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Roberto Midlej
Publicado em 17 de novembro de 2022 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Uma produção baiana, com um elenco predominantemente negro e que trata de temas ligados à negritude. É isso que o público baiano vai ver neste domingo, após o Fantástico, às 23h, quando será transmitido o telefilme Beleza da Noite, com roteiro de Gilson Oliveira e direção de Dayse Porto e Cecília Amado. A transmissão, não por acaso, acontece no dia 20, Dia da Consciência Negra.
Beleza da Noite é uma história de ficção que tem como protagonista uma família que vive no bairro da Liberdade, em Salvador. Michellini (Larissa Luz) trabalha como babá e decide dar de presente uma boneca para a filha de sete anos, Suellen (Mayana Aleixo). Mas, para a decepção da mãe, a menina escolhe uma boneca branca em vez de uma de pele preta.
É aí que Michellini passa a se questionar sobre a beleza negra e a autoestima do povo preto. Numa conversa com duas amigas, ela é convencida a participar do Concurso da Beleza Negra do Ilê Aiyê e assim, quem sabe, mudar a impressão que Suellen tem sobre a beleza do povo preto. Larissa Luz vive Michellini Gildon diz que queria uma história familiar, que mostrasse mulheres de gerações diferentes e que também revelasse as difucldades financeiras que as mulheres passam para criar seus filhos. Além disso, queria mostrar como se dá a construção de identidade."E escolhi o Ilê como lugar central da história porque ele há muitos anos contribui para essa construção de identidade na Bahia. O Beleza Negra é mais que um concurso: representa a valorização de uma comunidade", afirma o roteirista.O autor se identifica como um escritor melodramático, mas no "bom" sentido, diz ele: "Gosto de uma história popular e que apela para emoções. Nessa história, penso em minha vida, em minha família". Algumas experiências que que Gildon vivenciou inspiraram momentos do telefilme, como, por exemplo, a história da avó dele, que passou sacrifícios para criar os filhos. "Cresci ouvindo isso sobre ela", lembra.
O projeto de Beleza da Noite foi apresentado à TV Bahia numa espécie de concurso que a emissora abriu e foi aprovado em 2019. Mas, com a pandemia, precisou ser adiado. O telefilme é uma realização da Globo Filmes e Movida Conteúdo, com apoio da TV Bahia.
Dayse Porto, que, além de dirigir o especial, é criadora da Movida, ressalta que 150 pessoas trabalharam na produção, 100% baiana. A equipe de ftografia é toda negra, incluindo direção de fotografia e assistentes. A gravação aconteceu em duas semanas, sempre em locações e nunca em estúdio. O público vai reconhecer, além da Liberdade, regiões como a Cidade Baixa e o Rio Vermelho.
A codiretora se entusiasma ao falar de Mayana Aleixo, a atriz mirim que vive Suellen. Para Dayse, a menina é "uma joia":"Fizemos uma chamada aberta, nas redes sociais e Mayana apareceu, inscrita pela madrinha. A mãe dela nem sabia. Ela nunca havia feito participação em publicidade nem cursos. E chegou como a gente queria!".Larissa Luz, que interpreta a candidata a deusa do Ébano, fala de sua satisfação no papel: "Toda mulher preta tem um pouco esse sonho de ser a Deusa do Ébano, então eu também realizei um sonho vivendo isso na ficção. Então essa história é sobre isso, sobre encontros de mulheres, de histórias, de gerações, de sonhos e realizações". O roteirista Gildon Oliveira com as diretoras Dayse Porto e Cecilia Amado Edvana Carvalho vive a mãe de Michellini e diz ter se emocionado no papel: “Desde que li o roteiro eu me vi representada em todas as mulheres que tem na história. Eu chorei quando eu peguei o roteiro para ler, chorei fazendo e chorei assistindo...".
Exibição: na Globo/TV Bahia. Domingo, dia 20, às 23h