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Saiba por que o abuso de chá emagrecedor pode ter relação com morte de Paulinha Abelha

Endocrinologista chama a atenção para os riscos de se tomar chás e remédios para perda de peso sem orientação

  • Foto do(a) author(a) Rede Nordeste, JC
  • Rede Nordeste, JC

Publicado em 1 de março de 2022 às 11:45

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Divulgação

A morte da cantora Paulinha Abelha, aos 43 anos, traz um alerta sobre o uso abusivo de medicamentos e chás que prometem o emagrecimento. A morte ocorreu na última quarta-feira (23), 12 dias após o internamento em unidade de terapia intensiva (UTI) em Aracaju. A cantora chegou ao hospital com um quadro de insuficiência renal. Entre os motivos levantados, está a utilização excessiva de chás e remédios diuréticos. Em entrevista ao Fantástico (TV Globo), na noite do domingo (27), o viúvo de Paulinha Abelha, Clevinho Santos, informou que a cantora recorria a esses produtos. "Quase toda semana ela estava tomando, quando tinha show que ela queria 'dar uma secada', também esses chás de emagrecer."

A endocrinologista Lúcia Cordeiro, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia/Regional Pernambuco (SBEM/PE), chama a atenção para os riscos de se tomar chás emagrecedores e remédios para perda de peso sem orientação médica. "Há muitos produtos que dizem ser naturais, com algas e ervas, mas têm um potencial tóxico. É o que acontece com esses chás emagrecedores: eles são diuréticos, desidratam e faz a pessoa perder potássio pela urina. Isso pode levar a dano renal agudo (repentino), causando insuficiência dos rins", explica Lúcia. 

No começo deste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez um alerta sobre o fato de que qualquer produto com propriedades terapêuticas, como aqueles com promessa de emagrecimento, só pode ser comercializado no Brasil com autorização da Anvisa. "E esse comércio só pode ocorrer em farmácias ou drogarias, já que substâncias com propriedades terapêuticas são consideradas medicamentos. A Anvisa lembra que produtos sem registro na agência não oferecem a garantia de eficácia, segurança e qualidade exigida para produtos sob vigilância sanitária. Sem esses requisitos mínimos, os produtos irregulares representam um alto risco de dano e ameaça à saúde das pessoas", disse a Anvisa, em nota emitida no último dia 4. 

O comunicado ainda pede que a população desconfie de produtos com promessas milagrosas, que prometem emagrecimento fácil ou qualquer outro tipo de ação de tratamento, cura ou prevenção de doenças. "Todo produto com ação terapêutica precisa estar regularizado na Anvisa como medicamento."

As alterações hepáticas, que são capazes de levar a uma falência do fígado, também podem ter como causa o uso de chás emagrecedores e remédios diuréticos. "É a condição mais comum associada a esses produtos, que são metabolizados pelo fígado. Mas as toxinas contidas neles também têm potencial de ser maléficas para o rim e o sistema nervoso central", frisa Lúcia Cordeiro.

A endocrinologista esclarece que esses chás e outros produtos que prometem o emagrecimento milagroso e a eliminação repentina do inchaço não passaram por testes científicos. "Essa é a diferença entre eles e os medicamentos aprovados pela Anvisa para ajudar no processo de perda de peso. São medicações que passaram por estudos diversos, em vários tipos de pacientes. Ao prescrevê-las, sabemos sobre a ação e os possíveis efeitos colaterais, que podemos controlar."

Ainda de acordo com Lúcia Cordeiro, infelizmente há pessoas que combinam esses medicamentos com os chás emagrecedores, na intenção de acelerar o emagrecimento. "Isso é um perigo. E também existem pacientes que associam os diuréticos a fórmulas, o que leva a uma alteração, baixa de potássio. Essa condição pode causar uma arritmia e, até mesmo, parada cardíaca", alerta a médica. Ela orienta que a população não utilize produtos sem certificação da Anvisa e que procurem um endocrinologista, especialmente se desejam fazer uso de medicamentos para perda de peso. "A sociedade também tem que entender que não é pelo fato de ser natural que um produto não vai causar efeito colateral", complementa a médica. 

Originalmente publicada no JC Online