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Ronaldo Jacobina
Publicado em 2 de junho de 2018 às 05:42
- Atualizado há 2 anos
Com mais de 30 anos de carreira no teatro e cinema, Claudia Di Moura está estreando em televisão. Baiana, a atriz chamou a atenção do Brasil logo nas primeiras cenas da novela Segundo Sol. Zefa, sua personagem, guarda segredos e mistérios da trama o que possibilitará a atriz mostrar ainda mais o seu talento. Esta semana, de folga no sul da Bahia, ela conversou com a coluna. Confira a entrevista completa.
Como está sendo a experiência na televisão ao lado de grandes feras? Eu tenho experiência com cinema que, por mais distinto que seja da TV, já me deu uma relação amistosa com a câmera. Mas tenho aprendido muito com essa equipe generosa, o que é uma bênção.
Você já declarou que, por ser nordestina e negra, sua chegada à TV é um ato político. Acha que os artistas daqui são desprestigiados pela TV? É um clichê dizer que nós pretos, nordestinos, não temos voz na televisão. Nossa voz é muito potente. O que falta, às vezes, são ouvidos mais atentos. Essa é uma oportunidade de nos ouvir. Os baianos têm criticado a falta de atores baianos, negros numa produção cuja trama se passa na Bahia. O que pensa disso?Grandes artistas negros, o Brasil tem de sobra, e igualmente somos uma fábrica de grandes histórias. Uma novela é uma obra aberta, de longa duração, então nossa missão é batalhar pra aumentar nosso espaço de tela, mas com personagens complexos e relevantes como a Zefa e o Roberval (Fabrício Boliveira). Tenho certeza de que mais personagens com essa sofisticação estão por vir. Estamos apenas começando.Sendo você baiana, o que a direção pediu para conter na composição do personagem ou a deixaram livre pra criar? Sou muito grata ao Denis (Carvalho) e a toda direção pelas oportunidades diárias de investigação, criação e improvisação. Zefa é um produto coletivo, filha de um diálogo constante e horizontal. Claudia di Moura diz que Zefa foi inspirada em muitas mulheres que já interpretou (Foto:Divulgação) Zefa é uma personagem importante na trama. O que esperar dela nesta segunda fase? Importante e surpreendente. Mas, não esperem nada de Zefa, porque ela está aí pra puxar o tapete das expectativas do público.
Você tem declarado sua amizade com Déborah Secco. Zefa e Karola irão contracenar no decorrer da história? Durante as gravações fiz grandes amizades e isso me faz me sentir em casa. A Déborah foi quem primeiro me abraçou. E com a Cássia Kiss eu tenho uma relação estreita, não só espelhando o vínculo entre Zefa e Claudine, mas porque nós duas temos o teatro como alicerce e sempre voltamos pra ele. Temos projetos juntas para os palcos, que é a nossa casa. A amizade entre Claudia di Moura e Deborah Secco começou na fase de preparação de elenco (Reprodução/Instagram) E a relação com os colegas? Você já disse que foi muito bem recebida, mas quero saber com quem mais você tem se afinado? Eu fui acolhida como uma figura maternal. E devoto por todos um carinho muito grande, que recebo de volta todos os dias.
Costuma ensaiar com os colegas antes de fazer as cenas ou vai de vez? Eu aproveito ao máximo o tempo que eu tenho com os colegas de elenco. Ensaiar, bater texto, discutir as motivações da personagem, isso é mais que uma opção profissional, é uma oportunidade de desenvolvimento.
Como foi a composição do seu personagem? A Zefa está aprendendo muito com as várias personagens que já encarnei no teatro e no cinema, e ela é também reflexo de muitas mulheres fortes que formaram meu caráter, como minha mãe. Claro que cada novo papel é único, mas seria impossível construir essa mulher forte sem consultar as minhas vivências e as minhas raízes.Como tem sido sua rotina de trabalho? A rotina é puxada, mas deliciosa. É um trabalho em família, as horas voam no set porque o clima de trabalho é inspirador. Claudia di Moura com Fabricio Boliveira, Odilon Wagner, Caco Ciocler e Cássia Kiss (Foto:Divulgação) Eu sei que a TV “achou” você (a atriz foi vista por Denis Carvalho em um vídeo), que nunca procurou isso, mas agora que se encontraram, como tem sido essa relação? Tem sido gratificante na medida em que é possível dialogar com um público imensurável, ser convidada para entrar na casa dos brasileiros e contar essa história intrigante do João Emanuel e da Márcia Prattes tem sido uma honra.