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Roberto Midlej
Publicado em 26 de outubro de 2020 às 22:50
- Atualizado há 2 anos
Uma das bandas mais importantes dos anos 90, a Mamonas Assassinas seria inviável hoje: “Eles seriam ‘cancelados’ no primeiro refrão”. Essa é a opinião do produtor Rick Bonadio, que trabalhou com o grupo ainda em sua primeira fase, quando se chamava Utopia. Bonadio foi o convidado de Joca Guanaes nesta segunda-feira (26), na live Segundou, no Instagram do CORREIO (@correio24 horas).
“Dinho, que era baiano [da cidade de Irecê], sacaneava negros, gays e nordestinos, mas era tudo uma piada com bom senso e inocência, até. Mas a nossa sociedade vive uma situação de amadurecimento que as pessoas estão, com toda razão, defendendo que não se façam piadas dessa maneira. Como eles eram muito desbocados, ia ser difícil segurar. Então, acho que ia ter muita resistência”, afirmou o produtor paulista de 51 anos, que já trabalhou com Titãs, Charlie Brown Jr., Ira!, Fresno e NxZero. Camisa 10 Joga Bola Até na Chuva, do Charlie Brown Jr, produzido por Bonadio, foi o vencedor do Grammy Latino de 2010 na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro (reprodução) Bonadio foi diretor geral e artístico da divisão brasileira da gravadora Virgin Records até o início dos anos 2000, quando montou sua própria gravadora e produtora, a Arsenal Music, que tinha em seu casting algumas das bandas mais estouradas do país na época, como Fresno, NxZero, Tihuana e CPM 22. Em 2005, a empresa foi vendida para a Universal Music. “O rock brasileiro dos anos 2000 era todo da Arsenal. Vendi, foi um bom dinheiro, mas hoje valeria 50 vezes mais. Não vou vender a Midas Music pra nenhuma multinacional”, afirmou, referindo-se à sua atual empresa, que é gravadora e estúdio.
Um dos assuntos abordados foi a mudança do mercado musical, que saiu da era dos LPs e CDs e passou para a era do streaming. Para o empresário, o consumo de música hoje é mais efêmero e as estratégias, por isso, são outras: "Antes, se lançava um álbum por ano. Então, o artista passava um ano compondo dez ou doze músicas para fazer um disco e a gente tinha até dois anos pra lançar, o que não é mais possível porque o público consome muito rapidamente as músicas", argumentou.
Por outro lado, Bonadio reconheceu que a relação e o apego das pessoas com a música mudaram: "Tem sempre música nova à disposição. Eu sou fã do Queen e às vezes esperava dois ou três anos por um álbum novo. Por outro lado, a gente valorizava mais e, quando comprava um disco, ouvia até gastar. Ouvia todas as músicas e hoje elas acabam sendo um pouco mais descartáveis". Simone e Simaria participaram do DVD de Amado Batista Mas não é apenas com artistas pop que Bonadio trabalha, tanto que, recentemente, produziu Amado Batista, ícone da música romântica. "Envolvendo artistas bons e música boa, estou sempre dentro. Fechei com ele pra lançar um DVD de 50 anos de carreira, ele queria uma modernização, então dirigimos o DVD dele no meu estúdio. Tem umas oito músicas fazendo sucesso, com participação de Maiara e Maraísa, Simone e Simaria, Jorge e Mateus... Os clássicos foram regravados". A empresa de Bonadio também produziu a gravação de um DVD ao vivo de Joelma, que foi vocalista da Banda Calypso e está em carreira solo.
Joca disse que recebeu nas redes sociais mais de 30 músicas gravadas por seus seguidores, pedindo que elas sejam entregues a Bonadio. O produtor então informou um número de Whatsapp exclusivo para receber gravações de artistas que sonham com o estrelato: (11) 96603-5555. Na próxima semana, dia 2, o Segundou vai receber a médica Clarissa Mathias, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).