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Publicado em 3 de agosto de 2024 às 05:00
Sentimentos são impossíveis de serem mensurados ou comparados. No entanto, se tivesse uma aposta aleatória de qual atleta brasileiro está mais triste e abatido após a primeira semana de Jogos Olímpicos em Paris, um nome forte seria o do carioca Hugo Calderano.
A imagem do tenista de mesa após a semifinal, em que perdeu para o sueco Truls Moregardh, é de um abatimento visível. Claro que toda derrota é dolorida, ninguém entra para perder, mas a forma que se perde dita a intensidade e a forma da dor.
Antes de mais nada, ressaltar que o que o brasileiro conquistou, em Paris, ninguém tira. O tênis de mesa chegou onde jamais havia conseguido chegar até então, entre os quatro melhores do mundo. Isto, por si só, já seria suficiente para o carioca voltar ao Brasil com orgulho e a sensação de dever cumprido.
Porém, o instinto de atleta de alto rendimento, juntamente com o sentimento natural dos milhares de torcedores que conquistou, fez o país acreditar que dava para a história ganhar proporções ainda maiores com uma possível final. E o primeiro set, quando Calderano abre 10 a 5 no placar, fez a Arena Paris Norte tremer.
Só que aí veio o vacilo: foram sete oportunidades consecutivas de fechar o primeiro set e não conseguiu. Viu, ao contrário, o sueco fazer sete pontos consecutivos e conquistar o primeiro set por 12 a 10. A partir daquele momento, já estava bem claro para todos os presentes que Hugo havia sentido o golpe.
Mesmo com um segundo set apertado (16 a 14), novamente vencido por Moregardh, o brasileiro seguiu errando jogadas que não costuma errar. Quando venceu o terceiro set por 11 a 7, até se criou um clima de reação, mas o adversário fez questão de devolver o placar no quarto set.
Apesar de já ter se instalado um clima de já ganhou, por parte do sueco, Calderano conseguiu conquistar o quinto set, vencendo por 12 a 10, e diminuindo a vantagem para apenas um set. Mas, Moregardh só precisava vencer mais um e foi justamente o sexto, por 11 a 8, sem muitos sustos para fechar o placar em 4 a 2.
Ao fim, cabisbaixo, o tenista de mesa brasileiro recebeu o carinho dos torcedores, que fizeram muito barulho gritando pelo nome dele e aplaudindo bastante. No entanto, não era suficiente. Estava estampado na cara dele que não era suficiente.
O sonho segue vivo
“Fica um pouquinho da sensação de frustração, mas, sinceramente, deu para ver que ele jogou muito bem, o jogo foi ótimo e o que importa é que ele chegou até aqui, o resultado já é histórico. Obrigado, Hugo Calderano”, comemorou o engenheiro civil Rodrigo Pimenta, com uma bandeira do Brasil enrolada no pescoço.
Não é porque não chegou à final que a história que Hugo Calderano tem protagonizado no tênis de mesa brasileiro não pode se tornar maior. O atleta pode se tornar o primeiro medalhista olímpico da modalidade no Brasil e, para isso, precisa vencer o francês Felix Lebrun, neste domingo (4), às 8h30, pelo horário de Brasília.
Boxe masculino decepciona
Depois de ter sido o carro-chefe do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, o boxe brasileiro chegou em Paris repleto de expectativas. Em se tratando da equipe masculina, todas elas frustradas. Dos cinco representantes na categoria, todos foram eliminados e deixaram a capital francesa sem medalhas.
O técnico da seleção brasileira de boxe, Mateus Alves, não escondeu a frustração e foi sincero, após a última das cinco eliminações, com a derrota do baiano Wanderley Pereira para o ucraniano Oleksandr Khyzhniak, nas quartas de final da categoria até 80kg.
“O boxe masculino deixou a desejar como equipe. Viemos com meta de medalha no masculino. Saímos muito insatisfeitos com o resultado da equipe masculina. Obviamente que eu, como head coach, tenho a responsabilidade. Campeão por equipe sul-americano, continental, quatro medalhas no Mundial, mas se não pega a medalha nos Jogos Olímpicos falta comprovar”, desabafou.