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Daniela Leone
Publicado em 24 de março de 2020 às 09:38
- Atualizado há 2 anos
É oficial. Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados por causa da pandemia de coronavírus. Programado para ser disputado de 24 de julho a 9 de agosto deste ano, o maior evento esportivo do planeta ainda não tem nova data, mas será realizado até o verão de 2021 do hemisfério Norte, que vai de junho a setembro, quando é inverno no Brasil. O mesmo ocorre com a Paralimpíada, que aconteceria inicialmente entre 25 de agosto e 6 de setembro.
O adiamento foi oficializado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta terça-feira (24) através de nota. "Nas atuais circunstâncias, e com base nas informações fornecidas hoje pela OMS, o Presidente do COI e o Primeiro-Ministro do Japão concluíram que as Olimpíadas de Tóquio devem ser remarcadas para uma data posterior a 2020, mas não depois do verão de 2021, para proteger a saúde dos atletas, todos os envolvidos nos Jogos Olímpicos e a comunidade internacional", diz um trecho do comunicado.
O posicionamento do COI aconteceu após conversa telefônica entre o presidente da entidade, o alemão Thomas Bach, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, primeiro a anunciar o que havia sido definido aos jornalistas. A decisão do adiamento dos Jogos é inédita. É a primeira vez que uma edição muda de data na era moderna, de 1896 pra cá. No entanto, a Olimpíada já foi cancelada em função de guerras mundiais três vezes: 1916, 1940 e 1944.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o surto de coronavírus havia atingido o patamar de pandemia no dia 11 de março. Desde então, eventos esportivos de todos os tipos e lugares do mundo vem sendo suspensos por tempo indeterminado. O COI, no entanto, resistia em fazer o mesmo com a Olimpíada de Tóquio. No ultimo domingo (22), a entidade admitiu pela primeira vez a possibilidade de adiar o evento.
A entidade havia dado um prazo de quatro semanas para se posicionar, mas sucumbiu à pressão de atletas e comitês olímpicos. Países como Alemanha, Canadá e Austrália informaram que não enviariam delegações ao Japão se a mil original dos Jogos Olímpicos fosse mantida. Em todo o mundo, mais de 375 mil pessoas já foram infectadas com o novo coronavírus. Já são mais de 17 mil mortes registradas em decorrência da Covid-19.
O nome Tóquio-2020 continuará sendo usado oficialmente e ficou acordado que a chama olímpica permancerá no Japão à espera da nova programação. Ela foi acesa no último dia 12, no santuário de Olímpia, na Grécia, e chegou ao país asiático na sexta-feira (20) passada. O revezamento, previsto para começar na quinta-feira (26), foi adiado.
O processo de classificação dos atletas à Olimpíada de Tóquio não foi finalizado. Segundo o COI, apenas 57% das vagas foram preenchidas. A previsão era de que 11 mil atletas, vindos de 204 países, disputassem 33 esportes na 32ª edição dos Jogos. O Brasil já tem 178 atletas classificados, mas o Comitê Olímpico do Brasil (COB) previa até 300 representantes no Japão. Não apenas os critérios de classificação precisarão ser revistos, como também a possibilidade de devolução de ingressos e o orçamento do evento.
Confira a nota oficial do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio:
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, realizaram uma conferência por telefone nesta manhã para discutir o ambiente de constantes mudanças com relação ao Covid-19 e as Olimpíadas de Tóquio de 2020.
Estiveram juntos ainda Mori Yoshiro, presidente do Comitê Organizador de Tóquio 2020; o ministro olímpico, Hashimoto Seiko; o governador de Tóquio, Koike Yuriko; o presidente da Comissão de Coordenação do COI, John Coates; Diretor Geral do COI, Christophe De Kepper; e o diretor executivo dos Jogos Olímpicos do COI, Christophe Dubi.
Bach e Abe expressaram sua preocupação em comum com a pandemia mundial do Covid-19 e o que isso está fazendo na vida das pessoas e com o impacto significativo que está causando nos preparativos dos atletas em todo o mundo para os Jogos.
Em uma reunião muito amigável e construtiva, os dois líderes elogiaram o trabalho do Comitê Organizador de Tóquio 2020 e observaram o grande progresso que está sendo feito no Japão para lutar contra o Covid-19.
A propagação sem precedentes e imprevisível do surto viu a situação no resto do mundo se deteriorar. Ontem, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a pandemia do COVID-19 está "acelerando". Atualmente, existem mais de 375.000 casos registrados em todo o mundo e em quase todos os países, e seu número está aumentando a cada hora.
Nas atuais circunstâncias, e com base nas informações fornecidas hoje pela OMS, o Presidente do COI e o Primeiro-Ministro do Japão concluíram que as Olimpíadas de Tóquio devem ser remarcadas para uma data posterior a 2020, mas não depois do verão de 2021, para proteger a saúde dos atletas, todos os envolvidos nos Jogos Olímpicos e a comunidade internacional.
Os líderes concordaram que os Jogos Olímpicos de Tóquio poderiam ser um farol de esperança para o mundo durante esses tempos difíceis e que a chama olímpica poderia se tornar a luz no fim do túnel em que o mundo se encontra atualmente. Portanto, foi acordado que a chama olímpica permanecerá no Japão. Também foi acordado que os Jogos manterão o nome de Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio 2020".