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Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2021 às 14:13
- Atualizado há 2 anos
O Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia entrou com uma ação civil pública na Vara do Trabalho de Conceição do Coité contra a empresa Sisalândia Fios Naturais Ltda. O estabelecimento é acusado de comprar sisal de fornecedor envolvido com trabalho escravo.>
Na ação, o MPT pede a condenação da empresa e solicita que uma nova conduta seja adotada por parte da gestão do negócio, respeitando os direitos humanos, principalmente em relação à erradicação do trabalho em condições análogas à escravidão. O órgão solicita ainda que "sejam estabelecidas relações éticas na cadeia produtiva do sisal, que garantam um meio ambiente de trabalho adequado e saudável".>
O MPT também quer que a empresa sisaleira seja condenada a pagar indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 2 milhões, a serem revertidos para o Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad).>
“Ao negociarem a matéria-prima com seus fornecedores, ditando os preços em um mercado com baixa concorrência no ato da compra da mercadoria, a empresa coordena a dinâmica da cadeia produtiva. Dessa forma, a sua atividade é potencialmente arriscada para os direitos de terceiros”, afirma o autor da ação, o procurador do trabalho Ilan Fonseca,>
Segundo o MPT, foram recolhidas e apresentadas provas de que a Sisalândia faz essa aquisição de sisal de empresas que são adeptas do trabalho escravo.>
“São fatos notórios que têm sido tratados com indiferença ao longo dos anos, sem que se tente melhorar as relações jurídicas deste setor econômico; sem que se tente interromper o fornecimento de produto originário de práticas criminais; sem que se adotem regras de governança para que todos os elos da cadeia produtiva sejam executados dentro dos parâmetros de legalidade. A empresa não pratica a sustentabilidade no seu pilar mais essencial: respeito aos direitos humanos”, sustenta o procurador.>
Investigações A apuração começou em outubro do ano passado, após a realização de uma força-tarefa nos municípios de Várzea Nova, Jacobina e Mulungu do Morro. Durante a ação, a equipe de auditores-fiscais do trabalho resgatou 37 pessoas em situação análoga à de escravo. O grupo percorreu a região para avaliar as condições de trabalho na cadeia do sisal para checar denúncias da prática ilegal. Durante a fiscalização na cidade de Várzea Nova, foram resgatados 12 trabalhadores que eram explorados pelo empregador Jean Clebson Araújo Magalhães, proprietário da Fazenda Ouro Verde. O empresário era o responsável por vender sua produção para a empresa Sislândia, ré na ação civil pública ajuizada pelo MPT.>
A operação constatou que Magalhães mantinha um grupo de pessoas trabalhando sem condições mínimas de proteção ao trabalho, desrespeitando as normas de segurança e saúde do trabalhador e submetendo-as a condições de trabalho em flagrante desacordo com os tratados e convenções internacionais, ratificados pelo Brasil.>