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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 24 de outubro de 2024 às 12:40
Pressionado pela oposição e a opinião pública após casos de violência na Região Metropolitana de Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) passou a dividir, nesta semana, o ônus da crise da segurança pública com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). >
Jerônimo Rodrigues, que frequentemente afirma que a violência é um problema de âmbito nacional, começou a atribuir os crimes à falta de fiscalização nas fronteiras estaduais e, em declarações públicas, tem cobrado a Lula uma maior atuação nesse sentido.>
“Às vezes, a gente faz o papel de inteligência. Mas tem uma inteligência que é feita e não depende do governo do estado. Depende da União. É responsabilidade do Lula. Eu votei nele, mas estou cobrando a ele, pedindo a ele para fazer. Quando as informações transitam de um estado para outro, eu tenho limite de fronteiras. Eu não posso ultrapassar o limite do Espírito Santo, de Minas Gerais, de Goiás. Os outros governadores fazem, mas é preciso que a União também entre”, declarou nesta quinta-feira (24), em entrevista à rádio Sociedade.>
Nesta quarta-feira (23), em entrevista à rádio Metrópole, Jerônimo também citou o presidente da República. "Eu faço o meu papel. Eu peço a Lula que nós precisamos defender as fronteiras, as informações passam nas fronteiras. Tem que ter inteligência para cortar quando é da Bahia para outro canto ou de outro canto para a Bahia, quando as armas passam, quando as drogas passam de um estado para o outro. A movimentação do crime organizado tem inteligência. Nós temos que ter inteligência maior do que a dele", salientou.>
Na semana passada, Lula esteve em Salvador em meio à crise da segurança pública na Bahia. Ele não falou sobre a violência no estado, mas disse que pretende reunir os governadores para criar uma política de segurança pública que envolva os três entes federativos. O presidente ainda declarou que quer encaminhar a proposta sobre o tema para o Congresso Nacional neste ano a fim de que seja aprovada em 2025. >
“Queremos que a gente possa definir o papel da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Guarda Nacional, participando junto com as polícias estaduais. Precisamos ter uma coordenação nacional”, declarou, em entrevista à rádio Metrópole.>
A situação da segurança pública tem gerado desgaste ao governo Jerônimo. Uma pesquisa divulgada pelo instituto Quaest, em agosto deste ano, chegou a apontar que 51% do eleitorado soteropolitano consideram o tema como o mais grave problema da capital baiana. O cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Fábio Dantas Neto, avalia que a quinta administração petista na Bahia tem, até aqui, sido “desastrosa”. >
“O próprio (Jaques) Wagner reconheceu que de fato há muitas queixas de que o governador não está no palácio para atender. Ele também está nas ruas, viajando. De fato, Jerônimo, se olhar a avaliação da imagem pessoal dele, não é uma coisa catastrófica, porque ele é uma liderança política de pouca expressão. Então, não tem grande rejeição. Mas a avaliação do governo é um desastre. O que a oposição está batendo de que ele não governa parece que está ficando cada dia mais evidente”, analisou o especialista, em entrevista ao CORREIO.>
Diante das críticas da oposição à violência no estado, Jerônimo tem se queixado dos adversários. Na entrevista à Metrópole nesta quarta, o governador chegou a mencionar a palavra "oposição" 16 vezes em uma hora de bate-papo.>
A Região Metropolitana de Salvador tem presenciado dias de terror. Esta semana, o bairro soteropolitano Santo Inácio registrou uma noite de confrontos entre mais de dez traficantes. >
Na última terça-feira (22), um ataque da facção criminosa Katiara contra integrantes do Bando do Maluco (BDM) em Cajazeiras 11 causou pânico durante a madrugada.>
No sábado (19), cinco pessoas que estavam em uma praça no bairro Sete de Abril foram mortas em outro ataque violento.>
Na semana passada, ao menos cinco bairros da capital baiana ficaram com a circulação de ônibus parcialmente suspensa por causa de conflitos armados. A onda de violência acompanha o aumento recente de homicídios na Região Metropolitana de Salvador, onde ao menos 22 pessoas perderam a vida num intervalo de 48 horas.>