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Sextou feliz: baianas de acarajé recebem kits para voltar a trabalhar

Baianas receberam em casa ingredientes como dendê, camarão seco e amendoim

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 20:05

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

"É a nossa sexta-feira feliz. Depois de tanto choro e tanta incerteza agora podemos trabalhar com um pouco de paz". As palavras são de Angelimar Trindade, ou dona Gel como é conhecida. Baiana de acarajé com ponto na garagem de sua casa, no IAPI, há 12 anos, ela é uma das 400 baianas que será beneficiada com um 'Kit Tabuleiro' para poder trabalhar durante a pandemia.

O kit tem dendê, camarão seco, amendoim e todos as demais matérias-primas para as primeiras produções do acarajé e é uma iniciativa da Solar Coca-Cola, empresa que desde o início da pandemia já doou 500 cestas básicas para a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Beiju e Similares (Abam). Dona Gel é uma das 100 baianas beneficiadas na primeira leva de entregas do kit.

Uma pesquisa da Solar Coca-Cola realizada com 340 baianas de toda a Bahia apontou que 81% dessas profissionais estão paradas e sem expectativas de reabrir por conta do baque financeiro que sofreram com a pandemia do coronavírus. Além disso, a pesquisa apontou que 54% das baianas entendia que as melhores medidas de incentivo e apoio para elas são doação e desconto na matéria-prima do acarajé.

Foi esse resultado que motivou a ação a acontecer desta maneira, segundo o diretor-regional da Solar Coca-Cola, Juvenal Taques Fonseca.

"Tudo começou em maio quando ficamos sabendo da situação delas e doamos algumas cestas básicas. Logo percebemos que dava para fazer mais por elas, que estavam impedidas de exercer sua atividade profissional", disse. 

Angelimar conta que a principal preocupação de boa parte das quase 5000 baianas associadas à Abam era saber se teriam fôlego para retomar as atividades. Dona Gel é resistência e pau pra toda obra: nos últimos meses sobreviveu ao coronavírus e buscou várias alternativas para fazer o seu negócio também sobreviver. Aprendeu como lidar com aplicativos e começou a fazer delivery.  Este será o destino do Kit que recebeu, e ela espera que mais colegas entrem na onda.

"Não dá pra ficar vivendo de cesta básica e de auxílio da prefeitura. Uma hora essas doações vão acabar. Tenho incentivado elas a entrar no Ifood e a colocar o tabuleiro na porta. Algumas até já me ouviram e estão vendendo direitinho”, conta.  Presidente da Abam, Rita Santos recebeu seu kit nesta sexta (28) (Foto: Lucas Leawry/Divulgação) As baianas recebem seus kits em casa. A medida, segundo Fonseca, é para evitar que aconteçam aglomerações em um centro de distribuição e também quer oferecer conforto e segurança para as baianas. Hoje, 57% das profissionais do ramo têm entre 41 e 60 anos. Outros 10% estão acima dos 60 anos - grupo de risco do coronavírus.

“Sabemos a capacidade de trabalho, qualidade e força das Baianas nesse ofício que é, sem dúvida, um símbolo da Bahia e do Brasil. Para elas não falta talento e vontade de trabalhar. O que estamos fazendo é apenas dar uma mãozinha para o primeiro passo”, afirma Fabio Acerbi, diretor de Relações Externas da empresa.

A Solar Coca-Cola afirmou em nota que outras ações ainda serão tomadas para beneficiar as baianas. De acordo com a empresa, o programa segue todas as orientações das autoridades de saúde do Estado da Bahia e todas as beneficiadas com a ação participarão de cursos de capacitação que visem garantir o atendimento a protocolos de saúde, segurança e higiene.

Além dos kits, serão fornecidas mais de 9 mil latas refrigerantes, máscaras de proteção, álcool em gel e materiais informativos com protocolos orientados pelo Ministério da Saúde para que as baianas consigam retonar de uma maneira segura.

#ColeComAsBaianasDeAcarajé Desde o primeiro dia do mês de Agosto o CORREIO está com a campanha #colecomasbaianasdeacaraje, iniciativa que surgiu diante do apelo de muitas dessas mulheres que sustentam suas famílias com o bolinho frito no dendê. Com a pandemia, a maioria delas deixou de vender suas iguarias nos fins de tarde. Iniciamos então um projeto que engloba grandes reportagens sobre o acarajé e ações para ajudar as baianas através de doações imediatas.

Além das reportagens especiais no site e no impresso, também produzimos ações audiovisuais nas nossas redes sociais. Essa será apenas a primeira fase da campanha. Em breve, divulgaremos os próximos passos. Por enquanto, cole com as baianas e ajude depositando qualquer quantia na seguinte conta bancária (as doações serão revertidas em cestas básicas).

ABAM - Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Beiju  e Similares. Caixa Econômica FederalCódigo Operação: 003Ag: 4802 Conta corrente: 000056-1CNPJ: 02561067000120