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Gil Santos
Publicado em 21 de julho de 2020 às 12:18
- Atualizado há 2 anos
A três dias da reabertura dos shoppings centers, prevista para acontecer na sexta-feira (24), a prefeitura anunciou nesta terça-feira (21) o planejamento feito pelo município para a reativação da economia da cidade. São 101 ações que foram distribuídas em sete vertentes, e que representam R$ 7 bilhões de investimento. A expectativa é de que mais de 50 mil empregos diretos e indiretos sejam gerados na capital.
Nesta terça, o prefeito ACM Neto apresentou o primeiro desses sete eixos que trata de soluções urbanas para garantir distanciamento seguro para a população, valorização do comércio informal, e prioridade para os pedestres. Na prática, ele prevê ações como a expansão da rede cicloviária da cidade, incentivo ao uso de bikes, e reorganização de alguns espaços, com vias exclusivas para pedestres e vendedores ambulantes.
“Nós não estamos tratando de ações que vão começar no futuro ou que projetam a nova economia para o pós-pandemia. Todas as ações têm como foco principal e fundamental o curto prazo. São ações de resposta imediata e que terão impacto ainda no ano de 2020”, disse o prefeito.
Os outros seis eixos foram listados como obras de infraestrutura e investimentos privados, melhorias do ambiente de negócios, apoio aos pequenos negócios, fortalecimento da economia criativa e de inovação, medidas tributárias e fiscais, e estímulo ao turismo. “São 101 ações para a reativação da economia, com investimento municipal de R$ 1 bilhão e outros R$ 6 bilhões da iniciativa privada, fomentados e articulados pela prefeitura”, afirmou neto. Intervenções
Alguns exemplos citados foram a expansão da ciclovia ligando a Rua Oscar Pontes e Avenida Jequitaia, no bairro da Calçada, e a construção de ciclovias no Vale do Canela, Rua Cônego Pereira, e José Joaquim Seabra, na Baixa dos Sapateiros, entre outros.
A prefeitura também se comprometeu a dar um dia de folga, a cada 15 dias trabalhados, para os servidores públicos que forem trabalhar de bicicleta. Neto também falou que incentivos para as empresas privadas que estimularem os funcionários a fazerem o mesmo, mas não deu detalhes.
Ele apresentou alguns exemplos de ruas que serão interditadas para atenderem exclusivamente aos pedestres e vendedores ambulantes. É o caso da Rua Genebaldo Figueiredo, em Itapuã. Um trecho de 201 metros será de uso exclusivo de quem estiver a pé. Já nas Avenidas Sete de Setembro e Joana Angélica, no Centro, as intervenções serão para liberar os passeios para os pedestres e para a reordenação dos vendedores.
Na Avenida Sete de Setembro, no trecho entre a Praça da Piedade e o Beco Maria da Paz, que tem cerca de 450 metros, serão subtraídas 60 vagas de estacionamento para dar lugar aos ambulantes e pedestres. Na Avenida Joana Angélica as faixas de veículos serão diminuídas para que os passeios possam ser ampliados.
Em Cajazeiras, as ações na Estrada do Coqueiro Grande vão afetar 150 ambulantes, e na Boca do Rio um trecho da Rua Hélio Machado vai se tornar exclusivo para os pedestres. A prefeitura não informou as datas exatas de cada uma dessas intervenções, mas disse que elas serão implantadas de imediato.
Medidas positivas Quem trabalha diretamente com urbanismo e os deslocamentos dentro de uma grande cidade como Salvador enxerga com bons olhos as medidas de interveção anunciadas.
“Salvador é uma cidade muito densa, e a densidade vai na contramão do que se precisa fazer para frear o coronavírus. Então, você tentar distribuir de maneira mais homogênea o transporte das pessoas pela cidade, modificar espaços públicos para diminuir essa concentração, na teoria é algo que vai colaborar”, opina o arquiteto Saul Kaminsky sobre as medidas urbanas propostas pela prefeitura.
O arquiteto destaca, ainda, que algumas das mudanças anunciadas neste momento de combate são, no entanto, positivas não só para o momento de crise, mas para que a cidade ganhe em infraestrutura e qualidade de vida dos seus moradores.
“Determinar ruas exclusivas para pedestres, investir em ciclofaixas, tudo isso são medidas que atendem ao urbanismo contemporâneo e que já vem mudando em Salvador mesmo antes da pandemia. Quando você anda em bairros como o Comércio, que passaram por intervenções, você já percebe essa mudança no conceito do espaço público, com as calçadas mais largas, por exemplo”, detalha.
A médica infectologista Clarissa Ramos, acrescenta que a medida pode ser efetiva na hora de reduzir o número de novos casos que podem acontecer com a reabertura. “Se as pessoas realmente aderirem, e isso representar uma redução de concentração no transporte público, com certeza é uma mudança que atinge uma área onde a contaminação pode ser grande”, explica