Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2021 às 12:09
- Atualizado há 2 anos
Carlos Henrique de Sousa tinha completado 21 anos há apenas uma semana quando foi morto durante uma discussão em um bar em Barreiras, no Oeste do estado, no último dia 7. Três policiais militares são suspeitos de matar o jovem a tiros. Ele teria tentado defender a esposa do assédio praticado pelos agentes de segurança, que estavam à paisana.
Era noite do feriado pelo Dia Independência do Brasil quando Carlos Henrique foi se divertir com a esposa e familiares no estabelecimento. A irmã da vítima, Carla Patricia Dias de Sousa, 29 anos, não estava presente, mas contou sobre o que ouviu da boca do irmão mais velho Wellington, que vivenciou o crime. “Eles estavam lá nesse bar, que é tipo um clube fechado. Lá no bar, dizem que esses policiais estavam desde cedo caçando confusão com algumas pessoas”, diz Carla, em entrevista ao CORREIO. “Meus dois irmãos, meu sobrinho e cunhada [esposa de Carlos Henrique] iam passando e os policiais começaram a caçar confusão com eles, os policiais estavam muito alterados. Um deles começou a dizer que ele era ‘polícia’, que era polícia e depois começou uma discussão.”Ela relata que um dos PMs tinha dado uma cantada na esposa da vítima, que não gostou da situação e foi defender a companheira. Foi quando um dos PMs teria efetuado o primeiro disparo, que assustou os presentes, dando início a uma correria. “Eles abordaram meu irmão e um deles puxou a arma e deu um tiro, aí todo mundo saiu correndo. Os policiais foram atrás do meu irmão e pegaram ele. Ainda bateram nele e o executaram com um tiro nas costas, que atravessou o peito”, conta Carla.
A família, afirma Carla, está se sentindo completamente perdida e aflita com toda a situação. “Tinha uma semana que meu irmão tinha completado 21 anos, era muito jovem. Era muito trabalhador, mesmo que jovem, estava muito feliz no serviço. Estava conquistando as coisas dele, porque ele tinha acabado de casar. Sabe aquele exemplo da família? Aquele menino só trazia orgulho pra gente. A gente está perdido, a gente está desesperado, a gente quer justiça. Hoje é a minha família que chora, mas e amanhã? Quem vai chorar?”, desabafa. Carlos Henrique tinha completado 21 anos uma semana antes de ser morto (Foto: Arquivo Pessoal) Ninguém na família parece conseguir entender o motivo da morte do jovem. O patriarca, Carlos Augusto de Souza, que nomeou os filhos em sua homenagem, se diz completamente arrasado.
“O sentimento é de desilusão, sabe? Está sendo muito difícil, mas a esperança que a gente tem é de justiça. Falam que eles (os PMs) estão detidos, enquanto ocorre o processo. Eu não sei ainda, mas segunda-feira eu vou pro Ministério Público de novo, vou ver como está o andamento do inquérito, pra ver se eles já tão com (prisão) preventiva decretada ou ainda é provisória, não sei”, diz o pai da vítima.
Carlos Augusto atesta a imagem de bom menino que o filho tinha. Nunca se envolveu com coisa errada, gostava de esportes - praticava jiu-jitsu e jogava futebol - e fazia parte de uma banda, na qual era vocalista.
“A gente fica à mercê desse povo. São treinados para proteger e estão matando. É complicado, mas estamos pedindo força a Deus para superarmos isso”, comenta.
Carlos Henrique era casado com Brenda Silva e deixa uma filha de 10 meses, de um antigo relacionamento.
Inquérito policial Na última sexta-feira (17), os três policiais – que tiveram as identidades preservadas – prestaram depoimento na Corregedoria da Polícia Militar de Barreiras.
Segundo informações da Polícia Civil, a Delegacia de Homicídios (Barreiras) e a 11ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Barreiras) investigam a morte do jovem.
“As apurações do crime, que tem como suspeitos policiais militares daquela região, estão avançadas. Imagens de câmeras de vigilância foram coletadas, perícias realizadas, testemunhas e familiares já foram ouvidos”, informa a Polícia Civil, em nota.
Já o Departamento de Comunicação da Polícia Militar informou que, de acordo com informações do Comando de Policiamento Regional Oeste (CPRO), os três policiais foram afastados do serviço operacional.
"O comandante da 83ª CIPM abriu um procedimento apuratório, para, no prazo de 30 dias, investigar a autoria e a materialidade do fato, que também está sendo apurado pela Polícia Civil", informou em nota.
*Com orientação ca chefe de reportagem Perla Ribeiro