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Millena Marques
Publicado em 15 de outubro de 2024 às 14:40
Sem apoio tanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), foi reeleito no primeiro turno com 79% dos votos válidos no último dia 6 de outubro. Para os especialistas, os dois principais cabos eleitorais nacionais não impactaram no pleito soteropolitano.
Na avaliação do professor de comunicação política da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Samuel Barros, Lula e Bolsonaro evitaram se expor nas eleições deste ano no país com receio de terem “prejuízo de imagem”.
O vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior (MDB), que terminou em terceiro lugar na corrida eleitoral com 10% das intenções de votos válidos, até tentou se associar à imagem de Lula. A estratégia do emedebista, entretanto, foi ineficaz.
“A imagem do vice-governador Geraldo Júnior não foi anexada, não colou a imagem de Lula dentro de um processo que funcionasse essa perspectiva da nacionalização. Isso envolve o fato de que não houve um trabalho com mais tempo em torno da associação da imagem do PT e do presidente Lula à figura de Geraldo Júnior”, analisa o cientista político Cláudio André de Souza, professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Para Cláudio André, a ausência de Lula na eleição de Salvador se deve à conjuntura nacional e ao jogo político no Congresso Nacional.
"A gente percebe que o próprio presidente Lula fez questão de não fazer agendas aqui e isso passa, inclusive, pela questão da própria relação com a União Brasil, que nesse momento faz parte da base governista do presidente lá no Congresso, inclusive com a União Brasil ocupando ministérios no governo”, complementa.
Pesquisa do instituto Quaest, divulgada em agosto, já mostrava que a maioria do eleitorado soteropolitano rejeitava a polarização nacional entre Lula e Bolsonaro. Segundo a pesquisa, 55% dos eleitores da capital baiana não votariam em um nome ligado a eles.
Para o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, a derrota de Geraldo Júnior enterra o discurso de que na eleição municipal há uma nacionalização. “Sempre dizemos que é a eleição para o prefeito, quem resolve é o prefeito. Ganhamos quatro eleições consecutivas em Salvador, sempre enfrentando o presidente da República, sempre enfrentando o PT e sempre com votações extraordinárias”, declarou ele.
Na mesma linha, Bruno Reis atribuiu sua votação histórica à comparação que o eleitor fez de sua trajetória profissional com a dos concorrentes. “Aqui sepultamos esse discurso de que o prefeito tem que ser do mesmo partido do governador e do presidente. É um discurso ultrapassado, que não tem mais aderência para as pessoas. A grande demonstração foi o resultado da minha eleição”, afirmou, em entrevista à edição desta semana da revista Veja.
*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva