Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Rafaela Fleur
Publicado em 21 de abril de 2018 às 10:00
- Atualizado há 2 anos
De terça até sexta, entre os dias 17 e 20 de abril, Belo Horizonte, famosa pelas delícias gastronômicas, chamou a atenção de todo o país por conta de outro tema: a moda. O Expominas, centro de convenções mais famoso da capital mineira, recebeu o Minas Trend - maior salão de negócios de moda do Brasil, realizado pela Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Mais de 200 marcas participaram do evento (Foto: Gabriel Colombara - Fotosite/Divulgação) Apresentando lançamentos para a temporada Primavera/Verão 2019, mais de 200 marcas marcaram presença no evento, sendo 36 estreantes. Nas passarelas, 12 desfiles mostraram suas apostas para a próxima estação.
Moda à mineira Com o tema Nosso Lugar Somos Nós, não faltaram referências históricas e culturais na 22° edição do Minas Trend. O desfile de abertura foi inspirado no sertão mineiro (Foto: Marcelo Soubhia - Fotosite/Divulgação) Logo no primeiro dia, a exposição Couro: O Sustentável Luxo da Moda, ocupou o salão do evento com muito regionalismo. Manequins trajaram produções inteiras, incluindo os acessórios, com peças da matéria-prima.
Além do couro bovino e caprino, outras peles mais exóticas, como pirarucu, jacaré e salmão, também apareceram. Conversando com o material, muitos detalhes em madeira, palha e até lantejoulas. Fortalecendo ainda mais o conceito do evento, referências à cultura afro, aos indígenas, sertanejos e até ao maracatu, ritmo tradicionalmente recifense. A exposição transbordou regionalismo (Gabriel Colombara - Fotosite/Divugação) Para o arquiteto Pedro Lázaro, diretor criativo do MT, é importante fugir dos estereótipos da cultura local e ir além do óbvio, explorando outros elementos. “O sertão mineiro, com sua paisagem linda e áspera, tem uma riqueza imensurável”, destacou.
Além dele, atenção também para o cerrado mineiro, que foi lindamente representado pela artista Liliane Dardot. No painel, a obra da artista Liliane Dardot (Foto: Agência Fotosite/Divulgação) A belo horizontina realizou uma intervenção artística imensa no hall de entrada, onde usou areia do Rio das Velhas, maior afluente em extensão do rio São Francisco, para escrever nomes de plantas mineiras populares. “Liliane evidencia essa relação afetiva e respeitosa com o meio ambiente”, observou Pedro.
Desfiles
Carro-chefe do evento, os desfiles reuniram jornalistas, blogueiros, estilistas e muitos famosos, como as atrizes Juliana Paes e Camila Queiroz, e as cantoras Ludmilla e Paula Fernandes. A cantora Ludmilla agitou o desfile da grife mineira Skazi (Marcelo Soubhia - Fotosite/Divulgação) 12 marcas participaram: Fátima Scofield, Sindijoias, Plural, Natalia Pessoa, Lucas Magalhães, Manzan, Virgílio Couture, Molett, Chocker, Anne Est Folle, NotEqual e Skazi.
Confira os mais aclamados e veja o que deve bombar na próxima estação.
Fátima Scofield Fluidez, transparências e leveza deram o tom da coleção Primavera-Verão 2019 da Fátima Scofield, marca mineira com mais de 30 anos de história. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação Pela primeira vez na semana de moda mineira, a Fátima Scofield encantou os convidados com muita delicadeza, traduzida, majoritariamente, em vestidos longos. Os tons quentes predominaram: amarelo-mostarda, vermelho e coral apareceram em quase toda as peças. Na ausência deles, espaço para os tons pastel claríssimos e super discretos, em rosa e azul. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação Resgatando uma sensualidade quase medieval e remetendo à lingeries antigas, como camisolas longas e finas que parecem ter saído de filmes clássicos, a grife abusou dos babados. Eles apareceram na gola, no comprimento e nas mangas. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação As estampas ficaram por conta de um floral delicado e com aspecto campestre, conhecido entre os fashionistas como floral liberty. Além dos modelitos bem transparentes, que inclusive foram apresentados sem sutiã em algumas modelos, o plissado fininho também apareceu bastante. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação Já nos acessórios, o que chamou atenção foram os véus e os brincos de orelha inteira. A maquiagem, assim como os cabelos, foi discreta. Exceto pelos lábios, que receberam toda a atenção pintados de batom vermelho intenso.
Sindijoias MG No pé, sandálias rasteiras, estilo gladiadora, não chamavam muita atenção. Um pouco mais acima, a saia longa nude também era discreta. Porém, basta os olhos chegarem ao busto que o esplendor começa: pedrarias diversas se transformaram em verdadeiros mantos ornamentados. Na ausência deles, restavam aos seios apenas um tapa sexo de ouro velho. No topo da cabeça, coroas imensas, feitas de tecidos encorpados e tramas, finalizaram produções que foram dignas de verdadeiras rainhas. Marcelo Soubhia - Fotosite/Divulgação Transbordando empoderamento feminino, o desfile da Sindijoias Gemas/MG - que está participando pela segunda vez do Minas Trend - exibiu modelos com o corpo livre, que desfilaram transmitindo força e poder. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/ Divulgação Os acessórios, protagonistas do desfile, eram grandiosos. A vez, novamente, foi do maximalismo. Brincos, pulseiras, colares e body chains (uma espécie de top feito com correntes, miçangas ou pedras), eram predominantemente grandes. O ouro velho, que apareceu em muitas peças, se juntou com pedrarias coloridas e até com a prata. Foto: Zé Takahashi - Fotosite/Divulgação Referências às mulheres do Oriente, na forma de piercings grandes no septo do nariz e das argolas no pescoço - típicas da tribo Kayan, na Tailândia - também fizeram parte da composição.
Natália Pessoa A grife mineira Natália Pessoa levou às passarelas do Minas Trend muita brasilidade. Da trilha sonora até as cores, não faltou vivacidade. As peças pareciam se mover sozinhas. Se depender da coleção da marca, uma tendência não vai ficar de fora da próxima estação: assimetria. Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação Seja no corte das peças ou na mistura de tecidos e estampas, a discordância prevaleceu. Listras horizontais se misturavam com listras verticais, comprimentos se mesclavam, estampas eram colocadas em espaços isolados das peças. E por falar nelas, vale ressaltar que os modelos folgados e esvoaçantes foram supremacia. Vestidos longos, midi e macacões - muito macacões -, deram o tom da coleção. Foto: Ze Takahashi - Fotosite/Divulgação Aplicações também chamaram atenção, principalmente os fios de tassel coloridos, que apareceram em versões tão bem elaboradas que de longe pareciam miçangas. Além das cores da bandeira do Brasil, muitos tons terrosos e misturas criativas, como lilás e caramelo. Foto: Ze Takahashi - Fotosite/Divulgação Nos pés, pra combinar com todo esse movimento, rasteiras coloridas, típicas das estações mais quentes.
Plural Do nude ao supercolorido, passando pelo monocromático, a grife mineira Plural, que completou uma década de Minas Trend este ano, mostrou que tudo é possível em qualquer estação - menos o desconforto. Fotos: Ze Takahashi - Fotosite/Divulgação Com peças de modelagem oversized (extra grande), a marca abusou dos cortes de alfaiataria e das amarrações, mostrando que esses dois hits, que já estão consolidados nessa temporada, devem permanecer em cena por tempo indeterminado. Fotos: Ze Takahashi - Fotosite/Divulgação A calça clochard - aquela calça com faixa de cintura mega alta, ícone fashion dos anos 80 - foi reverenciada. Atenção também para a dupla vestido + calça/saia longa. Fotos: Ze Takahashi - Fotosite/Divulgação Lucas Magalhães Elegância descontraída foi a grande aposta de Lucas Magalhães. Com peças extremamente elaboradas, cheias de bordados, aplicações e caimentos suntuosos, a marca apostou na mistura de estampas e estilos. Foto: Sergio Caddah - Fotosite/Divulgação Até o jeans, ícone da casualidade, foi ressignificado: recebeu padronagens fluidas e refinadas. Para combinar com ele, camiseta justa estilo college (aquelas que parecem camiseta de uniforme de escola) com broches enormes pendurados. Foto: Zé Takahashi - Fotosite/Divulgação Na ala masculina, quem predomina é a alfaiataria, com bermudas estruturadas e camisas de botão, que são fechadas até a gola, deixando o visual ainda mais sofisticado. Para quebrar a seriedade, cabelos molhados.
Nas cores, além do preto e branco, destaque para o coral, que apareceu em diversas produções. Foto: Zé Takahashi - Fotosite/Divulgação Manzan Já faz algum tempo que as lantejoulas e os paetês estão saindo do ambiente noturno e sendo jogados sob a luz do sol. Isso ficou ainda mais evidente no desfile da Manzan, que encerrou o primeiro dia de passarelas do Minas Trend. Foto: Zé Takahashi - Fotosite/Divulgação Os brilhos foram jogados em tudo, desde peças mais clássicas como a saia midi - que, aliás, permanece firme no entra e sai de coleções - até roupas de academia. Inclusive, as peças esportivas com toque dos anos 80 foram a inspiração declarada da grife, que além do brilho, abusou dos tons flúor, como verde cana e laranja intenso. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação As mangas merecem atenção especial. Bufantes, cheias de babados e com cortes assimétricos, elas foram o destaque de várias peças. Já na ala dos tecidos, o cetim, que bombou recentemente em vestidos estilo camisola, aparece dando forma à jaquetas, shortinhos e coletes.
Virgílio Couture Sabe aquela clássica estampa de onça? Esqueça: ela foi repaginada, saiu correndo da paleta de tons terrosos e ganhou cores vivas no desfile da grife Virgílio Couture. Foto: Marcelo Soubhia - Fotosite/Divulgação O xadrez também se transformou e perdeu todas as referências juninas, sendo estampado agora em linhas desconectadas e modernas, que transbordam design futurista.
Conhecida exatamente pela mistura de elementos casuais com peças mais finas e arrumadas, a grande aposta da marca para a próxima estação parece ser exatamente essa: ousar. Foto: Marcelo Soubhia - Fotosite/Divulgação Combinações aparentemente improváveis, como musseline (aquele tecido típico de vestido de casamento) aparecem ao lado da famosa e polêmica sandália gladiadora, amada por muitos e odiada por vários. Croppeds, elemento consolidado do Verão e sinônimo de climas frescos, aparecem ao lado de peças estruturadas e finas. Foto: Ze Takahashi - Fotosite/Divulgação As misturas também passam pelas estampas e cores, que fogem do óbvio clamando pela tal ousadia. Nos pés, além da gladiadora, outro calçado entra em cena: a galocha. A bota de plástico deixa de ser usada apenas em dias de chuva e ganha às ruas compondo produções descontraídas.
Molett Conhecida por usar o moletom como matéria-prima de absolutamente todos os tipos de roupa, a Molett provou mais uma vez que tudo é possível. E não se trata apenas do tecido.
A marca, através de peças sem gênero (as peças são vendidas sem identificação de masculino e feminino), mostra que cada um pode usar o que quiser - basta querer. Homens saias e vestidos aparecem no desfile maquiados e usando brincos enormes, enquanto as meninas abusaram de peças largas e fluidas. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação A quebra de padrões se estende para além das peças unissex e chega às texturas. O plástico, em sua versão clássica e transparente, vira detalhe de camisetas e mochilas. Para os mais ousados, tem até vestido feito inteiro com ele. Mas não pense que transparente significa incolor: o material aparece em cores vivas, como verde e roxo, deixando tudo ainda mais divertido. Foto: Gabriel Colombara - Fotosite/Divulgação Outra aposta da Molett são as sobreposições: casacos, kimonos e jaquetas de diversos comprimentos apareceram na maioria das produções. Essa última, veio principalmente no estilo catavento (aquela com capuz, bem larguinha) e em tecido impermeável, lembrando muito uma capa de chuva. Foto: Sérgio Caddah - Fotosite/Divulgação Skazi Responsável por encerrar o Minas Trend, a Skazi, estreante na semana de moda mineira, fez um desfile memorável. Com direito a música ao vivo da cantora Ludmilla, que chegou toda de branco e com dançarinas, a grife deu um show de elegância, que começou com as cores do navy (vermelho, azul marinho e branco) e terminou com paetês holográficos, amarelo aceso e salmão. Foto: Marcelo Soubhia - Fotosite/Divulgação O palpite é que as listras venham com tudo na próxima estação. Na vertical ou na diagonal, largas ou finas, elas se mostraram em diversas produções. A clássica estampa fica mais divertida quando misturada com outras padronagens, como o poá. Foto: Zé Takahashi - Fotosite/Divulgação Assim como as listras, o blazer segue firme, cada vez mais descontraído e com menos cara de escritório. No Verão, a peça ganha cores mais vivas e cortes mais estruturados. O tamanho, no entanto, passa longe do acinturado justinho. Quanto maior, melhor. Foto: Zé Takahashi - Fotosite/Divulgação *A repórter viajou a convite da Federação das Indústrias do Estados de Minas Gerais (FIEMG).