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Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 18:35
- Atualizado há 2 anos
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu arquivar o inquérito que apurava a denúncia de suposta injúria racial que teria sido cometida pelo meia Ramírez, do Bahia, contra o volante Gerson, do Flamengo. A decisão do relator Maurício Neves Fonseca foi divulgada nesta quinta-feira (11).>
O inquérito foi concluído após o STJD analisar as imagens da partida entre Bahia e Flamengo e colher depoimentos do jogador do Bahia, do árbitro e delegado do jogo, e do técnico Mano Menezes, que na época comandava o tricolor.>
O órgão também convocou o volante Gerson, que fez a denúncia, além do zagueiro Nathan e do atacante Bruno Henrique como testemunhas. No entanto, os jogadores do Flamengo não compareceram à audiência e não prestaram depoimento.>
De acordo com o relator, todos os envolvidos que prestaram depoimento no inquérito relataram que não ouviram Ramírez chamar Gerson de negro. O documento diz ainda que até mesmo as testemunhas declararam em depoimento na delegacia, que também não ouviram a suposta injúria.>
"No caso em apreço, temos apenas a palavra isolada do atleta Gerson, que embora tenha sido levada em consideração por este Colendo STJD, tanto que houve a instauração do presente inquérito, ela, por si só, não autoriza o oferecimento de denúncia, eis que desprovida de provas”, diz trecho da decisão. >
Com o arquivamento do processo, o Bahia e Ramírez não correm riscos de serem punidos na esfera esportiva. Já o Flamengo pode sofrer pena por conta da ausência dos seus atletas na audiência de depoimento.>
Uma outra investigação está sendo realizado na esfera criminal, pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Neste processo, Ramírez foi indiciado. O caso foi encaminhado para o Ministério Público do Rio, que vai decidir se apresentará ou não denúncia contra o jogador.>
Entenda o caso>
Durante a partida entre Bahia e Flamengo, vencida pelo time carioca por 4x3, em dezembro do ano passado, no Maracanã, Gerson acusou o colombiano Ramírez de ter falado "cala boca, negro!".>
No momento do suposto ocorrido, houve uma grande discussão no campo, que resultou também em acusação na esfera criminal, investigada pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.>
"O Ramirez, quando tomamos acho que o segundo gol, o Bruno fingiu que ia chutar a bola e ele reclamou com o Bruno. Eu fui falar com ele e ele falou bem assim para mim: "Cala a boca, negro". Eu nunca falei nada disso, porque nunca sofri. Mas isso aí eu não aceito", acusou Gerson em entrevista pós-jogo.>
"Em nenhum fui racista com nenhum dos jogadores, nem com Gerson, nem com qualquer outra pessoa. Acontece que quando fizemos o segundo gol botamos a bola no meio do campo para sair rapidamente e o Bruno Henrique finge e eu arranco a correr e eu digo a Bruno que” jogue rápido, por favor”, "vamos irmão, jogar sério”. Aí ele joga a bola para trás e Gerson, não sei o que me fala, mas eu não compreendo muito o português. Não compreendi o que me disse e falei "joga rápido, irmão", se defendeu Ramírez.>
Ramírez chegou a ser afastado das atividades pelo Bahia, enquanto uma apuração interna foi realizada pelo clube. na leitura labial feita por especialistas contratados pelo tricolor, foi constatado que o jogador não usou a palavra "negro" durante os diálogos.>
Sem a comprovação de que o colombiano havia cometido a injúria, Ramírez foi reintegrado ao elenco do Bahia e vem sendo peça importante na luta do Esquadrão para escapar do rebaixamento. >