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Filme se destaca mais por momentos cômicos do que por cenas tradicionais de um filme de heróis
Roberto Midlej
Publicado em 15 de junho de 2023 às 00:18
Provavelmente, os fãs mais ortodoxos dos super-heróis da DC vão torcer o nariz para The Flash, que estreia nesta quinta-feira (15) nos cinemas. E isso deve acontecer porque o filme é um escracho, quase durante toda a sua projeção, de duas horas e 24 minutos. Uma comédia disfarçada de filme de ação, mais ou menos como o primeiro Shazam (2019), tão divertido quanto esta estreia.
O maior mérito do filme é não se levar a sério, fazendo piadas com alguns equívocos da própria Warner, como o fato de um dia ter cogitado escalar Nicolas Cage como o Super-Homem. Mas influenciadores mais radicais que já viram o filme já estão protestando contra o bom-humor supostamente excessivo do longa-metragem. Mas, convenhamos, quando super-heróis querem se levar muito a sério ou, por exemplo, passam por crises existenciais e filosóficas, a coisa fica meio patética. E, na maioria das vezes não cola.
E, goste-se ou não, outra grande virtude desse lançamento é a presença de Ezra Miller no papel-título. O ator de 30 anos passou por uma série de problemas com a Justiça americana, tendo sido preso mais de uma vez acusado de roubo, envolvimento em brigas e invasão de domicílio. Mas Ezra, conhecido também por sua atuação em Animais Fantásticos, consegue conquistar o espectador, embora, para isso, seja necessário esquecer os rolos em que o ator se envolveu na corte americana.
A HISTÓRIA
Na nova aventura da DC, Barry Allen - nome do The Flash "humano", antes de se transformar no herói - descobre que, com sua incrível velocidade, é capaz de viajar no tempo. E, dessa maneira, ele conseguiria provar que seu pai, Henry, prestes a ir a julgamento, não é o culpado pela morte da mãe do garoto. Mas aí ele se dá conta: se pode viajar para inocentar o pai, por que não evitar a morte da mãe?
E o que se vê daí pra frente é algo muito parecido com outros filmes que já trataram de viagem no tempo, tema exaustivamente tratado no cinema. No caso de The Flash, remete-se, principalmente, a dois longas: De Volta Para o Futuro e Efeito Borboleta. O primeiro, aliás, é lembrado explicitamente, quando dá origem a uma das boas piadas do filme.
Há ainda outra semelhança a De Volta Para o Futuro: o Batman/Bruce Wayne interpretado por Ben Affleck neste The Flash funciona como um conselheiro de Barry e faz um alerta a ele, para que esqueça a ideia de viajar no tempo: "Você pode destruir tudo". Impossível não lembrar do Dr. Brown (Christopher Lloyd) desaconselhando Marty McFly, quando o adolescente deseja ir ao passado para ficar milionário realizando apostas esportivas, uma vez que já saberá o resultado de todos os jogos.
Mas, teimoso, Barry não escuta Bruce Wayne e resolve encarar a viagem. O resultado, claro, é que ele, ao criar um universo paralelo para salvar a vida da mãe, descobre um mundo em que não existem super-heróis como o Super-Homem e a Mulher Maravilha. E como ele poderá salvar sozinho o planeta, que está em perigo?
No universo paralelo, o único resquício de herói que ele encontra é um Batman aposentado, que vive quase como um indigente em sua mansão. Um detalhe: este outro Homem Morcego já não é Ben Affleck, mas Michael Keaton, que interpretou o herói no filme de 1989, dirigido por Tim Burton. E mais confusão: Barry vai encontrar uma outra versão dele mesmo, um adolescente meio abobalhado e confuso, que nem de longe está preparado para ser um super-herói capaz de salvar o mundo.
Portanto, não vá esperando batalhas épicas, vilões terríveis, cenas estonteantes de ação - embora haja algumas - nem super-heróis que andam o tempo inteiro em linha reta. E, se seguir essa receita, terá grandes chances de se divertir nessas quase duas horas e meia que até passam rápido.