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Naiana Ribeiro
Publicado em 24 de abril de 2018 às 06:10
- Atualizado há 2 anos
O que gambiarras e mototáxis têm em comum? São soluções desenvolvidas para resolver problemas do dia a dia das pessoas. Com ideias tão ou até mais criativas que essas, baianos têm feito história mundo afora com projetos inovadores e tecnológicos. Apesar de ser reconhecida como uma cidade cultural e turística, Salvador ainda não é vista como um polo atrativo de investimentos na área da inovação, tecnologia e Economia Criativa. Pensando nisso, a Vale do Dendê - organização que incentiva o empreendedorismo na periferia e no Centro Histórico de Salvador – criou um programa para impulsionar os negócios locais nas áreas de moda, gastronomia, artes e tecnologia. Aceleradora é resultado do compartilhamento de competências entre o Prof. Dr. Hélio Santos, a relações públicas Ítala Herta, o publicitário Paulo Rogério Nunes e o jornalista Rosenildo Ferreira (Foto: Ulisses Dumas/Divulgação) A aceleradora, que funciona como um guarda-chuva de conhecimento e integração para ajudar os novos negócios, selecionou 30 projetos para a primeira etapa de pré-aceleração. Neste mês, os empreendedores estão participando de treinamentos no Espaço Cultural da Barroquinha para defender seus projetos a uma banca composta por integrantes da academia, executivos e empresários. “Somos um canal que dá ferramentas para que empreendedores potentes, promissores e de alto nível cresçam. Nesse primeiro ano do programa, recebemos 107 inscrições de projetos”, explica Ítala Herta, diretora de operações da Vale do Dendê. Segundo Ítala, projeto empodera ideias locais (Foto: Divulgação) Foram avaliadas a viabilidade técnica e o potencial de escala das soluções criativas, além da inovação e criatividade. “Tecnologia social e na metodologia dos processos ou do produto também são critérios importantíssimos avaliados nos projetos. As pessoas acham que a periferia não produz tecnologia, mas soluções criativas surgem a partir de situações de vulnerabilidade. A partir delas, criamos soluções práticas para situações cotidianas”, destaca Ítala.
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O programa também busca evidenciar a efervescência da capital baiana, berço de muitas ideias inovadoras tecnológicas:“Existe uma narrativa muito equivocada de que tecnologia é feita dentro de um laboratório, com um monte de homem branco. Mas as comunidades locais produzem muitas soluções”.Na seleção, a Vale do Dendê priorizou ainda negócios com mulheres, jovens, afrodescendentes e moradores de periferia, que não estão no radar dos grandes investidores. Os dez projetos selecionados vão defender a viabilidade financeira e os benefícios para a sociedade das suas ideias nos dias 10 e 11 de maio. Ganharão também espaço de trabalho gratuito por seis meses e receberão apoio para encontrar investidores. Os próximos workshops do programa acontecem no Espaço Cultural da Barroquinha nesta sexta, sábado e domingo. Com participação da psicóloga e empreendedora Maitê Lourenço, idealizadora da BlackRocks Startups, a palestra de sexta, às 19h, é aberta ao público e tem entrada franca.
Criatividade na veia Exemplo de que a capital baiana não fica pra trás quando o assunto é tecnologia, o produtor de eventos Ricardo Silva, 36 anos, busca expandir a atuação do Gamepólitan - maior evento de jogos do Norte/Nordeste - para cidades do interior do estado, como Bom Jesus da Lapa, Candeias, Irecê, Teixeira de Freitas, entre outras - levando o conteúdo inovador para mais comunidades. Por isso, inscreveu uma versão menor do projeto no Vale do Dendê. “Percebemos que temos uma grande parcela do público do interior do estado. Como não existe um vetor de convergência que chegue lá, não há noção de tudo que pode ser produzido nessas localidades. Quando acontece um evento como esse – que une gamers, investidores e mercado - impactamos a localidade como um todo. As pessoas passam a ver possibilidades no segmento de tecnologia e, quem já gosta, tem uma luz no fim do túnel - e pode conhecer os caminhos para atingir seu sonho”. Ricardo Silva quer Gamepólitan em mais cidades (Foto: Caio Lirio/Divulgação) A jornalista Lorena Ifé, 29, também foi selecionada para o processo de pré-aceleração, que tem patrocínio da Fundação Alphaville e Itaú Social. A empreendedora criou um grupo no Facebook, o Afrodengo, que reúne hoje mais de 40 mil pessoas negras interessadas em paquerar e quer transformar sua ideia em um aplicativo. “Quando pensei no grupo, foi por utilizar outros aplicativos e ver que a quantidade de pessoas negras é muito baixa. A existência dele funcionará também como forma de combater ao racismo, fortalecendo nossa rede”, afirma. (Foto: Heder Novaes/Divulgação) Segundo ela, a Vale do Dendê fornece ferramentas para tirar sua ideia do papel. “A gente vive numa disparidade: pessoas brancas e de regiões privilegiadas têm mais oportunidades e acesso a conhecimento para desenvolver suas ideias. Com esse edital, mostramos que também temos boas ideias. Só precisamos de mais espaço”.
Inpiração para empreendedores O quê: Palestra do programa de pré-aceleração Vale do Dendê com Maitê Lourenço, da BlackRocks Startups Quando: Sexta (27), às 19h Quanto: Entrada franca e aberta ao público Onde: Espaço Cultural da Barroquinha (Praça Castro Alves - Salvador)