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Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Obras públicas e a demanda do mercado imobiliário são indicativos de crescimento para a indústria da construção civil baiana este ano, avalia o engenheiro civil Alexandre Landim, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil na Bahia (Sinduscon-Ba). Segundo ele, a pandemia fez os consumidores despertarem para o valor dos imóveis.
“O que a construção civil está produzindo agora tem relação com vendas do ano passado e do ano de 2020. A pandemia fez as pessoas perceberem a importância do espaço onde elas tiveram que ficar por muito mais tempo do que estavam acostumadas”, avaliou Landim ontem, durante a participação no programa Política & Economia, apresentado pelo jornalista Donaldson Gomes, no Instagram do CORREIO (@correio24horas).
Segundo ele o cenário levou os compradores ao mercado. “Houve uma percepção por parte das pessoas de que era necessário ter um espaço adequado ao home office”, por exemplo. “Houve um boom em obras de ampliação e reformas, mas tem muita coisa que está começando a ser construída agora. Empreendimentos novos, já adequados aos novos costumes, foram lançados”, conta. Segundo ele, esse movimento foi bastante acentuado a partir do final de 2020.
“Em 2020, o mercado imobiliário vendeu mais do que nos dois anos anteriores, então há um volume grande de obras agora”, explica.
Além disso, obras na área de infraestrutura, principalmente aquelas relacionadas ao saneamento básico, são outra frente que deve movimentar a atividade em 2022, acredita o presidente do Sinduscon-Ba. Ele lembra que o marco do saneamento está impulsionando obras relacionadas a redes de esgotamento sanitário e de abastecimento hídrico no país.
“O marco do saneamento nos permite resolver um problema que é de saúde, social, além de ter um impacto econômico muito forte e positivo”, destaca.
“Na área de infraestrutura, existem obras emblemáticas também que irão acontecer em nosso estado”, lembrou. “Nós estamos falando da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), do Porto Sul, tem a perspectiva também da Ponte Salvador-Itaparica”, exemplifica, lembrando que alguns dos projetos tem potencial para trazer grande impacto socioeconômico para o estado.
Interiorização A conectividade do mundo digital modificou os conceitos de distância e tem feito muita gente que nunca se viu fora da cidade grande olhar para o interior com outros olhos. “O home office é uma realidade, estamos vivendo uma revolução e tem até gente que diz que o milênio mudou agora, porque nossos costumes mudaram agora, com a pandemia”, analisa. E essa mudança de costumes está ampliando as fronteiras de crescimento da indústria da construção mais voltada para a habitação, aponta.
“Hoje morar no interior é uma alternativa viável para muita gente. Você pode trabalhar no interior, no Litoral Norte... Imagina sair caminhando de sua casa, logo cedo, tomar um banho de mar e iniciar sua jornada de trabalho”, diz. Junto a isso, acrescenta, houve um fortalecimento do homeschooling, com muita gente aprendendo a estudar remotamente.
“Tem muita gente que buscou o litoral, mas também tem aqueles que optaram pela vida em cidades do interior, fazendo o caminho de volta, morando em locais com um ritmo menos intenso, onde se conhecem a maioria das pessoas”, comenta.
Déficit habitacional Programas habitacionais voltados a combater o déficit de moradia no Brasil podem ajudar a impulsionar ainda mais o desempenho da construção em 2022 e nos próximos anos, aponta Landim. “ A habitação de interesse social precisa ser resgatada. A inflação fez com que o nosso cliente perdesse muito de sua capacidade de compra e é o único receio que temos para este ano”, diz. “Nossos governantes já perceberam que com algum incentivo, a habitação de interesse social vai deslanchar. Existe um déficit imenso”, lembra.
Na indústria da construção civil é comum que as pessoas se refiram à atividade como uma “locomotiva de desenvolvimento”, diz Landim. Os empregos que são gerados a partir das obras e de outras empresas contratadas para prestar serviços às construtoras injetam renda na economia e impulsionam o desenvolvimento de outras atividades, explica.
A indústria da construção civil é responsável pelas construções de interesse imobiliário, público e as parcerias público-privadas. De acordo com os dados mais recentes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a atividade é responsável por 22,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do setor industrial na Bahia.