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Da Redação
Publicado em 29 de março de 2021 às 08:32
- Atualizado há 2 anos
A Polícia Militar ainda não sabe o que motivou o "surto psicótico" do soldado Wesley Soares, que bloqueou por quatro horas a frente do Farol da Barra e acabou sendo baleado e morto por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Em entrevista coletiva, na manhã desta segunda-feira (29), o comandante da PM, coronel Paulo Coutinho, afirmou que não há conhecimento de nenhum fato que pudesse ter motivado a situação no Farol da Barra."Estamos todos surpresos e atônitos com o que aconteceu", disse o comandante.Ainda de acordo com ele, Wesley morava com a irmã, em Itabuna, e tinha terminado um relacionamento amoroso há três meses, mas de forma amigável. O PM tinha um comportamento exemplar e não havia apresentado problemas psiquicos antes.
O coronel disse também que estava em contato com a família do policial desde o início das negociações, e que ele mandou um helicóptero trazer as duas irmãs de Wesley para Salvador, no domingo, para ajudar a convencer o PM a se entregar, mas que não houve tempo. Quando a aeronave estava pousando o tiroteio acontecia no Farol da Barra.
O comandante contou que uma das esrtratégias era tentar vencer o soldado pelo cansaço, mas que isso não foi possível porque ele atacou os militares que tentavam a negociação. Os primeiros tiros foram dados em regiões de imobilização, como pernas e braços, mas que o PM continou atirando mesmo depois de sair ao solo, o que levou os negociadores a reagirem e acertarem outras partes mais letais do corpo. Alta cúpula da Polícia Militar participou de entrevista coletiva nesta segunda-feira (29) (Foto: Paula Fróes/CORREIO) Sobre a ação do Bope, o comandante explicou que não tinha como prever o que poderia acontecer caso os policiais não tivessem reagido aos disparos. "O policial quando tem uma ação dessa nas mãos usa com o objetivo de defender a sociedade e tentar uma redução de danos, mas ninguém sabe o que poderia acontecer se ele [Wesley] continuasse com a sequência de disparos", disse.
O soldado estava há 13 anos na corporação e nunca tinha acionado os serviços de psicologia oferecido pela PM, segundo o comandante. Ele atuou em outras companhias antes de ser direcionado para Itacaré, não era casado e não tinha filhos.
Sobre os tiros disparados por policiais militares para intimidar os profissionais da imprensa que cobriam o caso, o coronel Coutinho lamentou, disse que esse não é o comportamento esperado da corporação, e que o caso será investigado.
Palavras desconexas O comandante do Bope, major Cledson Conceição, afirmou que Wesley falava palavras desconexas durante todo o tempo. "Lamentamos imensamente o fato, usamos de todas as técnicas para resolver da melhor forma. Nós não conseguimos trazê-lo à realidade, o policial estava fora de si. A todo momento tentamos esse contato com o soldado Wesley, mas não tivemos sucesso", explicou.
Ele disse ainda que a última tentativa aconteceu antes de o soldado disparar contra os policiais. O major garantiu que todos os procedimentos foram usados antes que o policial fosse alvejado. Psicólogos estiveram no Farol da Barra para tentar convencer o soldado a se entregar, mas, segundo a polícia, ele estava muito agitado e desorientado, e não foi possível estabelecer um diálogo.
Morte confirmada A morte do soldado foi confirmada às 22h41. O PM foi atingido em pelo menos três regiões do corpo, incluído tórax, pernas e abdômen. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), às 18h35, o soldado afirmou que “havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou disparos contra as equipes do Bope”. Os policiais, então, dispararam dez vezes contra Wesley. O capitão Luiz Henrique, o negociador, explicou.
“No momento que caiu ao chão ele iniciou uma série de disparos contra os policiais, que novamente tiveram a necessidade de realizar disparos, e, quando ele cessou a agressão, os policiais chegaram perto para realizar o resgate”, declarou. Policial militar Wesley Soares estava armado com um fuzil (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) O comandante do Bope, major Clédson Conceição, afirmou que os policiais buscaram utilizar técnicas de negociação e impedir um confronto, mas que Wesley “atacou as equipes”. “Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores", justificou. Conceição disse que tentaram fazer com que o soldado se estregasse, mas que “essa negociação alternava em picos de lucidez com loucura. Ele não falava coisas com sentido, estava bastante transtornado”.