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Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2021 às 12:44
- Atualizado há 2 anos
Os bairros do Bonfim e Patamares foram os primeiros da capital baiana a receberem o Zona 30, um conceito internacional de engenharia de tráfego que visa reduzir o número de acidentes e mortes no trânsito. A iniciativa, que integra a mobilização do Maio Amarelo, foi implantada pela prefeitura e as mudanças entregues pelo prefeito Bruno Reis e pelo superintendente de Trânsito de Salvador (Transalvador), Marcus Passos, nesta segunda-feira (31), durante solenidade simbólica na Cidade Baixa. Antes, a velocidade permitida na região do Bonfim era de 50km/h, enquanto que no trecho do Greenville não era regulamentada.
De janeiro a abril deste ano, a Transalvador registrou 57.401 infrações por excesso de velocidade. Este número é 50,5% menor se comparado ao mesmo período do ano passado, quando 116.355 notificações foram emitidas por esse tipo de infração. Mesmo com essa diminuição, os números ainda são expressivos e demonstram a necessidade de atenção ao trânsito.
Em Salvador, as melhorias do Zona 30 ocorreram na Baixa do Bonfim e nas ruas no entorno do Condomínio Greenville (Patamares). Nessas localidades, as velocidades máximas foram readequadas para 30 km/h, tornando o trânsito mais humanizado. Além da readequação da velocidade viária, também foi colocada sinalização especial, tanto vertical quanto horizontal, e faixas nas cores verde para alertar os condutores de veículos sobre a passagem de pedestres.
Aliado a isso, houve ainda decoração urbana, promovida por equipes da Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal), com instalação de bancos, esculturas e plantas. A ação resultou em um aspecto mais agradável às vias, fazendo com que o cidadão se sinta acolhido.
“Aqui no Bonfim havia desorganização grande no trânsito, com frequência de acidentes Está comprovado que não há melhor decisão para diminuir o número ocorrências do que a redução das velocidades das vias. Isso não compromete o fluxo do trânsito. Pelo contrário, a partir de ordenamento, na prática, o tempo de deslocamento acaba sendo menor”, destacou o prefeito, anunciando que medidas viárias similares serão adotadas em outras regiões da cidade.
Quem mora na região do Bonfim aprovou o novo conceito de mobilidade. “A sinalização está mais reforçada, trazendo mais segurança para aqueles que são mais vulneráveis no trânsito, que são os pedestres. Aqui é uma área com muitas casas e, agora que ela foi toda revitalizada, muita gente tem saído mais para caminhar”, afirmou o marceneiro José Diniz, 58 anos.
A aposentada Eliana Pereira, 72 anos, acredita que as intervenções trazidas pelo Zona 30 vão promover a reeducação das pessoas. “Muitos motoristas são apressados demais e a velocidade em excesso é o que justamente resulta em atropelamentos, batidas. Numa via com o trânsito mais calmo, ocorrências do tipo tendem a ocorrer bem menos. Ter ruas e avenidas seguras é direito de todos nós cidadãos e acho tudo isso pode ser proporcionado a partir de ações como essa que a Prefeitura está fazendo”, aprovou.
A iniciativa faz parte de uma série de ações promovidas por Salvador desde 2013 no quesito segurança viária. Inclusive, como lembrou o prefeito, a cidade alcançou, com três anos de antecedência – isto é, em 2017 –, uma meta firmada junto à Organização das Nações Unidas (ONU) para reduzir em 50% o número de mortes no trânsito, cujo prazo era 2020.
Novamente, a capital baiana firmou compromisso para avançar ainda mais na segurança viária. “Fomos a primeira Prefeitura do Brasil, este ano, a renovar esse compromisso com a ONU. Até 2030, a meta é reduzir em mais 50% o número de mortes no trânsito e, para isso, avançaremos em ações como o Zona 30 pela cidade”, frisou.
Criado na Alemanha, o Zona 30 já é adotado em diversas cidades da Europa e do Brasil. Esse conceito tem se mostrado uma solução bastante interessante para ser aplicada em locais específicos, já que a implantação necessita de um estudo prévio do comportamento do tráfego no local, priorizando áreas residenciais ou com grande densidade de pedestres.
Exemplos O Zona 30 foi o tema da Semana Global de Segurança Viária promovida pela Organização das Nações Unidades (ONU) este ano, que aconteceu entre os dias 17 e 23 de maio, visando reduzir acidentes e lesões no trânsito. Com o tema “Ruas Pela Vida”, a semana objetivou garantir o cumprimento de velocidades baixas em vias urbanas e conquistar apoio local para se ter cidades mais seguras, saudáveis e habitáveis
Cidades como Nova York, Bogotá, Londres, Paris e São Paulo estão readequando as velocidades das vias, entendendo que essa é uma das formas mais efetivas de se evitar mortes no trânsito. A velocidade inadequada, ou seja, demasiadamente alta para a via, ou excessiva, acima do limite permitido, são algumas das principais causas de acidentes com gravidade no mundo.
Por isso que entidades internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), recomendam a adequação das velocidades no trânsito como forma de diminuição de acidentes. Segundo a OMS, uma redução de até 5% na velocidade média do veículo pode resultar em 30% menos sinistros fatais.
Um estudo divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que um atropelamento a uma velocidade de 60km/h equivale a aproximadamente uma queda do 6º andar, com 98% de chance de o pedestre morrer. Ou seja, quanto mais rápido um veículo estiver trafegando, maiores serão o impacto, o risco de ocorrência de acidente e a gravidade com que o acidente ocorre.