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Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2022 às 11:29
Alô, Iemanjá Uma figura expoente do governo do estado curtia um tranquilo passeio de lancha pela Baía de Todos os Santos quando teve a calmaria interrompida por uma ligação telefônica. O conteúdo da conversa alertava para uma possível investigação que estava prestes a estourar e provocou agitação tamanha que o iPhone foi parar no fundo do mar. A apreensão do episódio foi lembrada esta semana no jantar de dois interlocutores governistas, segundo os quais a situação ainda causa arrepios. Apesar da gravidade, um deles chegou a brincar que uma eventual interceptação telefônica da PF só ouviria agora as palavras de Iemanjá.
Pelos poderes de Grayskull Durante uma reunião com aliados políticos nesta semana, o governador Rui Costa teria encarnado o famoso personagem dos desenhos animados dos anos 80, He-man. Irritado com a demasiada importância que os presentes davam ao apoio de Lula, Rui desabafou: “Vocês tão pensando que Lula vai decidir a eleição na Bahia. Quem vai decidir aqui sou eu”. E finalizou parafraseando He-man: “Eu tenho a força, eu tenho a caneta”. O decreto gambiarra de Rui Depois de muita relutância, o governador Rui Costa decidiu adequar o ICMS cobrado na Bahia sobre os combustíveis à nova legislação recém-aprovada pelo Congresso Nacional. O problema é que decreto assinado pelo governador veio com uma gambiarra inusitada: só tem valor “caso não sobrevenha eventual modificação em decisão pelo Supremo Tribunal Federal”, onde o petista trava um embate para não baratear a gasolina para os baianos. O golpe dos convênios Por falar em gambiarra, prefeitos que chegaram a assinar convênios com o governo do estado estão agora a ver navios. Rui cancelou centenas de atos, mas encorajou gestores a tocarem as obras adiante, pois em outubro, depois da eleição, o governo pagaria o valor restante. “Rui Costa está induzindo os prefeitos a cometerem fraude eleitoral. Ele quer os prefeitos na cadeia?”, destacou o líder da bancada de oposição na Assembleia, deputado estadual Sandro Regis. Cai quem quer Mas, ao que parece, nem os mais inexperientes seguirão os conselhos do governador. Na última terça, Rui se reuniu com 30 prefeitos na Governadoria para tratar dos convênios. Lá pelas tantas um prefeito mais jovem questionou: “E se Jerônimo não ganhar”. “Não existe essa hipótese”, retrucou o líder petista. Os presentes se entreolharam sem acreditar no que estavam ouvindo e um cochichou: “Será que ele acredita mesmo no que está dizendo”. Cancelamento de bilhões No total, de acordo com levantamento ao qual a coluna teve acesso, já são pelo menos R$ 1,7 bilhão em convênios cancelados. A notícia já começou a correr e tem deixado prefeitos irados com o governador. Decepção I As pesquisas eleitorais sobre a Bahia divulgadas nesta semana foram consideradas um verdadeiro banho de água fria para o governador Rui Costa (PT), de acordo com fontes com trânsito no Palácio de Ondina. Elas contaram que o petista vinha comentando com pessoas próximas que esperava um crescimento de Jerônimo pelo menos acima dos 20%, já que tem rodado a Bahia em agendas do governo e de pré-campanha. Contudo, o pré-candidato petista empacou e o pior: com uma rejeição altíssima, a maior entre os postulantes ao governo. Rejeição recorde A avaliação na base governista é que muito pior que o não crescimento nas intenções de voto é a alta rejeição de Jerônimo. Para eles, o cenário apresentado pelos levantamentos é que, à medida que Jerônimo vai sendo conhecido pelo eleitorado do estado, vai também crescendo a rejeição ao ex-secretário da Educação. Decepção II Se o grupo governista já não andava muito animado para as eleições deste ano, a situação piorou com a vinda do ex-presidente Lula (PT) à Bahia, no 2 de Julho. Entre aliados do PT no estado, desde os mais à esquerda até os demais, é unânime a posição de que o ex-presidente não deu a Jerônimo Rodrigues (PT) um apoio mais enérgico, o que era esperado pelas lideranças petistas. No discurso do evento na Fonte Nova, Lula só citou o nome do ex-secretário da Educação três vezes.
Vermelho de vergonha Em uma das citações feitas por Lula, Jerônimo protagonizou uma situação no mínimo constrangedora. Quando o ex-presidente citou, en passant, o nome dele, o ex-secretário da Educação foi para frente do palco, agarrado a uma bandeira do Brasil, mas Lula logo mudou de assunto e continuou seu discurso. O embaraço foi geral. Mudança de planos O resultado disso é que, nesta semana, deputados governistas que buscam à reeleição já começam a repensar suas estratégias de marketing para a campanha. Conforme apurou a coluna junto a parlamentares, um grupo de pelo menos nove deputados, entre estaduais e federais, já pediu para suas equipes retirarem imagens de Jerônimo dos materiais de campanha. Para eles, no atual cenário, a vinculação ao ex-secretário mais atrapalha que ajuda. Sem aulas Já é sabido que educação nunca foi uma prioridade do governador Rui Costa, mas um caso ocorrido em Matina é o cúmulo. Por lá, dizem fontes locais, a prefeitura suspendeu as aulas ontem para que os ônibus escolares fossem utilizados para transportar pessoas da zona rural para um evento com a presença do governador. O caso tem rodado o interior e provocado uma enxurrada de críticas.
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