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Quatro corpos de motoristas de app são encontrados dentro de sacos na Mata Escura

Polícia chegou até os corpos após homem ter carro roubado e informar o local

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 13:13

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Bruno Wendel/CORREIO

Quatro motoristas de aplicativos foram encontrados mortos, com sinais de golpes de facão, na manhã desta sexta-feira (13), na comunidade Paz e Vida, no bairro da Mata Escura. Os corpos foram encontrados enrolados em sacos plásticos, numa área de vegetação da localidade, a poucos metros de um barraco, onde as vítimas foram mantidas em cárcere privado, torturadas e depois executadas. 

Um quinto motorista de aplicativo conseguiu escapar dos criminosos e relatou à polícia que todas as vítimas foram atraídas ao local para uma emboscada após atenderem ao chamado de duas travestis, que solicitaram as corridas para a comunidade. Lá, as vítimas foram rendidas uma a uma por três homens ainda não identificados. 

“Ele escapou depois de conseguir se livrar de um dos assassinos e se jogar num matagal. Ele chegou a ser perseguido, mas não conseguiram pegá-lo", contou um agente do DHPP, que esteve na cena do crime. 

Segundo a Polícia Miliar, a vítima que fugiu encontrou nas proximidades policiais do Batalhão de Guardas (BG) do Presídio da Mata Escura. Ele disse que o veículo havia sido abandonado na localidade. A partir da denúncia, policiais da 48ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sussuarana) foram até o local informado.

De acordo com a PM, chegando lá, o carro da vítima foi encontrado, e, durante as busca aos autores do crime, foram encontrados quatro corpos em sacos, e um outro veículo abandonado nas proximidades.

Três mortos foram identificados como: Alisson Silva Damascena dos Santos, 27 anos, Sávio da Silva Dias, 23, e Daniel Santos da Silva, 30, e Genivaldo da Silva Félix, 48. Uma quarta vítima ainda ainda não foi identificada. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

A polícia encontrou quatro dos cinco carros usados pelas vítimas. A Polícia Civil informou que o titular da Delegacia de Homicídios Múltiplos, Odair Carneiro, vai investigar o caso. Nenhum morador da Paz e Vida quis comentar o ocorrido. 

Investigação Por volta das 10h, policiais do DHPP chegaram à Rua Nepal, que fica perto da entrada do bairro Jardim Santo Inácio, onde está a Paz e Vida – uma comunidade formada por barracos de madeira erguidos nos fundos do Complexo Penitenciário da Mata Escura.  "A informação preliminar é que todas as vítimas são motoristas de aplicativo. Já conversamos com alguns parentes, mas estamos confirmando com as empresas Uber e [99] Pop", declarou o delegado Jesus Barbosa, responsável pelo levantamento cadavérico.A polícia ainda não sabe qual a relação entres as vítimas e os autores. “Ainda está tudo muito prematuro e preciso cruzar muitas informações”, disse Barbosa, sem dar mais detalhes. Os corpos foram encontrados ainda dentro da comunidade, num área de estrada de terra."Eram quatro corpos enrolados em lonas e todos apresentavam golpes de facão. A informação que chegou à Polícia Civil é que todas as vítimas eram motoristas de aplicativo, que foram atraídos para o local, colocados em cativeiro por algumas horas, torturados e executados separadamente", declarou o perito médico Marcos Mousinho, do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Ele comentou o fato do suposto envolvimento de duas travestis e três homens no crime. “Sim, alguns policiais comentaram essa versão, mas, para a perícia de local de crime, não é relevante, mas a informação está sendo apurada pela Polícia Civil”, disse Mousinho. 

As vítimas não foram executadas onde os corpos foram deixados. Um rastro de sangue levou os peritos para um barraco, a cerca de 10 metros. Dentro do imóvel, de chão de barro e erguido por pedaços de madeira, no que seria uma sala, havia um fogão velho e poças de sangue. Mais ao fundo, um gambá morto sobre uma cama. Já nos fundos, poças de sangue, em posições distintas. “Foi aqui que eles foram torturados e mortos”, declarou Mousinho. 

Um dos carros dos motoristas foi encontrado abandonado no Centro Industrial de Aratu (Cia). Os demais estavam ainda na comunidade Vida e Paz – dois deles, o Renault Sandero vermelho (PJU-2880), e o Hyundai HB20 (PKL 5B28) estavam próximos de um matagal. Já o Fiat Uno (OVA 9B99) estava estacionado dentro de uma garagem de um barraco vazio – a polícia está à procura também do proprietário da moradia. 

Alguns parentes das vítimas estiveram no local, mas não quiseram falar sobre o assunto. Procurada, a 99 informou que está apurando o caso. Através de nota, a empresa lamentou profundamente a situação e diz que se solidariza com a família das vítimas. "A plataforma reitera que repudia veemente esse tipo de violência e está disponível para colaborar com as investigações da polícia", afirmou. A assessoria da Uber confirmou que alguns dos motoristas faziam parte da plataforma, mas não deu dados individuais. A empresa afirmou em nota que também está ajudando as autoridades policiais na apuração do caso. "A Uber lamenta profundamente o crime brutal e chocante ocorrido em Salvador e se solidariza com os familiares e entes queridos das vítimas nesse momento de consternação", diz o pronunciamento.  Foto: Bruno Wendel/CORREIO