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Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2020 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
De 48 para três horas. Essa é a redução no tempo de diagnóstico do novo coronavírus, oferecido por um equipamento da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O processo, é o mesmo que foi capaz de identificar o zika vírus há cinco anos.
Trata-se de um equipamento batizado de Real Timer e que realiza um processo chamado RT-PCR. “Esse equipamento faz uma reação que é capaz de identificar o material genético do vírus e é isso que os laboratórios utilizam para cravar o diagnóstico”, explica o pesquisador e virologista Gúbio Soares. Segundo ele, todo o processo, que confirma o diagnóstico, pode ser concluído em até três horas.
Hoje, segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o processo de diagnóstico precisa ser confirmado fora do estado. As análises começam no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Salvador, mas precisam ser finalizadas no Rio de Janeiro.
“O material de algum paciente suspeito é encaminhado para o Lacen-Ba, onde serão feitos testes para vírus respiratórios com circulação no país, como H1N1. Em casos de negativo para essas análises iniciais, o material deve ser encaminhado para o laboratório de referência para a Bahia, que é a Fiocruz, no Rio”, diz a nota da Sesab.
Questionada sobre o tempo até a obtenção de um diagnóstico final, a Sesab respondeu apenas que “ainda não há comunicado oficial quanto ao tempo para o resultado”. Segundo Gúbio Soares, o processo pode durar 48 horas.
Eficiência
Ainda segundo Soares, este processo que pode ser realizado na Ufba é a forma mais eficiente para, atualmente, cravar um diagnóstico. “Ainda não existem testes imunológicos para detectar anticorpos contra o vírus porque ele é novo”, explica o pesquisador. O equipamento, que chegou à universidade no final de 2019, é uma versão ainda mais moderna do mesmo usado na identificação do Zika, em 2015.
A previsão é que ele seja capaz de realizar a análise de 90 amostras por mês. A identificação, no entanto, ainda não foi realizada justamente pela falta de amostras circulando na Bahia. O estado só relatou dois casos suspeitos, no começo da epidemia de coronavírus, em janeiro, mas nenhum deles foi confirmado. Atualmente, nove casos suspeitos são avaliados, nenhum deles na região Nordeste.
Os casos suspeitos no estado seguiram o procedimento padrão da Sesab. Questionada, a pasta não respondeu se pretende utilizar a tecnologia disponível na Ufba.
Tratamento
A médica infectologista Clarissa Cerqueira Ramos explica que a redução no tempo de confirmação do diagnóstico não influencia no tratamento do doente, já que o Coronavírus é tratado com os mesmos parâmetros de outras doenças respiratórias e não há ainda qualquer medicamento ou vacina específicos para o novo diagnóstico. “O diagnóstico mais rápido ajuda no lado da saúde pública. Para que as medidas de controle necessárias sejam tomadas com mais celeridade. E tem a questão dos custos de um isolamento também”, detalha a profissional. Clarissa explica que, quando existe a suspeita, o paciente é colocado em isolamento, justamente por conta das características de contágio da doença. Este isolamento gera custos para a unidade de saúde porque necessidade de diversos materiais para ser eficiente, tais como capas, luvas, e máscaras especiais.
Quanto mais demorado for o processo de diagnóstico da doença, mais chances de se manter um paciente isolado sem a real necessidade, o que geraria custos extras no tratamento desse doente.
*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier.