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Vitor Villar
Publicado em 22 de maio de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Não há pressão pelo resultado que atrapalhe o momento de Ronaldo na quinta-feira (24). Depois de mais de três anos treinando no profissional, o goleiro de 21 anos vai enfim disputar o seu primeiro jogo.>
A partida contra o Sampaio Corrêa, pela quartas de final da Copa do Nordeste, no Barradão, será o ponto alto de uma história que começou há sete anos, quando Ronaldo passou pela peneira para a base do Leão. Detalhe: o goleiro contou com o improvável para ser aceito.>
“Na verdade não estou ansioso, estou muito tranquilo, com vontade de jogar. Esperei por essa chance e os profissionais do Vitória me prepararam pra isso. Trabalhei muito, então estou confiante”, disse ao CORREIO.>
Nascido em Salvador, Ronaldo cresceu em Cruz das Almas, no Recôncavo do estado. Por lá, como muitos outros garotos interioranos, jogou na Associação Atlética do Banco do Brasil – a famosa AABB – da cidade.>
O detalhe é que por lá Ronaldo era centroavante. “Jogava muito pouco de goleiro, só de vez em quando, para rodar o time”, diz o garoto, hoje com 1,94 metro de altura.>
Aos 14 anos, se aventurou numa seleção para o Vitória: “Fui fazer o teste como atacante, até levei o material de atacante. Mas chegando lá tinha muita gente. Sabe como é, né, todo mundo só quer ser atacante e meia”, conta.>
“No meio do teste, o professor parou e me perguntou por que eu não ia pro gol, já que eu era o mais alto... Nem acho que tenha ido tão bem assim, mas eles gostaram e me aprovaram (risos)”, completa Ronaldo.>
“Mas aí me disseram: ‘você só pode ficar se for para treinar como goleiro’, porque tinha muita gente melhor do que eu para o ataque (risos). Como é que não fica?”, diz.Melhor goleiro Deu certo. Ronaldo foi evoluindo na base rubro-negra até 2014, quando se destacou. Naquele ano, chegou à final da Copa do Brasil Sub-20, ao lado de colegas como David, Ramon e Flávio. O Vitória acabou perdendo o bicampeonato para o Internacional, mas Ronaldo foi escolhido o melhor goleiro do torneio. Um mês depois, já no início da temporada 2015, ele foi integrado ao profissional. Aos 18 anos, disputava posição com dois amigos: Wallace – falecido em acidente de carro no início deste ano –, que era um ano mais velho, e Caíque, um ano mais novo. O mais velho teve a primeira oportunidade, em jogo do Baiano de 2016, contra o Feirense, quando o titular Fernando Miguel se machucou. Acabou não indo bem. No duelo seguinte, um Ba-Vi, a chance poderia ser de Ronaldo, mas Vagner Mancini optou por Caíque. O resto da história já é conhecida. Foram, portanto, três anos de treinos e vendo os jogos do banco de reservas. “Entendi que eu tinha que esperar, respeitar a decisão dos treinadores que passaram por aqui e só trabalhar. A gente confia em Deus e trabalha forte, sabia que um dia a minha chance chegaria”, conta o goleiro.>
Sem Elias, que não foi inscrito a tempo de participar da Copa do Nordeste, e Caíque, barrado pela comissão técnica, a oportunidade, enfim, sorriu para Ronaldo. E ele espera contar com toda a família para prestigiá-lo. “Vêm de Cruz das Almas meu pai, minha mãe e meu irmão. Pedi até para trazer mais gente, fazer uma caravanazinha... Sabe como é, cidade pequena, todo mundo fica sabendo e quer vir. Só minha namorada não vem, porque tem faculdade na hora”, lamenta o garoto.>