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Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2021 às 11:01
- Atualizado há 2 anos
Em julgamento pela morte da advogada Tatiane Spitzner, Luis Felipe Manvailer pediu desculpas por ter agredido a mulher, mas negou ser responsável pelo assassinato dele. As declarações foram dadas durante o júri do caso, neste domingo, em Guarapuava, Paraná. Tatiane morreu em 2018, depois de cair do apartamento em que morava no quarto andar de um prédio.
O júri começou na terça (4) e deve se encerrar hoje. No domingo, Manvailer, que é acusado de ter atirado Tatiane pela janela, foi ouvido por cerca de 11 horas.
Antes de começar a responder perguntas, Manvailer pediu para falar com as famílias dele e a de Tatiane, pedindo desculpas. Imagens das câmeras de segurança do prédio mostraram que ele agrediu a mulher na garagem e no elevador pouco antes da morte dela.
"Primeiramente, antes de começar a responder, eu gostaria de primeiro pedir perdão à família da Tatiane por todas as agressões que eu cometi", disse, segundo o G1. "Eu não matei a Tatiane, gostaria de pedir perdão pelo mesmo motivo para minha família, eles sabem que não sou assim, e a todas as mulheres do Brasil, pedir perdão por isso. Eu não matei a Tatiane", repetiu.
No depoimento, Manvailer lembrou dos momentos finais da mulher, dizendo que ele viu quando Tatiane se segurou com as mãos no parapeito da sacada, depois que os dois brigaram. Ele garantiu que se aproximou para tentar a salvar a mulher, que teria se atirado sozinha. " Eu saí atrás dela para pegar ela de lá, puxar para dentro, e indo em direção, indo em direção. Eu olho para baixo para não bater nos móveis, olho para frente, só vejo as mãos dela assim, no parapeito ali, no corrimão. Naquele momento, já estava tudo transtornado, o tempo parava, estava indo em direção a ela. Quando estava chegando perto da sacada, eu vi que a mão dela não estava ali, eu ouvi ela caindo, ouvi o grito dela".
Ele disse que sofreu com a morte da mulher e que se envergonhará pelo resto da vida pelas agressões contra ela, mas que não a jogou da janela. ""Estou sendo acusado de matar a Tatiane, a pessoa com quem eu queria passar pelo resto da minha vida. Eu não sou um assassino e aqui tem todas as provas", garantiu. "A minha vida tá em jogo, faz três anos que estou enjaulado, que eu estou sofrendo o mesmo luto da família da Tati, da minha família, que também perdeu uma pessoa que amava".
Ele respondeu às perguntas feitas pelo juiz, advogados de defesa e dos jurados. Contudo, foi orientado e ficou em silêncio durante questionamentos da acusação.
O réu relembrou como conheceu Tatiane e falou com detalhes sobre o dia do crime. Manvailer contou que ele e advogada se desentenderam na ida ao bar onde iria celebrar o aniversário dele com familiares e amigos. No local, eles discutiram por conta de mensagens de celular.
Quando voltavam para casa, Tatiane tentou pegar o celular dele enquanto ele dirigia, segundo o réu, o que o deixou nervoso. Quando chegaram ao prédio, ele diz que pediu para que Tatiane saísse do carro, pois iria dar uma volta soziho para esfriar a cabeça. Na garagem, ele tirou Tatiane do carro, mas ela correu atrás dele e tentou abrir a porta do carro enquanto ele tentava sair, diz. Ele admitiu que a agrediu - a cena foi filmada.
Os dois continuaram brigando no elevador. Dentro de casa, Tatiane foi até a sacada ameaçando se jogar e por fim o fez, diz. Manvailer diz que ficou apavorado com tudo. Ele desceu para pegar o corpo da advogada e levou até o apartamento. Depois, saiu com o carro - segundo ele, dirigindo sem destino. Horas depois, foi preso no sudoeste paranaense após sofrer um acidente com o carro.
Julgamento Sete homens estão compondo o júri - quatro mulheres foram sorteadas, mas foram dispensadas por pedido da defesa. Três das dispensas foram sem motivo, o que é direito da defesa. A quarta foi autorizada pelo juiz depois que os advogados apontaram que a possível jurada havia curtido uma página de apoio a Tatiane em rede social.
Com isso, todos os envolvidos no julgamento são homens - o juiz, o assistente do juiz, os sete advogados de defesa, o promotor, o assistente do promotor, quatro assistentes de acusação e, claro, o próprio réu.
Entre as testemunhas ouvidas até agora estão o vizinho de apartamento do casal, que ouviu um grito de socorro vindo de uma mulher e viu também Manvailer carregando o corpo da vítima da calçada para dentro do prédio. Foi ele quem chamou a polícia.
O perito do IML Guilherme Ribas Tarques, um dos responsáveis pelo laudo que determinou que Tatiane morreu por asfixia mecânica, foi ouvido no primeiro dia, assim como o síndico do prédio do casal.
Também foram ouvidos outros peritos e policiais, além do vizinho de frente do prédio do casal, dono de uma lanchonete, que presenciou a vítima montando no parapeito da sacada, com uma perna para dentro e outra para fora. O irmão de Manvailer falou sobre a vida da família e do casal, garantindo que o irmão nunca foi agressivo e que era ela quem tinha crises constantes de ciúmes.