Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 16:01
- Atualizado há 2 anos
O Ministério Público Federal (MPF) e O Ministério Público da Bahia (MP-BA) ajuizaram duas ações na Justiça Federal, na quarta-feira (20), contra o prefeito de Candiba, Reginaldo Martins Prado, por furar a fila da vacinação na cidade, descumprindo os protocolos estadual e nacional. Mesmo sem fazer parte dos grupos priorizados nessa primeira leva, Prado se vacinou alegando que queria "dar exemplo". Uma das ações pede que ele não seja autorizado a receber a segunda dose da vacina antes da segunda fase, quando deveria se imunizar.>
Nas ações de improbidade e civil pública, os órgãos pedem que o prefeito seja condenado por improbidade administrativa, por ter atentado contra os princípios da administração como da impessoabilidade e da moralidade. Também pedem a indisponibilidade de seus bens para pagamento de multa de R$ 145 mil. >
O prefeito se vacinou na última terça (19), em cena divulgada nas redes sociais. Com 60 anos e sem morar em instituição para idosos, ele deveria ser vacinado somente na segunda fase. A ação aponta que ele se valeu do cargo público para se colocar à frente dos cerca de 14 mil moradores do município.>
Candiba recebeu 100 doses da Coronavac, suficiente para imunizar apenas 50 pessoas, considerando que são necessárias duas doses por pessoa. Nesse momento, a vacinação deveria ser restrita a trabalhadores de saúde, idosos que vivem institucionalizados, população indígena ou comunicades tradicionais ribeirinhas, além de idosos com mais de 75 anos. >
A ação pede que o prefeito seja impedido de tomar a segunda dose até que seja o momento adequado do seu grupo; que a cidade não vacine mais ninguém fora dos critérios; a imediata desviculação da imagem dele sendo vacinado de todos os atos de campanha da vacinação; uma retratação pública em que reconheça a ilegalidade do seu ato; apresentação do nome, qualificação e critério de cada pessoa vacinada, ao final de cada etapa/ e a confirmação definitiva dos pedidos de urgência e a condenação de pagamento de R$ 50 mil como indenização por danos morais causados à coletividade.>
Vacinação antes da hora A postagem sobre os primeiros vacinados da cidade, incluindo o prefeito, gerou críticas dos seguidores, o que fez com que a prefeitura desativasse a opção de comentar naquela publicação. Após a repercussão negativa no município, na manhã dessa quarta (20), o prefeito apareceu em um vídeo tentando se justificar. Disse que foi convidado para encorajar os profissionais de saúde que estariam "preocupados" em tomar a vacina. “As pessoas que trabalham no posto de saúde, no combate à covid, me convidaram para estar lá com eles. Ao chegar lá, até o pessoal da saúde estava preocupado em tomar a vacina. Eu respondi que não tem nada demais, que eles podem tomar despreocupados. Com isso, no meio de tantas pessoas, perguntaram o motivo de eu não ser o primeiro a tomar. Dei de mim o melhor autorizando a me aplicarem a vacina”, afirma. Ainda para o prefeito, a sua atitude foi fruto de uma boa intenção. “Eu tomei não preocupado com meu bem estar e sim em encorajar e incentivar as pessoas. Não senti dor e após 24h estou sem qualquer mal estar. Então, digo que as pessoas podem tomar a vacina, ela é eficaz, não tem dor, não tem nada de anormal”, argumentou. >
Ainda em vídeo, o prefeito de Candiba Reginaldo Prado (PSD) pediu desculpa pelo seu ato. “Peço perdão se errei, se fiz algo a desejar, mas a maior testemunha que eu tenho é Deus e a minha mente, que o meu objetivo foi dar de mim o melhor para o povo candibense e fiz isso ao tomar a vacina, incentivando outras pessoas a tomar”, concluiu. >
Em nota, a prefeitura reafirmou que o prefeito foi imunizado em um ato de demonstração de segurança, legitimidade e eficácia da vacina, como forma de incentivo para a população que, segundo palavras da própria prefeitura, “está desacreditada”. >
“Ele se enquadra nos critérios de vacinação, tem 60 anos, é hipertenso e diabético. A intenção foi apenas encorajar àqueles que ainda estão resistente e questionam a efetividade da vacina. Juntamente com ele, a biomédica Mirele, que está na linha de frente, também foi vacinada. Ainda hoje iniciaremos com a vacinação do restante dos profissionais de saúde”, disseram. >