Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Tailane Muniz
Publicado em 8 de maio de 2019 às 10:46
- Atualizado há 2 anos
Os cerca de 400 vigilantes que atuam na segurança da Universidade Federal da Bahia (Ufba) suspenderam as atividades na manhã desta quarta-feira (8). De acordo com os trabalhadores, terceirizados do Grupo MAP, a Ufba deve cerca de R$ 13 milhões à empresa, o equivalente a três meses de serviço.>
A Ufba está passando uma grave crise financeira. A instituição terá R$ 55.906.411 milhões a menos para o ano de 2019. Esse novo bloqueio – que pode configurar um corte, se não houver uma mudança até o fim do ano – aconteceu na última sexta-feira (3), justamente quando outras instituições, como o Instituto Federal Baiano (IFbaiano), notaram um bloqueio na casa dos 30% no orçamento de custeio.>
Em nota enviada ao CORREIO, a Ufba confirmou a existência da dívida sem comentar, no entanto, qual seria o valor. A instituição também informou que o reitor, João Carlos Salles, está em Brasília "envidando esforços junto ao Ministério de Educação para a liberação de recursos para o pagamento da empresa [MAP]".>
A Ufba acrescentou, ainda, que solicitou apoio de segurança junto à Polícia Militar. A reportagem procurou a corporação, que ainda não retornou o contato.>
Por conta da paralisação dos vigilantes, a Ufba anunciou que a Reitoria suspenderá as atividades nortunas a partir das 18h30 desta quarta-feira (8). "A administração central reafirma que continua envidando esforços a fim de efetivar o retorno dos vigilantes aos seus postos de trabalho", disse.>
Vigilante supervisor da Ufba, José Luiz Marinho, 41 anos, explicou que, embora a dívida ainda não tenha causado danos diretos aos vigilantes, até então com os salários em dia, há uma preocupação quanto à manutenção do quadro de funcionários."A MAP nos paga em dia, mas se ela não recebe há três meses, vai chegar um momento em que ela vai precisar cortar gastos e isso vai sobrar para a gente. Como vão manter funcionários se a Ufba não mantém o contrato?", indagou ele, ao afirmar que a categoria não tem horário para retomar o expediente, que sequer foi iniciado.Presidente do Sindicato dos Vigilantes do Estado da Bahia (Sindivigilantes), José Boaventura se reuniu com os terceirizados em frente à portaria principal do campus de Ondina para sugerir que os vigilantes retornem às atividades. >
"Eu estou tentando explicar para eles que nós não temos nada a ver com o contrato entre a MAP e Ufba, desde que o salário de todos esteja em dia. É claro que há dois pontos a se considerar, que envolve também a questão dos bloqueios do MEC, mas, por ora, não acredito que seja válida essa paralisação", ponderou.>
José considerou, no entanto, que se a Ufba realmente deve a quantia à empresa é um fato que a consequência pode vir em forma de demissões. "Os trabalhadores têm esse ponto de razão, mas é necessário pensar que sem segurança não há condições de funcionamento das pesquisas, da universidade como um todo", afirmou Boaventura, pouco depois de orientar os funcionários a se manifestarem junto aos estudantes e servidores.À reportagem, o consultor de Segurança Patrimonial da Ufba, Almir Marques confirmou a informação de que a Ufba tem boletos pendentes com a terceirizada. "Beira uns R$ 13 milhões, entre o retroativo do contrato antigo e o novo contrato", afirmou.>
No local, estudantes disseram que a atitude não surpreendeu. Estudante do curso de Letras, Amanda Sena afirmou que a ausencia de seguranca é um dos motivos maiores de preocupação a quem estuda na Ufba.>
"É como um efeito dominó, uma coisa vai derrubando a outra até não sobrar nada. Se a Ufba não pagou a empresa de segurança, vai deixar de pagar também as contas básicas porque isso só pode ser feito se tiver dinheiro, o que nos foi tirado", comentou, em referência ao bloqueio determinado pelo Ministério da Educação. >
O estudante de Geociências, Bruno Souto, também acredita que a situação da Ufba pode piorar. "Muito complicado ver isso acontecendo com a universidade por determinação de quem deveria prezar pelo funcionamento de excelência. Se continuar assim, vai ser impraticável continuar. >
A reportagem tentou contato com a MAP mas ainda não obteve retorno. >
Veja íntegra da nota da Ufba"A Universidade Federal da Bahia tomou conhecimento da movimentação dos vigilantes no sentido de deixar os postos de trabalho hoje pela manhã. Imediatamente, a administração central estabeleceu o diálogo com a direção do Grupo MAP, a fim de que a equipe retome as atividades normais. Enquanto isto, o reitor João Carlos Salles, que se encontra em Brasília, está envidando esforços junto ao Ministério de Educação para a liberação de recursos para o pagamento da empresa. A administração também está em contato com a PM para reforçar a segurança no entorno dos Campi da UFBA, por meio da ronda universitária".>