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Salvador tem o mês de novembro mais chuvoso dos últimos cinco anos

Transtorno fez Defesa Civil acionar 10 das 11 sirenes de alerta de risco na cidade

  • Foto do(a) author(a) Hilza Cordeiro
  • Hilza Cordeiro

Publicado em 26 de novembro de 2019 às 20:38

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO
. por Foto: Bruno Wendel/CORREIO

A cidade parou. A chuva torrencial que caiu sobre Salvador, nesta terça-feira (26), interrompeu inúmeros serviços, desabrigou famílias e preocupou os órgãos públicos, que declararam alerta máximo. Em coletiva de imprensa no meio tarde, o prefeito ACM Neto fez um balanço dos impactos e das ações do município para conter os transtornos. Segundo o gestor, o episódio foi totalmente inesperado. A capital registrou o novembro mais chuvoso dos últimos cinco anos, com uma incidência pluviométrica média de 170mm num intervalo de apenas três horas. A média esperada para o mês inteiro era de 106,5mm.

No final da tarde, 331 ocorrências de diversos tipos haviam sido registradas, conforme boletim da Defesa Civil de Salvador (Codesal). As maiores solicitações foram por deslizamento de terra e alagamento de imóvel. O pico do volume de chuva aconteceu entre 7h e 10h da manhã e teve os bairros da Liberdade e São Caetano como os mais atingidos. Nestes dois lugares, choveu 278mm. Outras duas localidades consideradas muito afetadas foram Bom Juá (243,2) e Centro (231,4).

Durante a entrevista para a imprensa, o prefeito ACM Neto disse que, pela primeira vez na história, foi preciso acionar as sirenes de 10 das 11 áreas monitoradas pelo município. São regiões de encosta e que, por isso, ficam em risco durante períodos de chuvas intensas. Estes sistemas começaram a entrar em funcionamento em 2016 e o último a ser instalado foi o de São Caetano, em outubro. As sirenes são acionadas quando o volume de chuvas acumulado em determinada região ultrapassa 150mm em 72 horas.“Uma chuva com essa intensidade vai causar caos em qualquer cidade, não só em Salvador. Nós temos 300 encostas executadas ou em execução na cidade. Uma chuva como essa poderia ter repercussões muito maiores se não fosse por isso. Quando os investimentos acontecem, os efeitos vão sendo menos danosos mesmo diante de algo tão intenso”, afirmou o prefeito. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Desabrigados O dia de chuva forte em Salvador fez com que 478 pessoas, sendo 156 crianças, deixassem suas casas e fossem abrigadas provisoriamente em 10 escolas municipais ou em casas de parentes e vizinhos. Felizmente, não houve registro de vítimas fatais. O prefeito assegurou que as famílias assistidas receberão os devidos auxílios emergenciais, tanto o de moradia quanto o de indenização por perda de bens e equipamentos domésticos.

ACM Neto informou que, atualmente, a prefeitura tem 2.125 pessoas recebendo auxílio-moradia por causa de chuvas e que desembolsou R$ 10 milhões este ano com esse benefício, além de mais R$ 869 mil de indenização por perda de bens.“A prefeitura está pronta para dar o suporte para fazer o abrigamento e pagar o aluguel social. O que a gente pede é que as pessoas não insistam em permanecer nas casas em risco. A gente não tem limite de pagamento para o aluguel. As famílias que necessitarem, vamos fazer o pagamento”, acrescentou.Alagamentos A cidade registrou ainda alagamentos em diversas áreas, sobretudo nas Avenidas ACM, San Martin, Luís Eduardo Magalhães, Luís Tarquínio, Vasco da Gama e também no Largo da Calçada, Largo dos Dois Leões, Vale dos Barris e na subida da Estação Pirajá. A chuva também arrastou lixo e, até às 16h, os garis já tinham recolhido 192 toneladas de lixo, resíduos e entulhos removidos.

Na Avenida ACM, o alagamento foi mais intenso em função da obra do BRT, que provocou o transbordamento do canal. De acordo com o prefeito, a situação já era prevista. “Já sabíamos desses riscos no período de execução da obra porque para a colocação de pilares, a empresa precisa fazer cinco barramentos, então o canal não tem o funcionamento que teria regularmente”, explicou.“Mas é bom lembrar que essa obra vai resolver em definitivo o problema da drenagem naquela região. Sabíamos que se houvesse uma chuva mais intensa, isso poderia acontecer. A partir do próximo ano, com a conclusão da obra, esse episódio não vai mais se repetir”, garantiu. Teve jet ski na comunidade do Bate Facho (Foto: Betto Jr/CORREIO) Desabamentos Em Amaralina, um muro desabou e levou junto dois postes da rede elétrica, suspendendo o serviço de energia na região e impedindo o trânsito. No Dique do Tororó, uma encosta desabou parcialmente em frente ao Restaurante A Porteira. Houve registro ainda de dois protestos de moradores atingidos, um na Av. Suburbana e outro em Bom Juá. A queda de uma encosta na Ladeira do Cacau, entre a Liberdade e São Caetano, também gerou problemas e a localidade foi dada como uma das mais afetadas. No Imbuí, o muro de um condomínio desabou e derrubou um carro que estava no estacionamento. Os destroços da construção invadiram o prédio vizinho.

Temendo novos deslizamentos de terra, a Secretaria Municipal de Saúde fechou três postos de saúde, localizados em Rio Senna, Vale do Matatu e Plataforma. Foram contabilizadas oito ocorrências de árvores caídas na cidade.

Metrô parado Por causa dos alagamentos e do grande volume de água, as operações da Linha 2 do metrô foram interrompidas pelo menos duas vezes e quando foi retomada, os trens circularam em velocidade reduzida entre as estações Acesso Norte e Detran. A Linha 1 não chegou a ser afetada e operou normalmente, conforme informações da CCR Metrô, que administra o transporte.

Os passageiros foram informados sobre a paralisação por meio de avisos sonoros e placas de sinalização. A intensidade foi tanta que o elevador da estação Campo da Pólvora interditado depois de ter ficado alagado.

As pessoas ainda tentaram se deslocar recorrendo aos aplicativos de mobilidade, mas os preços chegaram a ficar até cinco vezes mais caros do que o normal. O CORREIO fez algumas simulações e, no 99POP, o trecho entre os shoppings Barra e da Bahia, que geralmente custa em torno de R$ 17, estava por R$ 102 às 10h29. No Uber, o valor ficava um pouco mais "em conta": R$ 86. Já entre o Acupe de Brotas e a Universidade Federal da Bahia, campus de Ondina, que geralmente sai por R$ 8, estava por R$ 38 às 10h40 no 99pop. No Uber era ainda mais caro, R$ 40.

Aulas canceladas Com as dificuldades de mobilidade, muitas instituições de ensino não viram outra alternativa a não ser cancelar as aulas. Dentre os colégios, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba) e o Antônio Vieira suspenderam as aulas. A Universidade Federal da Bahia (Ufba) também optou por suspender as atividades acadêmicas e administrativas em todos os campi da capital. As faculdades particulares FTC, Unifacs e Unijorge mantiveram a mesma decisão.   As aulas do projeto Universidade Para Todos da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) também não aconteceram, nem em Salvador e nem na RMS. Uma feira de economia criativa da Uneb, que aconteceria no Pelourinho, também precisou ser cancelada.

Na rede estadual de ensino, a orientação da Secretaria Estadual da Educação (SEC) foi que as atividades fossem mantidas, mas cabendo às unidades optar por ter ou não as aulas.

Lojas fechadas Sem clientes e com o comprometimento da mobilidade dos próprios funcionários, muitas lojas não abriram as portas. De acordo com o Sindicato dos Lojistas (Sindlojas), foi registrada uma queda de 80% nas vendas devido ao tempo ruim.“Os consumidores não conseguiram acesso às áreas comerciais. Hoje foi uma coisa excepcional, um tempo horroroso em que as pessoas não conseguiram usar nem carro, nem ônibus, nem metrô, nem aplicativo”, disse Paulo Motta, presidente do sindicato.[[galeria]]

Voos cancelados

Cinco voos foram cancelados no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, e o número de viagens atrasadas ainda estava sendo contabilizado até às 18h desta terça. Pela manhã, quatro aeronaves que pousariam no aeroporto tiveram que desviar a rota e procurar outro terminal.

Segundo a Vinci, concessionária que administra o aeroporto, dos cinco voos cancelados apenas um estava saindo de Salvador. O Passaredo 2207 tinha como destino Barreiras, no Oeste do Estado, deveria ter decolado às 9h30, o que não aconteceu. Os outros quatro voos cancelados até as 17h30 estavam vindo para a capital baiana.

Dois eram da companhia Azul. O 2810 vinha de Guarulhos, às 8h20, e o 2743, deveria ter deixado Ilhéus às 11h45. Os outros dois são da companhia Passaredo. O 2208 tinha como origem Barreiras, às 14h15, e o 2241, estava vindo de Vitória da Conquista, às 08h55.

Mais chuva A previsão de chuva em Salvador estende-se até a quinta-feira (28). Para esta quarta espera-se um índice pluviométrico de 70 mm a 80 mm, segundo estimativa da Codesal. O superintendente da pasta, Sosthenes Macedo, afirmou que as equipes ficarão em regime de trabalho de 24h.“Voltaremos a nos reunir para estudar o nosso trabalho nessa madrugada. Estamos com o solo encharcado, por isso a insistência de pedir às pessoas da área de risco que deixem as suas casas, que vá para casa de parentes, vizinhos ou abrigos da prefeitura”, disse o superintendente, que participou da coletiva.