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Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 19:32
- Atualizado há 2 anos
Você, provavelmente, já ouviu MahalPita por aí. O músico, produtor e artista transmídia está por trás de projetos distintos e marcantes da cena autoral e contemporânea brasileira, atuando em projetos como Baianasystem, MANO*MAGO (com Giovani Cidreira) e em parceria com Rico Dalasam entre outras e outros. O ecletismo de suas produções é um reflexo direto da versatilidade de um artista múltiplo, que em 2020 dá continuidade à sua carreira solo com o projeto M8TADATAH.
Não se assuste com o nome: trata-se de uma ficção documental e o primeiro episódio, chamado de Oração aos Pretos-moços, já está disponível desde o último sábado (31), data que marca o Dia Municipal do Samba Reggae.
A proximidade com outra dia simbólico não é à toa. 2 de Novembro é lembrado como o Dia de Finados, que carrega um ciclo de celebrações sobre a morte em diversas culturas mundo afora. Dessa forma, o projeto cruza assuntos urgentes e atuais como a real possibilidade de extinção do SambaReggae como conhecemos e a busca sobre como enxergar a morte e o fim das coisas, sob a perspectiva da transmutação e infinitude.
Em Oração aos Pretos Moços, Mahal Pita fala de questões como o extermínio negro e dilemas globais ligados à alta tecnologia e crenças ligadas a pós-morte. O vídeo tem concepção de MahalPita, com direção geral e de arte assinadas por ele e Diego Araujá. Outra colaboração de destaque é a de Negrizú dos Santos, bailarino, pesquisador, coreógrafo e ator que difundiu seu conhecimento na dança afro no Brasil e na Europa. A direção de fotografia é de Rodrigo Maia, outro nome de relevância dentro do setor audiovisual soteropolitano.
A música fala sobre este processo: um ritual fúnebre, mas para a transmutação. Com isso também me interessa imaginar sobre a possibilidade de descorporificação da existência negra. O que é o ser racializado para além da sua fisicalidade e da concretude dos seus signos e significados? É possível imaginar a existência negra para além do corpo e do que a retina da conta?”, questiona o Mahal.
A narrativa parte da história de extinção do SambaReggae (manifestação político-cultural negra criada nos anos 80 em Salvador, BA) e de toda existência negra como conhecemos. Ainda que dentro da narrativa, a visão sobre a morte do SambaReggae não é ficcional, e sim documental.