Micro-ônibus da PM é removido 20 horas após atingir casas e veículos em Plataforma

Morador contabiliza prejuízos e pede apoio do Governo do Estado

  • E
  • Emilly Oliveira

Publicado em 14 de junho de 2023 às 20:04

Acidente ônibus PM
Acidente ônibus PM Crédito: Arisson Marinho

O micro-ônibus da Polícia Militar (PM-Ba) que invadiu duas casas e atingiu três veículos em um acidente na Rua Ana Paula, no bairro de Plataforma, em Salvador, na terça-feira (13), foi removido nesta quarta-feira (14), 20 horas depois do ocorrido. O procedimento foi feito por uma caminhão guincho da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) e, segundo moradores, durou cerca de duas horas (das 16h às 18h).

A remoção só foi possível após o escoramento dos imóveis atingidos e a realização de uma perícia pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Os três veículos atingidos também foram retirados do local. A batida aconteceu por volta das 20h de terça-feira (13) e não deixou feridos, mas resultou em prejuízos para três moradores.

Ônibus da PM bate em casas em Salvador por Arquivo pessoal

Um deles é o segurança Adson Luiz, que mora no bairro há oito anos. Além de ter tido a estrutura da casa dele comprometida, necessitando de escoras para mantê-la de pé, ele teve a moto destruída, assim como um portão recém instalado, de R$4 mil. O carro do irmão dele e a casa e o carro de um vizinho também sofreram prejuízos.

Adson estava prestes a ir trabalhar quando ouviu um estrondo e, ao sair para saber do que se tratava, viu parte do micro-ônibus da PM dentro da sua garagem. “Arrancou uma viga e parou nas pilastras. Foi um susto. Passamos a noite na casa de vizinhos porque na minha casa estava perigoso”, descreveu o segurança, que trabalha à noite em uma faculdade.

A avaliação da Defesa Civil de Salvador (Codesal) apontou que a residência ficou sustentada apenas pelo micro-ônibus e corre risco de desabamento até que uma reforma seja feita. Uma tubulação de água foi rompida.

“Há risco potencial presumível de desabamento [por isso], para a retirada dos veículos, foi necessário fazer o escoramento emergencial dos imóveis, devido à ruptura de dois pilares. Para realizar o serviço, foram acionadas a Embasa, para manutenção da tubulação, e a Sedur [Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano], para o escoramento estrutural”, disse o órgão, em nota.

Segundo a PM, a colisão foi provocada por uma falha no ônibus. O veículo transportava 25 alunos do Curso de Formação de Soldados que participavam de uma visita técnica às instalações e à área de responsabilidade da 14ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), localizada no bairro do Lobato, em Salvador.

A informação da PM foi atestada por uma vizinha de Adson. “Ela viu o momento do acidente e disse que ele veio como se estivesse tentando controlar a direção, e ela mudava para um lado e para outro. Como quem está dirigindo quase nunca bate no seu próprio lado, acredito que ele tentou parar, jogando o veículo para a direita. Mas poderia ter sido bem pior, porque mais à frente há uma ribanceira”, contou.

Uma viatura da Polícia Militar passou a noite no local. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também estiveram lá e avaliaram os envolvidos no acidente. Segundo os moradores, apenas uma policial saiu com o braço machucado e os outros PMS saíram bem. A Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) registrou a ocorrência.

Ressarcimento

Somente da moto e do portão destruídos pela batida, Adson contabiliza um prejuízo de R$18 mil. Já os problemas em casa ele nem consegue estimar. “A estrutura da minha casa é uma coisa que não tem preço, só no lugar. Ninguém vai vender uma viga para uma casa. Eu quero que [a situação] se resolva, que o governo do estado se sensibilize e mande alguém para nos ajudar”, pede o morador.

Ainda segundo ele, nenhum representante do Estado esteve no local até a noite de ontem (14), a não ser os policiais que ficaram de plantão na rua após o acidente. Questionada, a Polícia Militar informou, em nota, que adotará as providências cabíveis para reparar os danos, sem detalhar quais.

Devido ao risco de desabamento dos imóveis, a Codesal notificou os moradores a deixarem o local e recomendou que eles solicitem a contratação de um profissional para realizar os reparos necessários, por meio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). Ainda segundo o órgão municipal, todos foram encaminhados ao cadastramento social.

A reportagem entrou em contato com os outros dois moradores prejudicados pelo acidente, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. O Departamento de Polícia Técnica também foi procurado, mas também não houve resposta.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo