
  • Marina Branco

Publicado em 31 de março de 2025 às 11:11

Carnaval do Top Hill no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill no Horto Florestal Crédito: Divulgação

O Carnaval das ruas de Salvador toma o mundo todos os anos. A cada fevereiro, pessoas do Brasil inteiro chegam à Bahia para viver o Carnaval em seu hábitat natural, pulando nas ruas da Barra e do Campo Grande. As ruas são gigantes, e abraçam milhares de pessoas em todos os dias de festa - mas, em um estado que tanto respira o carnaval, a quantidade de foliões chega até mesmo dentro das casas dos baianos.

Assim acontecem os “carnavais de prédio”, que transformam edifícios em verdadeiros blocos, com trios elétricos nos pátios e moradores nas “pipocas”. Em todos os andares e varandas, mini-camarotes e decorações lindas chamam a atenção de quem passa pelo “mini-microsistema” de Carnaval, tomando toda a área residencial.

Em alguns lugares, a festa chega a ser tradição, acontecendo a cada ano sem falta. É o caso do Top Hill, um prédio no Horto Florestal, que leva tão a sério a manifestação do “Carnaval vertical” que fez dela um costume, e atraiu soteropolitanos de todos os lugares. Neste ano, até mesmo o prefeito da cidade.

Carnaval do Top Hill no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill no Horto Florestal Crédito: Divulgação

A criação do micro-Carnaval

Surpreendendo na captura do espírito do Carnavalda Bahia, a organizadora do evento não é soteropolitana, muito menos baiana. Aline Carvalho é, na verdade, pernambucana, mas diz ter a alma da Bahia. Foi lá em Recife, em uma das maiores empresas de eventos do Nordeste, que sua jornada começou, focada na criação de eventos para grandes empresas desde a idealização inicial, os orçamentos e contratações, até a entrega do projeto.

Aline conheceu o Carnaval em Recife, organizando grandes festas e até camarotes no Galo da Madrugada e no Carnaval do Recife Antigo. Com o passar do tempo, um concurso público a tirou da empresa, e ela chegou a morar no Rio de Janeiro e em São Paulo antes de ir à Bahia. Ainda assim, nunca parou de produzir pequenos eventos para sua família, por ter, segundo ela, uma “veia festeira”.

“Engraçado que sempre senti que um dia moraria na Bahia. Inclusive, um dos temas de uma das minhas despedidas de mudanças foi 'o que é que a Bahia tem'. Quando precisei vir morar em Salvador por conta do trabalho, cerca de cinco anos atrás, encontrei em Salvador tudo aquilo que sempre busquei”, conta ela.

Carnaval do Top Hill no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill no Horto Florestal Crédito: Divulgação

Em Salvador, ela passou a fazer a escolha diária de amar a Bahia, mesmo com a família morando em Recife, e o marido a trabalho em São Paulo. “Escolhemos juntos criar nossos filhos e viver nossa vida numa cidade que tão bem nos acolheu, onde nos sentimos em casa”, justifica.

Foi em Salvador, então, que Aline conheceu os moradores de seu prédio, e se tornou amiga de muitos deles. Em 2023, a ex-produtora de eventos fez uma festa de aniversário com o carnaval baiano como tema, chamando até mesmo amigos de outros estados para viver “um dia de Carnaval fora de época na Bahia”. Tudo deu tão certo, que veio a vontade de criar um evento maior a partir dali.

Aline criou uma comissão de eventos no prédio, a Comissão de Eventos do Top Hill, e começou a organizar quatro eventos anuais para todos os moradores. Assim, eles começaram a comemorar juntos o Carnaval, o São João, o tradicional Caruru de Cosme e Damião e até o Natal.

No São João, 120 moradores passaram um dia em um sítio do interior, com banda de forró, trio pé de serra, comidas e brincadeiras típicas e passeio de cavalo. Ônibus, van e pousadas foram reservados somente para os moradores, que começaram a pedir por mais eventos.

Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal Crédito: Divulgação

Os planos virando realidade

Assim nasceu a ideia do Carnaval do Horto Florestal em 2025. Organizado desde meses antes do dia da festa, o circuito dentro do residencial tinha a proposta de ser um evento para famílias, dando a pais e filhos a oportunidade de curtir o feriado perto do conforto das próprias casas.

Com o apoio do patrocínio de moradores no aluguel do trio elétrico e das quatro bandas que tocaram no evento, a organização conseguiu autorizações da Prefeitura, Bombeiros, Polícia Militar, Transalvador e Sedur. O evento realmente aconteceria, e se tornaria a primeira grande festa do Horto.

A programação foi divulgada, e os moradores esgotaram os ingressos de venda exclusiva, podendo levar apenas alguns convidados. A procura foi tanta que até moradores de prédios vizinhos quiseram ingressos, levantando a hipótese de fazer um Carnaval de bairro. No entanto, como parte da festa aconteceria na rua e parte no salão de festas do Top Hill, o limite de ingressos se manteve.

Até o próprio prefeito Bruno Reis apareceu no evento, convidado por ser morador do prédio. Com a esposa, ele participou da festa, e aproveitou junto com os foliões. O plano para que no ano que vem o Carnaval se torne um evento aberto a todo o Horto Florestal já estão sendo executados pelos organizadores, e cada vez mais próximo de se tornar uma realidade.

Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal Crédito: Divulgação

O Carnaval dos moradores

Chegando o grande dia, tudo foi ainda melhor do que os moradores esperavam. No horário combinado, uma fanfarra recebeu os foliões vestidos com seus abadás embaixo do prédio, para um esquenta com drinks, cerveja e comida baiana. Após algum tempo de recepção, um morador levou o estandarte para a rua, seguido pela fanfarra e os diversos moradores curtindo a música.

Na esquina, todos encontraram um mini trio elétrico, onde se apresentava a banda cover de Durval Lélys. De lá, foram três horas de circuito pela Waldemar Falcão e pela Estácio Gonzaga, com direito a carro de apoio servindo bebidas e geladinhos alcoólicos. Os entretenimentos eram diversos: até mesmo pintura corporal de Timbalada seguia os foliões pelo circuito, totalmente acompanhado pela Polícia Militar, Transalvador e Amo Horto.

Mesmo os vizinhos que não puderam participar, seja por motivos pessoais ou por falta de ingressos, curtiram o mini Carnaval de suas varandas, filmando a festa que tomava a rua e logo voltaria para o interior do prédio. Ao chegarem, os foliões foram recebidos por um buffet completo, que servia de sarapatel a bobó de camarão.

Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal Crédito: Divulgação

Dentro do salão de festas do prédio, a decoração era a cara do Carnaval. Simulando um camarote, as placas de praça de alimentação e camarote vip ilustraram a festa interna, musicada por uma banda de axé. Do outro lado do salão, o Carnaval das crianças tomava conta, com os pequenos fantasiados, escolhendo suas próprias músicas e criando suas decorações.

Próximo ao final dos festejos, que já se estendiam desde as 14h, uma banda de batuqueiros chegou ao prédio, trazendo consigo a energia do Candeal para os moradores até cerca de 20h30. Quando tudo terminou, o gostinho de quero mais tomou conta dos foliões, e os planos para o próximo ano preencheram a organização.

Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal Crédito: Divulgação

Feito por eles, para eles

Como em todo Carnaval, a animação de quem curte se estende à criação das próprias roupas, customização de abadás, penteados e maquiagens criativas, e nesse não foi diferente. Estandarte, abadá, convite, artes e decoração foram feitas pelos próprios moradores, que se reuniram no salão de festas às vésperas do grande dia para montar tudo.

O carro de apoio foi montado por dois moradores e duas crianças. Os enfeites, cortados à mão por mães e filhos do prédio, e colados nas paredes pelas famílias que os confeccionaram. Cada detalhezinho da festa teve o jeito e o gosto de seus foliões, que ajudaram do início ao fim do processo.

Carnaval do Top Hill no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill no Horto Florestal Crédito: Divulgação

Assim, o resultado não poderia ser outro além da paixão generalizada dos foliões pelo evento. “Criamos um evento agregador, onde crianças, adolescentes e adultos puderam curtir juntos, em segurança, com suas famílias”, conta Aline.

“Ouvi de muitos ali que fazia anos que não iam para um circuito de Carnaval e que aquele momento foi gratificante e cheio de nostalgia e significado. Foi um dia pra entrar pra história. E hoje, sabe o que mais me perguntam? Qual será a próxima festa?”, completa.

Nas palavras de Lys Teixeira, mãe, moradora e foliã do Top Hill, a festa foi como apresentar aos filhos o Carnaval seguro e tranquilo que os pais conheceram há anos atrás. "Pudemos apresentar para nossas filhas o que é um Carnaval sem se preocupar com perigos, justamente da forma que aprendemos. Dia especial para nós e para nossos pequenos!", afirmou ela.

Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal
Carnaval do Top Hill, no Horto Florestal Crédito: Divulgação

O projeto Aniversário de Salvador é uma realização do jornal Correio, com patrocínio da Drogaria São Paulo, do Salvador Bahia Airport, apoio do Salvador Shopping e apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador.