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O Grande Circo Místico: Cacá Diegues traz fantasia para o cinema brasileiro

Filme conta a história de cinco gerações de uma família circense e é embalado pelas canções de Chico Buarque

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 15 de novembro de 2018 às 12:05

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Divulgação

Pouco frequente no cinema brasileiro, o realismo mágico está de volta em O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues. “O cinema brasileiro hoje produz quase 200 filmes por ano e, dentro dessa diversidade, não poderíamos ficar restritos ao naturalismo. O Grande Circo Místico é a síntese de tudo que fiz, então namora o barroco”, revelou o diretor em conversa com o CORREIO.

Baseado num poema de Jorge de Lima (1893-1953), o filme conta a história de cinco gerações de uma família circense, dona do Grande Circo Místico. Celavi (Jesuíta Barbosa), o mestre de cerimônias, mostra as aventuras e os amores da família Kniep, do apogeu à decadência. No elenco ainda estão Vincent Cassel, Bruna Linzmeyer, Mariana Ximenes, Juliano Cazarré e Antônio Fagundes. Bruna Linzmeyer interpreta contorcionista do início do século 20 (Foto: Divulgação) O filme é embalado pelas canções de um velho conhecido de Cacá: Chico Buarque. Na década de 1980, um espetáculo teatral foi montado com as canções de Chico em parceria com Edu Lobo. Agora, as mesmas músicas estão na versão cinematográfica, regravadas por outros artistas.

“Eu e Chico somos amigos, mas, além disso, tenho uma admiração extraordinária por ele como poeta e como músico de uma alma sensível extraordinária. A trilha original apenas passou por um processo de modernização”, diz Cacá, diretor do clássico Bye Bye Brasil (1979) e de Quando o Carnaval Chegar (1972), ambos com trilhas de Chico.

Embora ambientado num circo, Cacá diz que o filme não é sobre a arte circense: “É um filme sobre as pessoas e especialmente sobre cinco mulheres de gerações diferentes”. Questionado sobre a presença do feminismo na obra, Cacá comenta: “Quando comecei a trabalhar na história, há cerca de dez anos, não pensamos em um filme feminista. Mas, olhando o filme pronto, sem dúvida, as mulheres têm o destaque”. Cacá Diegues dirige o filme (Foto: Agência Brasil) Em setembro, O Grande Circo Místico foi escolhido pelo Brasil para disputar uma vaga no Oscar de melhor filme estrangeiro. Os cinco finalistas serão conhecidos em 22 de janeiro e a cerimônia será em 24 de fevereiro. “Ganhar o Oscar, sem dúvida, é muito bom, porque são milhões de pessoas assistindo à cerimônia. Então, o Oscar promove o filme e promove o cinema do país indicado. Mas o Oscar não é um juiz supremo: não ganhar não significa que o filme não presta”, alerta o diretor.

Aos 78 anos, Cacá vive um momento muito especial: além de pré-indicado ao Oscar, tomou posse recentemente da cadeira número sete da Academia Brasileira de Letras, anteriormente ocupada por outro cineasta, Nelson Pereira dos Santos (1928-2018). “A Academia pode ser um centro cultural revolucionário. Não estou lá para ganhar medalha ou vestir o fardão. Quero estar lá para fazer algo pela cultura brasileira”, diz o imortal.