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Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2018 às 15:36
- Atualizado há 2 anos
Fila de ônibus e trânsito complicado no bairro da Santa Cruz, na manhã desta terça (Foto: Marina Silva/CORREIO) Desde que o policial militar Gustavo Gonzaga da Silva, 44 anos, foi torturado e morto por traficantes na Santa Cruz, em Salvador, na madrugada de sábado (9), o policiamento na região foi reforçado. Com a mudança na rotina, vieram também as abordagens policiais truculentas a taxistas que circulam pelo bairro e no restante do Complexo do Nordeste de Amaralina (que incluem, além dos bairros de Santa Cruz e Nordeste de Amaralina, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho). A denúncia foi feita pela Associação Geral dos Taxistas da Bahia (AGT).
Entre esta segunda-feira (11) e terça (12), quatro homens morreram na Santa Cruz em alegadas trocas de tiros com a polícia.
De acordo com a AGT, nos últimos três dias, pelo menos 10 taxistas foram abordados pela polícia sob a acusação de facilitar a fuga de bandidos dos bairros que fazem parte do complexo.
Segundo o representante da AGT, Dennys Paim, os episódios têm se repetido todos os dias da mesma forma: os policiais param os táxis, abordam os profissionais e os acusam de dar fuga aos traficantes. "Os taxistas estão sendo oprimidos pela polícia, estão sendo confundidos. Estão sendo acusados de dar fuga para deliquentes. Nós estamos repudiando essas atitudes vindo a público para dizer que existe todo tipo de profissional dentro de uma categoria, mas é preciso não generalizar, acusando a todos", defende Dennys. De acordo com ele, os taxistas recebem as solicitações das corridas por meio de aplicativos e via rádio, sendo impossível saber, por exemplo, quem está do outro lado da tela ou da linha telefônica."Os taxistas fazem corridas em todos os cantos da cidade sem restringir qualquer tipo de pessoa. Eles fazem um serviço diário de locomoção de milhares de pessoas todos os dias", acrescenta o representante da AGT. Abordagens Em nota, a Polícia Militar informou que operações de policiamento de trânsito são comuns e rotineiras na atividade policial. A seleção do veículo a ser abordado, informou ainda a PM, segue uma "doutrina de técnicas policiais baseadas no conceito legal da fundada suspeita".
A PM afirma também que não há nenhuma irregularidade nas abordagens. "Pelo contrário, isso aumenta a segurança dos passageiros e dos taxistas", destaca.
A PM orienta que, caso algum cidadão sinta-se abusado, constrangido ou presencie uma ação policial inadequada, registre o fato na Ouvidoria, através do 0800 284 0011 ou pelo site da Polícia Militar clicando na seção Ouvidoria. Os canais preservam a identidade de quem denuncia. Até aqui, segundo a corporação, nenhum taxista denunciou as abordagens.
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Caso O representante da AGT é a favor das abordagens, mas reafirma que os taxistas não têm controle sobre quem atende, e por isso não podem ser tratados como criminosos também.
Para exemplificar isso, ele citou o caso de uma taxista, que atendeu ao pedido de uma corrida feita por uma transeunte no Complexo de Amaralina. A cliente solicitou o serviço alegando que alguém estava passando mal e que precisava ser levada a uma unidade de saúde.
Ao chegar no local, no entanto, a corrida era para outras pessoas. Um adolescente e mais duas mulheres. A taxista contou que os três, aparentemente, estavam fugindo do local."Eu carreguei um vagabundo no meu carro. Eu poderia ter sido metralhada por alguém ali. Dei fuga para um cara que estava 'entocado' em uma rua. A cliente usou a malemolência dela dizendo que alguém estava passando mal. Quando cheguei no local, não era nada daquilo", relatou a motorista, em um áudio compartilhado em um grupo de taxistas no WhatsApp.