Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Marcela Vilar
Publicado em 18 de setembro de 2020 às 21:24
- Atualizado há 2 anos
O cancelamento das festas de São de João na Bahia por conta da pandemia da covid-19 gerou impactos econômicos expressivos na economia do estado: 77,8% das festas juninas privadas perderam até R$ 100 mil, cada uma, em 2020, de acordo com a pesquisa “Impactos financeiros da covid-19 sobre os festejos juninos na Bahia”, realizada pelo Observatório de Economia Criativa (OBEC-BA). Entre 10 de julho e 31 de agosto de 2020, o estudo ouviu cerca de 190 pessoas diretamente envolvidas com a organização das festas juninas públicas e privadas em todo o estado.
Dados preliminares foram divulgados nessa sexta-feira (18), por uma coletiva de imprensa virtual. A pesquisa do OBEC é em parceria com a União dos Municípios da Bahia (UPB), com o portal “São João na Bahia” e reúne pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
O estudo indica ainda que 57,1% dos profissionais da cultura perderam mais de R$ 10 mil sem a tradicional festa em seus municípios. Já 86,8% dos grupos musicais e bandas perderam acima de R$ 15 mil. Foi a primeira vez desde 1961 que o São João não foi comemorado na Bahia, ano em que uma grande seca acometeu o estado e impediu a realização dos festejos. Em 2020, o problema foi a pandemia de covid-19.
Segundo os pesquisadores, as prefeituras das principais cidades que realizam a festa - Senhor do Bonfim, Amargosa, Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus e Ibicuí - disseram que, para cada R$ 1 milhão investido, existe um retorno de R$ 10 milhões para o município. Ou seja, este ano, cada um deles deixou de arrecadar pelo menos R$ 9 milhões sem os festejos.
Além disso, 85% dos respondentes das festas privadas indicaram ter realizado o cancelamento total de contratos já fechados com artistas e serviços para a edição de 2020. Alguns já tinham inclusive iniciado a venda de ingresso e camisas e representaram 37,5% do total.
Os mais impactados foram os profissionais que trabalham com são joão mais tradicional e não os dos grandes eventos, ligados a grandes festas”, afirma a pesquisadora Lucia Queiroz, uma das coordenadoras da pesquisa.
Estratégias Para sobreviver às perdas econômicas, as estratégias adotadas por esses profissionais culturais foram, em maioria, fazer lives gratuitas (55,3%), sem patrocínios ou vendas de ingressos. A segunda medida mais utilizada para minimizar as perdas foi a revisão de despesas (30,3%), seguido da venda de patrimônio pessoal (22,4%). “Até os instrumentos musicais, que são seus instrumentos de trabalho, eles venderam”, pontuou uma das coordenadoras da pesquisa, Carmen Lima (UNEB).
O observatório apresentou ainda possíveis soluções para dar suporte financeiro a esses trabalhadores, como a promoção de editais e políticas públicas - como renda suplementar e cesta básica - a criação de um crédito especial como existe no setor do turismo e a valorização da tradição local por meio de cachês mais altos e maior presença nas atrações dos shows.
As pesquisadoras também defenderam que o forró seja reconhecido como patrimônio imaterial da Bahia. “É o momento de chamar atenção sobre a importância dessa produção artística e cultural na Bahia. O que a gente tem visto é que pouco se entende sobre a importância social e econômica desses festejos”, disse a pesquisadora Daniele Canedo.
O questionário continua aberto até o fim deste mês, para quem deseja contribuir com a pesquisa. Acesse o site do OBEC pelo link: http://www.obec.ufba.br/covid-festejosjuninos/.