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Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2021 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Quem pensa que o movimento de busca pelo Litoral Norte como um espaço para a moradia é algo passageiro e ligado à pandemia do coronavírus engana-se. O futuro dos nove municípios da região passa tanto pelo desenvolvimento de serviços relacionados ao turismo quanto pela oferta de condições de infraestrutura para moradias permanentes.
A preparação da região com pouco mais de 200 quilômetros de costa para atender a essas demandas foi o tema do programa Política & Economia realizado ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas). O arquiteto e urbanista Ernesto Carvalho e o secretário do Turismo de Mata de São João foram os convidados do jornalista Donaldson Gomes. “O Litoral Norte da Bahia é uma realidade há muitos anos. O que aconteceu após a pandemia é que a população de Salvador, principalmente, que enxergava a região como um local de veraneio, mas após a pandemia passou a ser visto como uma alternativa de moradia permanente, ou de segunda moradia”, explica Ernesto Carvalho, que é professor da Unijorge. Segundo ele, a busca por mais qualidade de vida durante o período de isolamento permitiu que as pessoas percebessem que a região possui uma boa infraestrutura para viver em tempo integral. “O que explica o sucesso do Litoral Norte neste processo é que lá já existe uma boa infraestrutura para viver com qualidade. Não estaria acontecendo essa expansão se a população percebesse que iria mudar para um lugar pior. Ninguém quer viver mal”, pondera.
Morador da região há quase 30 anos, o Alexandre Rossi conta que sente falta de muito pouca coisa em matéria de serviços. Segundo ele, atualmente o que a população ainda precisa buscar em Salvador, por exemplo, são atendimentos de alta complexidade na área da saúde. Mas fora isso, ele disse que encontra tudo por lá, com algumas vantagens: “acabei de acompanhar um pôr do sol lindo aqui na Praia do Forte”.
Rossi conta que a transformação do município e de locais como Praia do Forte e Imbassaí em áreas desejadas por visitantes de todo o mundo passou por um trabalho de busca por melhorar a qualidade de vida da população local. “É um mantra isso, mas só é bom para o turista aquilo que é bom para a população. Se nós trabalhamos para melhorar a vida das pessoas, naturalmente o local se torna atrativo para quem visita também”, ressalta o secretário.
“A gente tem em nosso DNA a vocação para o turismo. Bem lá atrás, éramos conhecidos pela potencialidade da Praia do Forte. Aí Imbassaí começa a se desenvolver, mas sempre mantendo uma característica bucólica”, conta. Segundo ele, desde 2005 a atividade passou a desempenhar um papel econômico central na cidade.“A arrecadação do turismo é muito forte, seja pelo ISS ou o IPTU, porém o mais importante impacto está na geração de empregos e renda”, lembra. Atualmente, a rede de hospedagem de Mata do São João soma um total de 9,3 mil leitos, diz. Uma das áreas que são foco de investimentos na região é a de infraestrutura. Há um esforço por parte da Prefeitura no sentido de ampliar a acessibilidade, principalmente para ciclistas. Alexandre Rossi destaca as obras da Ligação Imbassaí Praia do Forte, com aproximadamente 10 quilômetros de extensão, ligando os dois balneários.
As obras são tocadas a partir de um termo de ajustamento de conduta entre o município e empresários, que se comprometeram a construir os trechos que passam por seus terrenos. “Isso vai permitir acesso a novos locais e vai ajudar a ampliar a permanência dos turistas”, acredita.
Outra medida neste sentido, de oferecer novas atrações, é o show de luzes que deve ser inaugurado no Castelo Gárcia D’ávila nos próximos dias. A ideia é contar através das paredes da fortificação um pouco da história do Brasil.
Para o arquiteto e urbanista Ernesto Carvalho, o uso racional de estruturas históricas, como o castelo, é muito importante para fins educacionais, além de auxiliar no processo de preservação do patrimônio. “Quando alguém visita, tem a possibilidade de conhecer um pouco mais da história, isso cria uma ligação que facilita o cuidado”, acredita.
O urbanista defendeu a necessidade de que o planejamento do futuro do Litoral Norte seja feito de maneira integrada entre os municípios que fazem parte daquela região, mas também envolvendo todos os interessados. “É importante que a iniciativa privada também participe deste processo. Seria um erro imaginar que as soluções devam partir exclusivamente do poder público”, avisa.
O Boom do Litoral Norte é uma realização do jornal Correio com o patrocínio da Prima Empreendimentos.