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Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
O censo recentemente divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) demonstrou o crescimento do ensino superior no país e, mais do que tudo, que essa expansão ocorreu, essencialmente, pelo aumento, entre 2006 a 2016, das universidades públicas: passamos de 92 para 108. Acrescente-se a isso o crescimento do institutos federais de educação superior, que eram 33 em 2006 e passaram para 40 em 2016, todos com campi espalhados pelo interior dos seus estados. Um olhar amiúde para outros dados nos permite ver o crescimento das universidades federais: em 2002, eram 45, com seus 148 campi, e hoje são 63, com 321 campi. Na Bahia, como tenho insistido, temos hoje 12 instituições de ensino superior públicas, e não custa nominá-las: Ufba, UFRB, Univasf, Ufob, Ufsba e Unila (Campus dos Malês/São Francisco do Conde), as federais; Uneb, Uesb, Uesc e Uefs, estaduais, e mais o Ifba e o IFBaiano, com um sem número de campi tomando praticamente todo o território baiano. Fica claro, com esses dados, que a democratização do ensino superior está acontecendo por conta de corretas políticas públicas que propiciaram a expansão do sistema público de ensino superior. Essas instituições têm formado profissionais em todas as áreas e realizado pesquisas de ponta, juntamente com os centros de pesquisas instalados aqui na Bahia, a exemplo da Fiocruz. No entanto, estamos vendo, cotidianamente, na grande mídia e nas palavras dos candidatos um verdadeiro ataque às universidades públicas, intensificado após o triste acontecimento do incêndio do Museu Nacional, administrado pela UFRJ. Antes disso, um relatório do Banco Mundial foi amplamente divulgado (Um Ajuste Justo – Análise da Eficiência e Equidade do Gasto Público no Brasil) e buscou desqualificar o nossos sistema público de educação superior, o que foi analisado em detalhes e duramente criticado pelos colegas professores da Ufba Luiz Filgueiras, Uallace Moreira e Graça Druck. A tônica dos ataques é sempre a ineficiência das instituições e a necessidade de cobrança de mensalidades dos alunos. Esse não é um movimento novo. Desde que na Ufba entrei como professor, em 1978, temos lutado em defesa na educação pública em todos os níveis, e a nossa SBPC vem, desde a sua criação, em 1946, manifestando-se de forma contundente em defesa de mais investimentos em educação, ciência e tecnologia em nosso país. Recentemente, produzimos uma Carta de Compromissos em Defesa da Ciência, Tecnologia e Inovação, convidando os candidatos que tenham maior sensibilidade e visão sobre o significado estratégico para o país do desenvolvimento educacional e científico a assinarem a referida carta. O mesmo foi feito com os candidatos à Presidência da República, independente de partidos. Tudo porque, para nós, um país só será livre e com justiça social se, de fato, tiver um consolidado e amplo sistema de educação, ciência e tecnologia.Nelson Pretto é professor da Faculdade de Educação da Ufba e conselheiro da SBPC
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