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Polícia Federal busca suspeitos ligados a mafioso preso em Salvador

Dos 17 mandados de prisão, sete foram cumpridos pelos policiais

  • Foto do(a) author(a) Tailane Muniz
  • Tailane Muniz

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 03:00

 - Atualizado há 2 anos

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A Polícia Federal (PF) na Bahia segue em busca de mais suspeitos apontados na Operação Sicilia, deflagrada na terça-feira (4) no estado. Dentre as sete pessoas já presas está Lelio Paolo Gigante, 84 anos, ex-integrante da Cosa Nostra, a principal organização da máfia italiana. Em Salvador desde a década de 1970, Gigante atuava no tráfico internacional de drogas e era responsável por atestar a qualidade da cocaína enviada para a Europa. Lelio Paolo Gigante, 84 anos, foi preso na Ladeira dos Aflitos, em Salvador (Foto: Reprodução) Sem dizer quantos, o delegado da PF Fábio Marques, à frente do caso, disse que há mais mandados de prisão para serem cumpridos, todos em Salvador. Na terça, havia 17 mandados de prisão - sete cumpridos. Ao menos 43 cápsulas de cocaína, que seriam engolidas por ‘mulas’, foram apreendidas.

Cabeça do negócio, Lelio Paolo Gigante está preso no Centro de Observação Penal, no Complexo de Mata Escura. Conforme Fábio Marques, o suspeito não passou por audiência de custódia e está preso preventivamente. “A prisão tem a validade inicial de 30 dias. As investigações estão em curso e nós estamos em fase de análise documental do que foi apreendido. Até lá, o patrimônio dele também é investigado. A ideia é checar a origem desses bens”, comentou.

O CORREIO procurou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), mas a pasta não foi encontrada para comentar se Paolo divide cela com outros presos ou se o idoso tem condições especiais.

Lelio Paolo Gigante vivia uma vida considerada simples, na Ladeira dos Aflitos. Lá, mantinha um laboratório produtor de cocaína quase 100% pura. 

De comissário de bordo que traficava relógios falsificados para complementar a renda a especialista em falsificação de passaportes da máfia italiana, Gigante é hoje, segundo a polícia, quem testa o grau de pureza de maior parte da cocaína que sai da Bolívia e é enviada à Europa depois de passar pelo Brasil.

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A polícia estima que ele tenha cerca de dez imóveis em Salvador, os quais seriam uma forma de lavar o dinheiro oriundo do tráfico.

Ainda de acordo com a polícia, Gigante era a ligação entre a facção paulista e os traficantes na Europa. Depois da palavra dele, a droga era colocada em cápsulas e enviada por meio de “mulas”, pessoas que faziam o transporte às vezes engolindo as cápsulas, até a Europa.

Máfia O paulista criado na Itália foi parceiro de Tommaso Buscetta, ex-líder da Cosa Nostra. No início da década de 1980, em Penedo (RJ), Gigante foi envolvido na morte de uma adolescente de 14 anos, junto com Buscetta, que viveu no Brasil e morreu aos 71 anos em Nova Iorque, onde foi viver sob proteção da Justiça italiana depois de delatar integrantes da Cosa Nostra.

As suspeitas da época, relata Leandro Demori em “Cosa Nostra no Brasil – A história do mafioso que derrubou um império” (2016), livro que tem Buscetta como personagem central, eram de que a casa onde a garota foi morta estaria sendo usada para o tráfico.

Gigante quase passou despercebido na época, pois as atenções da Polícia Federal estavam mais voltadas para Buscetta, já conhecido integrante da máfia italiana que tinha sido expulso do Brasil em 1972, depois de ter sido preso pela polícia.

Contudo, ao fazer uma batida na casa onde ocorreu o homicídio, consumado possivelmente depois de um estupro, a polícia encontrou uma mala que seria de Gigante onde havia materiais usados para fabricar documentos falsos.

Por décadas, Gigante facilitou a vida da Cosa Nostra com seus serviços de falsificação de documentos, sobretudo passaportes.