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Publicado em 1 de agosto de 2024 às 05:00
Fora a classificação às quartas de final, que veio mais por demérito das demais adversárias do que propriamente mérito brasileiro, não existe mais o que se comemorar quando o assunto é a Seleção de futebol feminino do Brasil. Na verdade, apenas lamentos.
A derrota por 2x0 para a Espanha, atuais campeãs mundiais, ontem, no Estádio de Bordeaux, a 500km da capital francesa, expôs, mais uma vez, um time frágil, sem personalidade e sem tática alguma.
Não apenas no segundo tempo, quando esteve 61 minutos com uma jogadora a menos, depois da expulsão infantil da capitã e rainha Marta, ainda no primeiro tempo. Pelo contrário. Defeitos presentes já durante os 44 minutos do primeiro tempo, quando o técnico Arthur Elias tinha o time completo.
Isto não fica claro apenas nas estatísticas da etapa inicial, em que as espanholas tiveram 55% de posse bola, nove finalizações - contra apenas uma do Brasil -, sete escanteios contra dois verde e amarelo e as cinco defesas importantíssimas da goleira Lorena.
Mas, os milhares (não muitos) de torcedores que estiveram presentes no Estádio de Bordeaux e os outros milhões de espectadores ao redor do mundo viram as jogadoras brasileiras praticamente assistindo às adversárias jogarem - e, vez ou outra, quando dava, ensaiavam um contra-ataque.
Despedida melancólica?
Com a expulsão e aos 38 anos de idade, Marta só volta a vestir a camisa verde e amarela em Olimpíada caso o Brasil consiga fazer o que não fez nas duas últimas Copas do Mundo: vencer a França.
O time da casa foi responsável pela eliminação brasileira nas oitavas de final de 2019 e também voltou a ganhar na fase de grupos do último Mundial, em 2023, na Austrália e Nova Zelândia.
A camisa 10 canarinha deixou o campo aos prantos e inconsolável. Do lado de fora, os torcedores presentes tentavam um acalento. Aplaudiam e gritavam pelo nome da Rainha, incrédulos que pudesse ser assim, desta forma abrupta e triste, que a história magnífica da maior jogadora brasileira de todos os tempos pudesse chegar ao fim.
“A única coisa que dá para dizer para Marta, cara, é: ‘Obrigada, mulher!’”, garante a cantora Alê. “Ela colocou a mulherada lá em cima, incentivou toda uma garotada feminina a entrar no esporte que é a nossa bandeira nacional, ela tem um trabalho irretocável, deu muito ao país. Não é por causa de um jogo em que ela recebe cartão vermelho que vamos virar o rosto para ela. A Marta só merece aplausos e muito carinho”, finalizou a cantora baiana.
Torcedoras ficam na bronca
Alê é cantora, nascida em Salvador, na Bahia, e há 13 anos mora na França. Desde os 12 anos de idade, não ia a um estádio de futebol - o último havia sido a Fonte Nova. Para ver a seleção feminina, colocou a camisa do Bahia e se decepcionou com o que viu. “Esquema tático horrível, um buraco no ataque, não tinha ataque nenhum. Pena que Marta recebeu cartão vermelho, foi feio para terminar uma carreira na Seleção”, analisou.