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Safra recorde de soja gera aumento da procura por silos na Bahia Farm Show

Plano Safra favorece financiamentos por bancos

  • Foto do(a) author(a) Mario Bitencourt
  • Mario Bitencourt

Publicado em 8 de junho de 2018 às 12:01

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação

A safra de soja 2017/2018 no oeste da Bahia, de 6 milhões de toneladas, um recorde, gerou o aumento na busca por silos (equipamentos de armazenamento de grãos) em até 300% na edição deste ano da Bahia Farm Show, em relação ao ano passado.

A informação é de empresas que comercializam o equipamento, consultadas pelo CORREIO durante a feira, que segue até sábado (9) em Luiz Eduardo Magalhães, uma das principais cidades produtoras de grãos da Bahia.

A alta da safra, que em 2017 foi de 5,2 milhões de toneladas, se dá pelas chuvas bem distribuídas, investimentos em melhoria do solo e em tecnologia de ponta, com equipamentos de primeiro mundo.

Na região, a média da safra da soja deste ano, que terminou em abril, foi de 65 sacas de 60 kg por hectare, mas houve produtor que chegou a colher até 91 sacas no mesmo espaço de terra.

Mas muitos deles não estão preparados para guardar tantos grãos. Entidades ligadas ao setor estimam que cerca de 40% dos produtores do oeste têm silos ou outros equipamentos de armazenagem em suas propriedades.

E a necessidade de armazenagem se tornou mais necessária este ano não só por conta da alta safra, mas também por causa da greve dos caminhoneiros, que fez com que os grãos deixassem de ser enviados para os portos para exportação.

Outro agravante é que as empresas que beneficiam o produto também não tem capacidade de armazenar em seus estabelecimentos tanta soja. O único jeito é armazená-la nas fazendas.

“Ano passado, até o terceiro dia de feira, tinha apenas 10 pedidos de orçamentos de UBG [Unidades de Beneficiamento de Grãos], e este ano já foram feitos mais de 100”, contou o empresário Luiz Melo, dono da Silo Peças.

Até ontem, o empresário já tinha comercializado R$ 5 milhões em silos equipamentos, metade do que ele pretende vender até o final do evento. “Está muito bom o movimento este ano, e temos várias opções de armazenagem para os produtores”, completou.

Gigantes

Os silos são estruturas cilíndricas de tamanho variado. O menor deles, com capacidade para armazenar 600 mil quilos de grãos, tem 9m de diâmetro e 15m de altura. E o maior, com 32m de diâmetro e 28m de altura (quase um prédio de 3 andares), pode armazenar até 15 toneladas – ou 260 mil sacas de grãos.

Mas os silos não vêm sozinhos. Geralmente, eles são acompanhados por secadores, caldeiras e transportadoras para armazenagens dos grãos. Os componentes dependem do projeto do produtor para a sua UBG.

O valor dos silos tem como base a quantidade de grãos que se pretende armazenar e os componentes adicionais, podendo, assim, variar entre R$ 50 e R$ 600 por cada saca de grão, que pode ficar armazenado por até 4 anos. No oeste, segundo vendedores de silos, há produtores que guardam o grão por até 3 anos, deixando-os para vender em épocas que o dólar está em alta.

Assim como boa parte dos equipamentos agrícolas em exposição na Bahia Farm Show, os silos são informatizados. Eles possuem um sistema de termometria que monitora a umidade e o calor dentro do equipamento, e os dados são passados diretamente para um programa que, para o produtor ter acesso, basta apenas estar conectado à internet.

“Quem vai determinar o preço é a necessidade do produtor, e em cima disso montamos um projeto com uma solução para o problema dele”, contou o supervisor comercial da KeplerWeber (empresa que atua no ramo) Renan Sauzen.

Na Bahia Farm Show , tem sido recorrente entre produtores a conversa sobre a soja que ainda está nas fazendas. “Estou com 30 mil sacas [de 60 kg] de grãos ainda parados lá”, comentava o produtor Irineu Armando Rodovalho.

“As tradings [empresas comercializadoras e exportadoras] sumiram, estou preocupado com tanto grão armazenado”, declarou, informando que por enquanto está armazenando a soja num silo bolsa, ao qual os produtores recorrem quando se trata de uma emergência em armazenamento.

O silo bolsa tem baixo custo: com R$ 1.500 se consegue um para armazenar até 180 toneladas de grãos. O silo bolsa tem vida útil de um ano, depois disso tem de ser cortado e descartado. Mas há outros maiores que cabem 3 mil toneladas.

O presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) Celestino Zanella avalia que esse é um momento para investir em armazenagem de grãos. Para ele, o “sumiço” das tradings, do qual se queixou o produtor Rodovalho, é compreensível.

“Elas têm de esperar o tempo dos navios que levam os grãos para a Ásia, não podem carregar por agora. O que temos de fazer é esperar mais um pouco”, disse.

“Ter muito grão armazenado pode gerar alguma preocupação, mas se tem um problema que o produtor adora ter é ter muito grão para vender. Esse ano foram quase 1 milhão de toneladas a mais de grãos, nem as tradings esperavam essa produção. Por isso, essa é uma boa hora para investir em armazenamento”.

Plano Safra favorece financiamentos por bancos

Como o valor de uma UBG às vezes pode sair muito alto, podendo chegar até mais de R$ 4 milhões, os bancos que estão ofertando durante a Bahia Farm Show linhas de crédito que contemplam financiamentos desses equipamentos.

E a procura tem sido grande, segundo relataram gerentes de bancos entrevistados pelo CORREIO. No Banco do Brasil, o gerente de agronegócios Cleverson Rivelino Vieira informou que “já encaminhou dezenas de contratos”.

“Ano passado, fechamos, em termos gerais, mais de R$ 200 milhões em negócios, e para este ano prevemos, pela movimentação, que haverá o dobro de negociações, muitas delas relacionas a equipamentos de armazenamento de grãos”, afirmou.

No BB, as UBGs podem ser financiadas por meio do Programa de Construção e Ampliação de Armazens (PCA), que dá prazo de 15 anos de pagamento, com 3 anos de carência, e juros de 6,5% ao ano.

No Banco do Nordeste, a UBG pode ser financiada pelo Fundo de Financiamento para o Nordeste (FNE), no Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria. “Basta o planejamento do produtor estar bem feito que o crédito é liderado em até uma semana”, garantiu um dos gerentes do banco Ticiano Arrais.

E o financiamento bancário para o agronegócio ficou mais possível de ser feito com o anúncio do Plano Safra 2018/2019, na quarta-feira (6), por parte do governo federal. As taxas de juros de custeio diminuíram 1,5 ponto percentual em relação ao ano passado. Para médios produtores (com renda bruta anual de até R$ 2 milhões), a taxa ficou em 6% e, 7% para os demais.

“Um plano agrícola com baixa de juros chega em boa hora, pois a partir de hoje os negócios começam a aquecer na feira. É importantíssimo para o evento, mas, principalmente, para o produtor rural que nos anos seguintes terá esse compromisso que irá assumir na feira”, avaliou Luiz Pradella, vice-presidente da Aiba.

O valor total do Plano é de R$ 194, 37 bilhões, que podem ser contratados pelos produtores entre 1° de julho deste ano a 30 de junho de 2019. De acordo com o governo, cerca de R$ 151, 1 bilhões vão para crédito de custeio, sendo R$ 118,8 bilhões com juros controlados e R$ 32,3 bilhões com juros livres.

O crédito para investimentos ficou em R$ 40 bilhões. Já os R$ 2,6 bilhões restantes foram destinados ao apoio da comercialização e R$ 600 milhões seguem para subvenção do seguro social.