Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Wendel de Novais
Publicado em 11 de setembro de 2021 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Quinze segundos e adeus coronavírus de celulares, óculos, relógios e outros objetos um pouco maiores de uso pessoal e até equipamentos em empresas, lojas, residências ou laboratórios. É esse o tempo que a Torre de Esterilização, equipamento desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), leva para completar o processo de higienização em larga escala de itens variados, com uma eficácia de 99,99% comprovada em testes de laboratório na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo.
A Torre é comandada por gestos para evitar contato físico e, por consequência, contaminação. Além de remover o SARS-CoV-2 de objetos, a ferramenta age também contra outros vírus, como o Influenza (H1N1), além de bactérias e fungos. Ela deve chegar ao mercado em 2022.
Para fazer a limpeza, o equipamento usa luz ultravioleta (UV) fragmentada e módulos individuais de esterilização. Eles são facilmente acoplados entre si e ampliam, significativamente, a capacidade de higienização de objetos. Coordenador do projeto, o pesquisador e professor do Ifba Antônio Gabriel Souza Almeida explica como o equipamento é capaz de eliminar os vírus: "Nem precisa tocar. Você passa a mão na frente para abrir. Depois de colocar o item, a máquina começa o processo rapidamente. Lá dentro, as duas lâmpadas ultravioletas são ligadas e têm a capacidade de esterilizar todas as superfícies do objeto propagando a onda UVC", afirma o pesquisador.Ele explica que a ferramenta será capaz de esterilizar qualquer objeto com dimensões de até 30 cm de altura, 30 de comprimento e 25 de profundidade. Por enquanto, ainda não foram feitos testes com alimentos. Equipamento comporta objetos de até 30 cm de altura por 30 de comprimento e 25 de profundidade (Foto: Divulgação/Ifba) Utilidade básica As dimensões comportadas pela Torre são ideais justamente para que ela possa esterilizar objetos usuais como celular, carteiras e máscaras - itens que, por conta do risco de transmissão, devem receber cuidado redobrado nesse período de pandemia na hora da higienização. "Ela consegue limpar os objetos que sempre estão com a gente no dia a dia e que, em muitos casos, guardam essas partículas virais e podem infectar as pessoas. Então, no banco, no salão de beleza ou mesmo em casa, a torre será muito útil no processo de redução das possibilidades de contaminação nos ambientes", salienta Antônio Gabriel.
Estudante de Engenharia Elétrica pelo Ifba, Rafael Requião fez parte do desenvolvimento do projeto atuando nas partes elétrica e eletrônica. Ele não esconde a animação com a conclusão do protótipo da Torre e a possibilidade de fazer diferença com o projeto em que trabalhou. Ele já tem formação técnica em Eletrônica pelo Ifba e foi justamente nessa área que contribuiu para a pesquisa."Minha parte é executar a fabricação na parte eletrônica, possibilitando que as lâmpadas liguem o acionamento de forma inteligente, através da comunicação por gestos e o fundamento de comunicação entre as partes da Torre", conta ele, que se diz feliz com a finalização do processo. "Todo moleque da minha idade sonha em trabalhar com um projeto de alto impacto, que promova mudança. Então, me sinto realizado de terminar o trabalho e entregar algo funcionando para empresa", diz. Requião se refere à empresa Print Dreams, de Campinas (SP), que teve a ideia inicial e, em parceria com a empresa Podoshop, acionou o Polo de Inovação de Salvador para tirar o projeto do papel.
Para 2022 O projeto já tem o seu protótipo final concluído e este já está nas mãos da Print Dreams, que vai fazer ajustes finais para fabricação e comercialização da Torre. A previsão é que isso aconteça no ano que vem. Para o professor Antônio Gabriel, o equipamento representa uma garantia de higienização rápida e segura dos objetos. Aparelho deve chegar ao mercado em 2022 (Foto: Divulgação/Ifba) "Isso vai reduzir o risco de contaminações por vários tipos de microrganismos. E não se trata apenas da covid-19, que no momento é o que mais preocupa. A Torre serve contra outros tipos de fontes de contaminação, o que vai agir contra a disseminação de doenças contagiosas”, declara.
O Polo de Inovação Salvador está localizado no Parque Tecnológico da Bahia, sendo uma unidade especializada na área de Tecnologias em Saúde da Empresa Brasileira de Inovação da Indústria (Emprapii).
*Com supervisão da subchefe de reportagem Monique Lôbo