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Gabriel Moura
Publicado em 11 de março de 2020 às 23:01
- Atualizado há 2 anos
Força e talento transformando realidades. Esse foi o tema do prêmio Barra Mulher que, como parte da celebração do shopping pelo mês delas, homenageou nove histórias dos mais diferentes campos de atuação na noite desta quarta-feira (11), na praça central do centro de compras.
Essa foi a 11ª edição do prêmio que, anualmente, premia mulheres anônimas ou famosas consideradas relevantes na sociedade baiana.
As homenageadas deste ano foram a idealizadora do projeto Aqualuz, Anna Luísa Beserra; a educadora social Bárbara Trindade; a escritora e professora Evelina Hoisel; a gerontóloga e coordenadora da Faculdade Livre da Maturidade, Graça Senna; as jornalistas Jéssica Senra, apresentadora do Bahia Meio Dia, e Linda Bezerra, editora-chefe do CORREIO; a promotora de Justiça da Bahia Lívia Sant’Anna Vaz; a fundadora do projeto Livres Livros, Raíssa Martins; e a líder religiosa Ìyá Márcia de Ogum.
Os nove nomes foram decididos a partir de uma lista com mais de 40 sugeridos pelo grande público, lojistas e um comitê especializado. Com a lista de indicadas, um corpo de jurados composto por formadores de opinião, entre jornalistas, artistas, profissionais liberais renomados, entre outros, selecionou os homenageadas que receberam o troféu, que este ano foi criado pelo designer Ray Vianna e tem inspiração na divindade feminina, ressaltando a elegância, altivez, respeito e coragem da mulher.
A jornalista Jéssica Senra foi a última das nove a subir no palanque para ser a homenageada e, ao chegar no posto de destaque, não conseguiu segurar a emoção ao receber o troféu das mãos do noivo Daniel Keller.“Eu sempre sonhei em fazer a diferença e esse prêmio é uma demonstração de que estou no caminho certo. Isso me toca muito pois dá propósito a minha vida e força para enfrentar todos os obstáculos que a gente encontra. Além do orgulho de estar ao lado de mulheres tão importantes e que fazem parte da minha vida, como Linda Bezerra, Raíssa Martins, Lívia Vaz, que são inspirações para mim”, contou. Jéssica Senra, ao lado do noivo Daniel Keller (Foto: Betto Jr./CORREIO) Já a editora-chefe do CORREIO, Linda Bezerra, ressaltou a proposta do prêmio e o dedicou a equipe do jornal que coordena desde 2016.
“Para mim é uma emoção muito grande receber esse prêmio do Shopping Barra cujo tema é força e talento transformando realidades. Eu espero que tenha esses atributos para, a partir da minha área de atuação, possa ajudar a transformar realidades. Então, ser reconhecida e homenageada por um prêmio que enobrece essas características é muito especial para mim”, comemorou.“O CORREIO tem um espaço para mulher seja para falar das suas lutas, angústias e conquistas. A gente inclusive tem a coluna QuantA que dá espaço para a voz feminina. E, claro, dedico esse prêmio a toda a equipe do jornal pois, de fato, temos esse reconhecimento com a homenagem”, completou. Linda Bezerra, editora-chefe do CORREIO, uma das homenageadas do Barra Mulher (Foto: Betto Jr./CORREIO) Prêmio Barra Mulher Criado em 2010, o Barra Mulher já premiou mulheres como as cantoras Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Margareth Menezes, as escritoras Mabel Veloso e Myriam Fraga, a historiadora Consuelo Pondé, a líder religiosa Mãe Stella de Oxóssi, a designer Goya Lopes, entre muitas outras. Justamente essa proposta de premiar tanto famosas quanto anônimas é um dos marcos da premiação.
“É um desafio eleger a cada ano mulheres que lutam e transformam a sociedade. E o nosso prêmio foge apenas do estrelato, um dos objetivos deles é revelar e trazer ao público alguns nomes que ainda não são tão conhecidos. E também de diversos segmentos, faixas etárias e sociais, como a Anna Luísa Beserra que tem apenas 22 anos até mulheres com mais de 80 anos”, ressaltou a gerente de Marketing do Shopping Barra, Karina Brito.
Além da premiação, o shopping também seguirá com uma exposição fotográfica até o dia 31 de março. Dedicada a mulheres vencedoras, com um perfil de cada uma delas, a mostra tem imagens distribuídas por diversos corredores do Barra.
Conheça um pouco das premiadasAnna Luísa Beserra Formada em Biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia e com apenas 22 anos, sua trajetória ganhou maior projeção ao criar o Aqualuz, um dispositivo que permite a filtragem da água de cisternas, através da luz solar. Com o Aqualuz, já beneficiou mais de 1260 famílias nos estados da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas e Pernambuco. Locais onde a seca castiga. Atualmente, a jovem é embaixadora, pelo Brasil, do Prêmio Jovem da Água, realizado em Estocolmo, na Suécia. Foi a única brasileira ganhadora da premiação Jovens Campeões da Terra, promovida pela Organização das Nações Unidas, em 2019; e ainda foi a primeira brasileira indicada ao Greentech Festival na categoria Younger, que acontecerá em Berlim, Alemanha, em junho.Bárbara Trindade Desde a adolescência era líder estudantil e já lutava por direitos básicos, como a iluminação nas ruas periféricas e cobertura nos pontos de ônibus. Atualmente, ela preside o Projeto Social 1 + 1 é Sempre Mais que 2, atuante em qualquer questão que impacte na vida de pessoas mais vulneráveis. A educadora social foi pioneira levando brinquedotecas para lugares pouco prováveis, como o Presídio Feminino da Mata Escura e no Quilombo da Ponte, no município de Cachoeira. Bárbara também faz parte do coletivo Mulheres do Brasil, criado em 2013 por 40 mulheres executivas de diferentes segmentos, com o intuito de engajar a sociedade civil, e hoje composto por 38 mil participantes.Evelina Hoisel Escritora e professora da Universidade Federal da Bahia há quase 50 anos, ainda hoje sente o prazer de transmitir o encantamento pela Literatura aos seus alunos. Membro da Academia de Letras da Bahia, da qual foi a primeira mulher presidente eleita e, posteriormente, reeleita, vê a leitura como uma forma de salvação do ser humano. Evelina Hoisel é mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, doutora pela Universidade de São Paulo e orientadora de mais de 60 profissionais na área. Atua no Instituto de Letras e na Escola de Teatro da UFBA. Foi editora e co-editora da revista Estudos Lingüísticos e Literários, é membro do conselho editorial de revistas acadêmicas locais e nacionais, e desenvolve atividades de pesquisa no grupo “O escritor e seus múltiplos: migrações”.Graça Senna Foi no auge da juventude que a gerontóloga Graça Senna decidiu trabalhar com o público da maturidade. Encantada com a experiência daquelas pessoas com tanto para ensinar e aprender, trabalhou em projetos direcionados à saúde do idoso em grandes centros de referência, como Obras Sociais Irmã Dulce e o Lar Franciscano Santa Isabel. Atuou como presidente do departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – BA, e na diretoria técnico-científica da Associação Nacional de Gerontologia- BA. Foi também docente em duas instituições de Ensino Superior. Em 2007, assumiu a Faculdade Livre da Maturidade, onde é coordenadora. A Faculdade, hoje com 120 alunos, funciona na Igreja da Graça, e os alunos têm a oportunidade de participar de aulas de Ioga, Tai Chi Chuan, Dança de Salão, línguas estrangeiras, coral, teatro, entre outras disciplinas.Jéssica Senra O olhar diferenciado, atento às questões do mundo e do ser humano, é o que a move. Jornalista formada pela Faculdade de Tecnologia e Ciências, Master em Jornalismo pela Universidade de Barcelona/ Columbia University e Mestranda em Estudos de Gênero, Mulheres e Feminismo pela Universidade Federal da Bahia, é apresentadora e editora executiva do Bahia Meio Dia (TV Bahia/Globo), e apresentadora plantonista do Jornal Nacional. Sempre inquieta em relação às injustiças, sentia que seu ofício precisava ter um propósito. Passou pelas redações da Rádio Metrópole, Rádio Sociedade, TV Band Bahia e TV Record, onde foi líder absoluta de audiência por mais de dois anos seguidos. Sempre engajada em temas sociais, recebeu diversos reconhecimentos, como o Prêmio Barbosa Lima Sobrinho de Jornalismo e Direitos Humanos, outorgado pela OAB-BA; destaque de Melhor Documentário de Conteúdo Social, no festival Barcelona VisualSound, na Espanha; o Prêmio ABMP de Profissional de Imprensa; a Medalha do Mérito Policial Militar, entre outros.Linda Bezerra Seu maior fascínio é poder contar histórias. Sua paixão pela sétima arte a levou para a faculdade de Jornalismo, que oferecia disciplinas voltadas para o Cinema. Apesar de apaixonada pela profissão de jornalista, um dos seus maiores sonhos ainda é ser também documentarista ou cineasta. Linda é piauiense de alma baiana. Veio para a Bahia aos 16 anos, se considera uma baiana cultural, fala “baianês” e ama essa terra. Formada pela Universidade Federal da Bahia, passou por veículos de comunicação, foi pauteira nacional da TV Band por muitos anos, enquanto era pauteira também do jornal Correio, onde, hoje, é editora-chefe. Linda acredita que o jornalismo é capaz de transformar vidas. Considera um exemplo concreto o Afro Fashion Day, promovido pelo Correio e que já revelou modelos para o mundo e deu maior visibilidade a dezenas de marcas de moda afro da Bahia. O diálogo com a diversidade, o respeito às diferenças, são premissas básicas em sua vida.Lívia Sant´Anna Vaz Lívia Sant’Anna Vaz, promotora de Justiça da Bahia, sentia que não havia representatividade de mulheres negras, não só na publicidade ou nas escolas particulares que frequentou, mas nas instituições públicas. Na Justiça não era diferente. Mas Lívia faz a diferença. Mais que isso, inovou criando um aplicativo chamado Mapa do Racismo e da Intolerância Religiosa, uma ferramenta de denúncias desenvolvida pela primeira vez no Brasil. A partir desse app, foi possível viabilizar o acesso democrático e desburocratizado à Justiça, sobretudo por aqueles que encontravam dificuldade em ser atendidos nas instituições, e ainda mapear os casos de racismo no estado. Em 2019, Lívia foi contemplada com o Prêmio CNMP, concedido pelo Conselho Nacional do Ministério Público, por esse projeto.Raíssa Martins Desde 2009, Raíssa Martins promove projetos de benfeitoria pública. Primeiro, foi a Revitalização do Apaxes do Tororó, em parceria com Carlinhos Brown; em seguida, o Guia da Música Independente da Bahia, lançado na Grécia; e por fim o movimento Livres Livros, que ganhou forte repercussão. Inicialmente, o projeto foi desacreditado, achava-se que não seria acolhido em Salvador, que as pessoas não gostavam de ler. Mas o poder público começou a apoiar, as empresas e a sociedade também. Criado em 2015, o Livres Livros segue de forma contínua em espaços públicos, sendo um dos maiores projetos de incentivo à leitura no Brasil, alcançando números muito expressivos. Já foram mais de 100 mil livros distribuídos gratuitamente, 56 pontos de leitura favorecendo o acesso aos livros 24 horas ao dia, além das centenas de ações de sensibilização sobre a importância da leitura, desde palestras e atividades de arte-educação promovidas nas comunidades.Ìyá Márcia de Ogum Dedicou sua vida ao combate à intolerância religiosa. Iniciada no Ilê Ase Kale Bokun, em Plataforma, professora de Inglês e Português da rede pública e privada, sempre foi engajada politicamente. Utilizou-se dos seus saberes e da liderança no espaço escolar para discutir e despertar em seus alunos o espírito de luta contra o ódio e o racismo religioso. E logo começou a palestrar mundo afora, em eventos nos Estados Unidos, na Coréia do Sul, em Brasília, em comunidades quilombolas... Em todos os lugares e para todos que acreditam, assim como ela, que o princípio de todas as religiões é o amor. Anualmente, ajuda a promover um encontro inter-religioso, reunindo padres, metodistas, budistas e representantes de outras religiões. Hoje, é Yalorisa do Ilê Ase Ewa Olodumare, em Lauro de Freitas. Foi eleita no Conselho Municipal Político de Cultura de Salvador no segmento Patrimônio Material e Imaterial.
*Sob supervisão do subeditor Ivan Dias Marques