'Não tem nada de anormal', diz presidente Lula sobre eleição na Venezuela

Em telefonema, petista e presidente americano Joe Biden defenderam a divulgação de atas do pleito

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Publicado em 30 de julho de 2024 às 21:10

Presidente Lula
Presidente Lula Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou, nesta terça-feira (30), pela primeira vez sobre a eleição venezuelana. O pleito, que aconteceu no último domingo (28), resultou na reeleição do ditador Nicolás Maduro. Segundo o petista, não há nada de anormal nas eleições.

“O Partido dos Trabalhadores reconheceu, de verdade, a nota do Partido dos Trabalhadores reconhece, elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houve. (...) Não tem nada de grave, não tem nada de assustador, eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição”, disse o chefe do Executivo brasileiro em entrevista à TV Centro América, filiada da TV Globo no Mato Grosso.

Na entrevista, o presidente Lula disse que a "briga" entre chavismo e oposição na Venezuela é normal, e que seria resolvida apresentando as atas das urnas.

"Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre oposição e situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça andar o processo. E aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo", afirmou. "O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de se expressar, tenham o direito de provar que não concordam. E o governo tenha direito de provar que está certo", acrescentou. 

Questionado se acredita que o PT se precipitou ao afirmar, em nota, que o processo de reeleição de Maduro foi "pacífico, democrático e soberano", o presidente Lula negou e disse que o partido “fez o que tem de fazer”, e não precisa pedir ao governo para fazer as coisas.

A assinatura de uma nota conjunta entre Brasil, México e Colômbia sobre o processo eleitoral está em discussão, uma vez que os países adotaram posições semelhantes em relação ao pleito, e defendem que haja transparência.

“É necessário apenas o seguinte: o presidente Maduro sabe perfeitamente bem que, quanto mais transparência houver, mais chance ele terá de ter tranquilidade para governar a Venezuela. Eu acho que a Venezuela tem o direito de construir o seu modelo de crescimento e desenvolvimento sem que haja um bloqueio. Um bloqueio que mata o povo há 70 anos, bloqueio que penaliza o Irã, que penaliza a Venezuela. Tem de parar com isso. Cada um constrói o seu processo democrático, cada um tem o seu processo eleitoral”, declarou o presidente.

O petista também falou sobre a eleição presidencial venezuelana com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesta terça-feira. No telefonema, Lula disse ser fundamental a publicação das atas eleitorais do pleito, posição que teve concordância do americano.

Segundo a nota divulgada pelo Itamaraty nesta terça-feira, Lula afirmou que "tem mantido acompanhamento permanente do processo eleitoral" por meio do assessor especial do Palácio do Planalto para assuntos internacionais, Celso Amorim, que foi enviado ao país vizinho para acompanhar o pleito.

Na segunda-feira (29), Amorim se reuniu com o ditador venezuelano Nicolás Maduro e com o candidato da oposição no pleito, Edmundo González. Na conversa com Maduro, Amorim pediu ao ditador que divulgue o quanto antes as atas de votação das eleições.

Segundo o Itamaraty, Lula afirmou a Biden a "posição do Brasil de seguir trabalhando pela normalização do processo político no país vizinho, que terá efeitos positivos para toda a região". "Lula reiterou que é fundamental a publicação das atas eleitorais do pleito ocorrido no último domingo. Biden concordou com a importância das divulgações das atas", complementa.

De acordo com o Palácio do Itamaraty, a conversa durou cerca de 30 minutos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acompanhou a ligação, que ocorreu nesta tarde, no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência.

Telefonema com Biden

Na ligação, os dois líderes também falaram de outros temas, como as relações bilaterais dos países e multilaterais. Um dos tópicos tratados foi sobre a eleição dos Estados Unidos, na qual Biden desistiu de disputar a reeleição.

"O presidente brasileiro cumprimentou Biden pela 'magnânima' decisão quanto ao processo eleitoral americano e desejou sucesso para a democracia do país nas eleições presidenciais em novembro", escreveu o Itamaraty.

Na conversa, Biden também mencionou que as economias dos dois países "estão indo bem", segundo a nota, e que a parceria entre Brasil e Estados Unidos deve continuar a crescer.

Lula aproveitou a conversa para convidar Biden para participar da reunião dos países democráticos contra o extremismo, que será realizada em setembro, em Nova York, à margem da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Ainda, Biden confirmou presença na Cúpula do G20 em novembro no Rio de Janeiro.

*Com informações do Estadão Conteúdo.